domingo, 6 de maio de 2012

Sugestões para a cimeira ibérica de 9 de maio de 2012

No âmbito da energia e dos transportes, sugiro ao senhor ministro da Economia e Transportes, para debate na cimeira, o estudo de uma colaboração entre Espanha e Portugal (por esta ordem porque a Espanha já construiu uma central) para a construção de uma série de centrais solares de concentração em circuito de sais fundidos.
Trata-se de uma central solar de produção de energia elétrica de elevado rendimento (graças aos sais fundidos é possível manter aprodução de energia algumas horas depis do sol posto), embora exija a colocação dos espelhos concentradores numa área razoável (não necessita de paineis fotovoltaicos nem paineis térmicos).
A localização das centrais não precisa de ser em Portugal, dado que os eletrões, ou mais corretamente, os níveis de energia dos eletrões não conhecem fronteiras (quero eu dizer que a energia produzida, por exemplo, pelas eólicas do Oeste, junto do oceano Atlantico, para ser exportada para a Alemanha não precisa de vajar até lá; entre Portugal e Espanha acertam-se as contas do transito de energia nos dois sentidos através da sua fronteira; depois entre Espanha e França a mesma coisa, e entre França e a Alemanha, idem).
Pelo que deixei escrito entre parenteses se deduz que haver excesso de capacidade instalada para produção de nergia a partir das renováveis é ótimo, e há espaço para instalar mais, desde que se exporte.
Claro que deixar isto ao mercado livre e aos investidores é capaz de não funcionar, porque o mercado e os investidores percebem mais de negócios do que de eletricidade e o transito de energia precisa de salas de controladores bem equipadas.
Agora que a Alemanha talvez faça como o Japão, desinvestindo no nuclear enquanto não surge uma nova geração de centrais nucleares mais segura, com menor produção de residuos e com menor consumo do combustível nuclear não renovável, talvez seja um bom negócio, envolvendo os fundos estratégicos da UE dada a escassez de liquidez e a disponibilidade dos técnicos portugueses.
Tambem gostaria de sugerir ao senhor ministro que acerte finalmente com os homólogos espanhois por onde vai a linha de mercadorias de bitola internacional .
Isto é, por onde quer Espanha começar .
Não é submissão, é que Espanha tem 3 corredores possiveis e qualquer deles serve Portugal desde que bem tratado, por exemplo com traçados complementares em Espanha:

- o de Irun em bitola ibérica mas com troços  em construção em bi-bitola ou internacional - compatível com o projeto do concurso anulado do Poceirão ao Caia, apesar das voltinhas antes de chegar a Madrid para poder ligar a Àvila-Valadolid (na verdade, foi uma pena, a seu devido tmpo, não se terem convencido os homólogos espanhois à ligação em alta velocidade Lisboa Madrid não ter de ir a Toledo pelos catetos de um triangulo retangulo com a sobrecarga e estrangulameto da entrada em madrd pela linha de Sevilha, e não dar aquela volta por Mérida para chegar a Caceres por outros catetos, mas imagino a pressão das regiões autónomas e a economia de querer aproveitar linhas existentes); pressupõe o inicio da construção (ou pelo menos a conclusão do projeto)  entre Sines e o Poceirão em bi-bitola dado o ritmo lento de instalação da bitola internacional (essa lentidão e os custos com viadutos e tuneis de uma linha rápida para mercadorias em bitola internacional Aveiro/Leixões-Vilar Formoso obrigará a melhorar as linhas existentes em bitola ibérica, nomeadamente com travessas bi-bitola, em Portugal e Espanha)
- o corredor central (de Madrid a Saragoça-Huesca e travessia dos Pirineus para Toulouse (no papel, ainda, e a UE não concordou; pena não ter concordado porque era a distancia mais curta para as mercadorias portuguesas); também compatível com o projeto pré-existente para a ligação em alta velocidade Poceirão-Madrid, sem ter de passar por Ávila;  mas já há linhas de alta velocidade Madrid-Saragoça-Irun, Madrid-Saragoça-Barcelona, embora principalmente só para passageiros (isto de misturar mercadorias com passageiros não é boa ideia, porque comboios pesados de mercadorias obrigam a muita manutenção e comboios de alta velocidade de passageiros tambem; se quisermos utilizar a mesma linha para as duas coisas sobra pouco tempo para a manutenção, que é essencial para a segurança de pessoas e bens)
- o corredor do Mediterraneo, que servirá Algeciras -Barcelona, sendo que de Barcelona para França já se vai em alta velocidade e em mercadorias de bitola internacional (o governo espanhol dá prioridade a este corredor, o que não é grande coisa para Portugal); também compatível em menor grau com o projeto pré-existente:
                   -  até Merida com construção de ligação a Puertollano para ter seguimento por Albacete-Valencia ou Madrid-Saragoça ou Madrid-Valadolid
                   - até Madrid para ter seguimento por Madrid-Albacete-Valencia ou  Madrid-Saragoça ou Madrid-Valadolid


Topologicamente complicado?
Talvez não, sendo que o problema é sempre o dinheiro para o investimento.
Espero que o senhor ministro insista nos fundos que a UE tem cativados para o corredor Lisboa-França (incluindo passageiros, naturalmente porque, como o senhor ministro saberá mas não quer dar o braço a torcer, publicamente, a tonelada do CO2 está, a 14 euros,  artificialmente barata; se não estivesse, as "low cost" aéreas, atualmente protegidas pelos governos, não seriam competitivas com os comboios de alta velocidade até 700 km).

Mas não desista, senhor ministro, da ligação a Madrid com passageiros (pode sempre estudar-se a partilha com mercadorias, como o próprio projeto abandondo previa, com 3 vias paralelas).
Não se esqueça que Lisboa-Madrid e Madrid-Valadolid-Irun-Bordéus é o projeto com a prioridade nº3 do plano TEN-T da UE, ver:
 http://tentea.ec.europa.eu/en/ten-t_projects/30_priority_projects/priority_project_3/priority_project_3.htm

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