Com a devida vénia ao DN.
Adalberto Campos Fernandes é professor da Escola Nacional de Saude Publica, quadro superior do BCP e administrador do Hospital de Santa Maria.
O DN-NM entrevistou-o na rubrica "Vida inteligente". É a velha tática de mostrar o exemplo dos herois para serem imitados. Mas neste caso, seria melhor dar mais atenção ao que ele diz (e tem autoridade para o fazer graças à sua ação à frente do Hospital) do que à apetencia cega da troica/tríade para privatizar tudo que mexa.
Diz o senhor que o modelo do SNS cumpre bem, deve ser sempre melhorado e nunca extinto.
Mais diz que o que o surpreendeu foi a qualidade dos profissionais que encontrou quando tomou posse(reconhece que tinha precnceitos contra o setor publico antes de começar a trabalhar no Santa Maria) . ""A questão tem mais que ver com os modelos de organização e de enquadramento do que com a qualidade individual dos profissionais".
E pensava este humilde escriba que não havia gestores a pensar o mesmo.
Afinal também eu tenho preconceitos contra os gestores.
Dir-se-ia que o grande problema em Portugal é conseguir organizar as pessoas de modo a elas produzirem no sentido certo (porque é tão fácil pô-las a produzir virtualmente no sentido ineficiente, por exemplo, a privilegiar registos informáticos em vez de resolver os problemas reais). Que é um mistério as organizações não tirarem proveito dos bons profissionais que têm. E que é preciso vir um senhor de fora (cuidado com os mitos pombalinos se for para melhor, ou sebastiânicos se for para pior) pôr os profissinais a dar o seu esforço útil, em vez de os avaliar e castigar de acordo com as cartilhas dos consultores. Afinal é capaz de ser um bom exemplo, o de Adalberto Campos Fernandes. Devia ser citado no Sabedoria das Multidões (que aliás contem casos semelhantes de a iniciativa individual ter estimulado a iniciativa coletiva).
Propostas concretas suas para sugerir ao próximo ministro da saúde:
"Colocar no centro das politicas publicas a politica de saude pelo seu efeito agregador ao nivel da coesão e do desenvolvimento social e humano e por ser uma das áreas com maior potencial cientifico, técnico e económico. Será fundamental garantir a sustentabilidade do sistema de saúde expurgando-o da despesa ineficiente, modernizando-o, melhorando a qualidade, e evitando o risco de desinvestimento, de racionamento de cuidados e de agravamento de iniquidades devido à barreiras económicas de acesso.
A reforma estrutural do sistema de saúde impõe a eliminação de redundancias, encerramento e reestruturação de serviços, a redução do hospitalocentrismo em detrimento da capilaridade da rede e da proximidade aos cidadãos, investindo mais em cuidados de saúde primáros e cuidados continuados integrados."
Como se costuma dizer, diz quem sabe, e não quem palpita em frente das câmaras de TV.
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