Oiço na Antena 2 uma entrevista ao novo secretário de estado da cultura, realizada antes da sua nomeação.
Opinando sobre a RTP2, declarou que discordava da existencia de canais especializados em cultura, porque nos tempos que correm facilmente se transformam em guetos e neles desemboca muita coisa que não é cultura, antes ansia de aparecer nos meios de comunicação social.
Quando o entrevistador delicadamente lhe perguntou, então e a Antena 2? é um canal de cultura... mudou atabalhoadamente de assunto.
Mas talvez tenha razão.
Assim como a anterior senhora ministra da cultura, a Dalila (é uma metáfora) Canavilhas tinha sempre razão, pode ser que o novo secretário da cultura também tenha sempre razão.
Como ele diz, prefere uma televisão de pessoas cultas a uma televisão culta.
Pode ser, embora para mim estas afirmações revelem apenas falta de contacto com a realidade e uma opção talvez economicista de querer poupar dinheiro, achando que os poucos ouvintes da Antena 2, ente os quais me incluo, não merecem um canal exclusivo.
Estou mesmo a ver a Antena 1 incluir programas chatos com a transmissão do Anel dos Nibelungos, ou então, habituemo-nos à ideia de que os Nibelungos assumiram o poder e comportar-se-ão como são e de acordo com os critérios que a nação Nibelunga elegeu como diretrizes para a Cultura dos habitantes das margens do Reno (é uma metáfora).
Isto é, redução progressiva do orçamento da cultura relativamente ao orçamento do Estado (lá se foi o objetivo de 1% do orçamento apesar do PIB da cultura ser cerca de 2,4% do PIB nacional).
E também estou a ver a RTP1, a SIC ou a TVI a transmitir uma entrevista com António Coutinho, presidente do Instituto Gulbenkian da Ciencia, a teorizar sobre a representatividade dos partidos políticos.
Recolhamo-nos ao bunker enquanto os Nibelungos percorrem as margens do Reno (é uma metáfora).
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