quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Burundanga


Burundanga é  a designação popular de uma droga  que as cortesãs de Buenos Aires misturam nas bebidas dos seus clientes (da wikipedia: scopolamina, usada no tratamento da doença de Parkinson como antagonista do recetor do neurotransmissor muscarinico). Estes ficam em estado catatónico e são roubados sem que depois se lembrem do que aconteceu. É a ação da viúva negra.
Já houve casos em Portugal, alguns dos quais com sucesso posterior para a policia.

Retirei a informação do canal do ainda serviço publico RTP2, retransmitindo um programa do National Geographic sobre as múltiplas formas de burlar turistas em Buenos Aires.
O autor do programa contactou com os autores das burlas. Surpreendentemente, viajou no metro de Buenos Aires (el Subte) com a carteira à vista no bolso das calças e ninguém a roubou (desconfiados da fartura, os carteiristas?). Talvez que a pequena criminalidade dos carteiristas, como os profissionais do metro de Lisboa e do elétrico 28, seja de manter, para evitar que se dediquem à grande criminalidade , embora isto contrarie a doutrina do vidro partido (reparar um vidro partido evita a propagação do vandalismo sobre os vidros). Mas o autor do programa já teve êxito nos contactos com os carteiristas de superfície, a viúva negra e os falsficadores de notas.
Interessa-me observar o caso das notas falsas. Um dos falsificadores entrevistados confessou (?) que tinha fabricado na sua vida ativa cerca de 10 milhões de euros, vendendo as notas de 20 euros falsas por 10 euros. Estas são depois passadas aos turistas como troco ou, melhor ainda, quando um motorista de táxi recebe uma nota verdadeira troca-a subrepticiamente por outra falsa e recusa o recebimento da primeira, que guarda(solução: fotografar a nota  verdadeira  antes de a entregar).
Julgo que os académicos economistas deveriam analisar bem isto. A crise argentina estimulou a emissão de moeda fora dos circuitos normais e funciona, o dinheiro circula e gera rendimento e impostos, quer seja verdadeiro ou falso. Donde, a proposta do economista Sílvio Caselli e a experiencia de Worgl talvez não seja mal pensado. O que nos leva à velha proposta de criação de uma moeda própria para um país em crise (convivendo com o euro, pois claro) , conforme descrito por Keynes, pelos economistas aterrados, por alguns economistas contemporâneos (falou-se no Geuro, no Peuro e no Ieuro), e pelo humilde e ignorante escriba, que muito gostaria que não houvesse necessidade de  carteiristas nem de emissores de moeda falsa.
Duvido que o BCE (estranho, estarem sempre a dizer que o Estado deve ser mínimo e não quererem que os particulares emitam moeda...) e os banqueiros gostem da ideia, mas seria interessante analisar bem isto, com cálculos fundamentadores, claro, não com subjetividades.

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