domingo, 22 de maio de 2011

Economicómio LXIX - As laranjas do meu país


As laranjas do meu país caem ao chão sem matar a fome de ninguém.
Tal e qual como as azeitonas do meu país.
Típico exemplo de uma produção que não é comercializada.
Ou, simplesmente,  não se aproveitam os fatores de produção de que o país dispõe.
Esta é apenas uma metáfora, porque não são as laranjeiras da cidade que resolviam o problema económico.
Mas que o país não aproveita a maior parte dos fatores de produção de que dispõe, não aproveita.
Questão de desorganização , de dificuldade de trabalhar em equipa, de chico-espertismo dos decisores e dos consumidores, sobranceria e auto-suficiencia nas instancias decisórias, deficientes metodos de tomada de decisão e, nos tempos que correm, uma fé religiosa no interesse egoísta de Adam Smith...
Entretanto, porque o interesse egoísta das agencias de viagens precisa de clientes, as crianças portuguesas já podem viajar à Disneylandia grátis, contribuindo assim para o aumento das importações, neste caso de serviços de turismo no exterior.

Dir-se-ia que, nalgum lugar, deveria estar feito um estudo de transição e de reformulação, de reconversão, como se costuma dizer, do setor das agencias de viagens, para exportação do serviço de acolhimento de cruzeiros turisticos, por exemplo (inaugurado no Porto de Leixões o primeiro cais de cruzeiros com o Oceana da Peninsular & Orient - mais uma razão para não abandonar o terminal de cruzeiros de Alcantara).
Com tanta discussão macro-económica, existe a tendencia para esquecer a importancia do que se faz na linha da frente económica.
Como dizia Ingmar Bergman no  Ovo da Serpente, através do chefe da esquadra da polícia, a solução é cada um exercer bem a sua profissão.
Mas será dificil, muito dificil, se os senhores economistas não derem prioridade à redução do desemprego, ou se, duma forma mais "académica" como diz hoje Rui Vilar em entrevista ao DN, se não se mantiver o nível mínimo de investimento (para não deixar o desemprego subir tanto e para permitir que a economia cresça, que diabo, não lêem Keynes?).
Já dizia a jovem estudante de uma secundária visitada pela ex-ministra das finanças Ferreira Leite, que tinha ido vender à escola a ideia da produtividade:  "senhora doutora, que produtividade quer que a minha mãe aumente se foi despedida esta semana?".
 

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