De repente, uma surpresa, pela positiva.
Nuno Azinheira, cronista de televisão no DN, que eu estava habituado a não ler, por desistir logo no primeiro parágrafo com as angustias dos famosos e as análises das audiencias das novelas e dos reality-shows, de repente, em três curtas crónicas, descreve o essencial da privatização ou não da RTP.
Como não sou especialista no assunto (apenas costumo pronunciar-me sobre os disparates feitos nos outros países com as privatizações de transportes e de energia, e mesmo assim com a reserva de que cada caso é um caso que pode justificar uma ou outra solução, que não há soluções universais), apenas posso aplaudir a clareza e a capacidade de síntese com que a questão foi tratada.
Basicamente, juntar mais uma estação privada ao ramalhete de estações que já saturou o mercado (coisas que o mercado tem, satura-se... veja-se o caso do excesso de bancos) é tornar a vida mais dificil a todas as estações e, portanto, vai ajudar a piorar o serviço. Mas a situação atual da RTP, com excesso de canais e de absorção de dinheiros públicos, também não é aceitável.
Será assim tão dificil a solução ? Ou formulando de outra maneira, será assim tão dificil conter o apetite dos grupos económicos e financeiros em arranjar negócios para os seus clientes na esfera de atuação do que estrategicamente deve ser publico?
Como diz Nuno Azinheira, o projeto atual da RTP2 é aceitável e a RTP1, se restringisse ao minimo possivel o numero de canais e os custos, seria o desejável.
Mas existe a ameaça do pesadelo (agora sou eu a opinar, já não é Nuno Azinheira) de que uma estação de cultura é um gueto e então deve abater-se (vou mesmo perder a Antena 2? o novo secretário de Estado da Cultura fala em guetos e diz que combate os guetos com uma televisão de pessoas cultas; pessoalmente considero um programa de ação utópico), e de, a tout prix, na opinião do novo primeiro ministro, a RTP é para privatizar (pessoalmente, privatizar a tout prix é apenas um dogma de uma religião, sabendo-se como os dogmas se afastam da realidade e como não há regras universais, à exceção desta mesma regra).
Enfim, de momento e considerando as hipóteses de evolução, os receios são os de que, como já deixado aqui escrito, os Nibelungos tomaram mesmo o poder da Cultura (é uma metáfora). Será que vão conseguir fazer ter saudades da Dalila anterior ministra?
Sem comentários:
Enviar um comentário