Este blogue deixa aqui registado mais um facto interessante que ilustra a mentalidade portuguesa de quem decide. Ou mais concretamente, de quem tem o poder decisório e não sabe decidir.
A ligação ferroviária entre Lisboa - Madrid - Europa é a terceira prioridade nos projetos da rede transeuropeia.
Este simples facto deveria levar os decisores portugueses a atribuir-lhe a máxima prioridade.
Mas não. Houve vagas referencias na cimeira ibérica de 9 de maio de 2012 a ter a linha Sines-Irun em bitola europeia a funcionar em 2018 (teriamos de ter já a trabalhar a todo o vapor os gabinetes de projeto para isso, mas não consta).
Neste momento, a prioridade de Madrid é o corredor de mercadorias Algeciras-Barcelona (de Barcelona a França já há bitola europeia) e a ligação Madrid-Valladolid-Irun (mercadorias e passageiros).
Do lado de Portugal, continuam as declarações de intenção, depois de se terem parado as obras do TGV.
Vem agora o coordenador dos transportes da comissão europeia, Marco Sechhi, proavelmente estupfacto com a indecisão nacional, enviar uma carta ao senhor ministro Alvaro e à senhora ministra do fomento espanhol Ana Pastor.
A carta é datada de 18 de maio de 2012 e tomou-se conhecimento dela, em Portugal, quase duas semanas depois através do El periodico de Extremadura de 29 de maio (o que quer dizer que no ministério da Economia e transportes foi decidido que não era de interesse publico a sua divulgação - será preciso mais alguma coisa para ficar comprovada a ineficiencia em transportes deste ministério?).
http://www.elperiodicoextremadura.com/noticias/temadeldia/bruselas-propone-a-portugal-construir-un-tren-alternativo-ave_656923.html
Sugere em pormenor fases progressivas de desenvolvimento do projeto, incluindo uma primeira fase com bitola convencional (pode ser com travessas bi-bitola) entre Évora e Caia, um objetivo intermédio de uma viagem Lisboa-Madrid para pasageiros em quatro horas e meia, e lembra que os fundos europeus podem atingir 95%!!
Que pena, o senhor ministro que tutela os 5% ,que faltam , não querer, até porque para querer era preciso perceber os detalhes da técnica de transportes (por exemplo, a ineficiencia energética do transporte por avião comparada com o ptransporte em alta velocidade ferroviária traduz-se em gastos adicionais de importação de petróleo), coisa que não se ensina nas faculdades de economia, e saber alguma coisa de história, por exemplo que os 5% podiam vir de subscrição pública, que era como se compravam as coisas de interesse público durante a bancarrota do fim do século XIX; mas não sei se estas coisas foram dadas e apreendidas na cadeira de história da economia do curso do senhor ministro.
Mas pode sempre acontecer que dê um rebate de consciencia nos senhores decisores.
Este blogue gostaria muito de retirar as acusações de ineficiencia.
Não se importava nada de se enganar nisso.
Mas neste momento não acredita que se tenha enganado.
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