terça-feira, 17 de maio de 2011
Mais uma vez, contra a exportação de capitais
Imagem obtida hoje, dia 17 de Maio de 2011 na estação Alameda.
Mas podia ter sido obtida há 15 dias, que os pilaretes e as bandas de sinalização já lá estavam.
Não se vê bem na fotografia, mas o vidro estilhaçou-se, a maior parte dos seus restos já foi retirada, permanecem as bandas do vidro na moldura.
A imagem pretende ser um protesto.
Não exatamente contra o facto de um painel publicitário estar assim numa estação de metro com alguma afluencia.
Todos compreendemos que estamos em contração de despesas, e que importa reduzir os encargos com os quadros de pessoal do metropolitano que permitiriam repor as condições de integridade do vidro (e se na estação Roma se aproxima a comemoração do primeiro aniversário de um painel de vidro decorativo estilhaçado mas ainda no seu posto, protegido pelos pilaretes, por que admirarmo-nos por 15 dias do painel publicitário sem vidro?).
Salvo melhor opinião, a existencia de vidros nas estações, por mais butirolizados que sejam, deveria ser revista e, sempre que possivel, substituidos por policarbonato (o que significaria a "deseletrificação" imediata dos paineis publicitários que, por razões de economia energética, já deveria ter sido feita ha muito).
Mas compreeendemos que por razões financeiras não se faça isso.
Tambem todos compreendemos que haverá motivos contratuais ponderosos com a concessionária de publicidade que impedem a rápida reposição da normalidade.
Este post não pretende pôr em causa a bondade de tais contratos.
Nem a provavel quota-parte de responsabilidade no arrastar da situação da legislação relativa à contratação pública.
Como protestar contra os esforçados gabinetes jurídicos que (terá sido por ajuste direto?) que tão abnegadamente construiram o monumento do código da contratação pública e das suas remissões sucessivas, sem falar primeiro com os técnicos que tinham de lançar concursos para as empreitadas e os fornecimentos? Como podiam eles adivinhar que iam paralisar toda a contratação (ou era o objetivo, para conter as despesas?) se não estavam por dentro dos pormenores vulgares da realidade?
Tambem não vou protestar pelo atraso na implementação da solução redentora prometida: cada estação ser apadrinhada por uma entidade que poderia fazer publicidade à vontade. No caso da Alameda, poderia ser a IURD, que já tem o antigo cinema Império. A IURD já teria reparado o painel, certamente.
Não, não protesto (pelo menos desta vez) contra nada disso.
Protesto contra a publicidade da Turkish Airlines.
Toda ufana que já voa 5 vezes por semana para Istambul.
Para retomar os laços económicos, culturais e familiares com os descendentes sefarditas dos judeus estupidamente expulsos por D.Manuel I, sob pressão dos reis católicos?
Para estimular as relações comerciais com a potencia mediterrânica do oriente, para lhes vendermos fibras sintéticas e moldes para plásticos?
Não.
Os voos são para canalizar capitais portugueses para os destinos turisticos da Turquia, de Istambul a Kusadaci e às formações rochosas da Capadócia (nem ao menos há destinos turisticos para os grandes locais arqueológicos da Ásia Menor; parece que não têm interesse, não se vende, e quem quiser que vá ao museu de Berlim que tem lá as referencias todas).
Não parece admissível numa altura em que o endividamento atingiu o limite de alarme de 100% do PIB, isto é, 14.290 mil milhões de dólares (ai perdão, troquei as notas que tirei há pouco, este endividamento não é de Portugal, é dos USA; são cerca de 10.000 mil milhões de euros de dívida, alguma da qual detida pelo estado português; isto é, 10 elevado a 13, ou 70 vezes o PIB de Portugal, que é o PIB dos USA; há anos que este ignorante escriba anda a dizer que não pode o planeta estar sujeito a um risco destes).
Ah, vejo agora a nota que queria referir. Portugal piorou em Janeiro e Fevereiro de 2011 a sua balança de pagamentos comercial. Teve um saldo negativo de 2,7 mil milhões de euros. Isto é, importaram-se mais 2,7 mil milhões de euros do que se exportaram.
Se for assim todo o ano haverá um defice de 16 mil milhões de euros (10% do PIB).
A Irlanda, por exemplo, teve um saldo positivo de 6 mil milhões de euros.
Conclusão: não podem os paineis publicitários continuar com os vidros partidos, perdão, não era isto que queria escrever, não podem as estações do metropolitano continuar a publicitar convites tão descarados à saída sem retornode capitais para o estrangeiro .
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário