Discordo de Rainer Maria Rilke, quando diz que nos momentos supremos uma pessoa está só.
Quando se morre nem sempre se está só, como este cidadão inglês assassinado a pontapé perto do seu hotel em Montechoro, Albufeira.
Este ano já houve várias mortes violentas de cidadãos estrangeiros no Algarve.
No ano passado também, a que se juntaram vários assaltos a moradias, com os cidadãos no seu interior.
Num país precisando desesperadamente de desenvolver o seu setor transacionável, de que o dinheiro trazido por estrangeiros é parte importante, isto é matar uma galinha de ovos de ouro.
É por isso que a morte do turista inglês não foi solitária.
Nós todos morremos também um pouco com ele.
E deixamos matar a galinha de ovos de ouro a troco de quê?
A troco de economias na "racionalização" das forças policiais.
Mas não apenas por isso.
Este blogue não põe a tónica na repressão, embora desgraçadamente ela agora seja necessária.
Aumentar a presença da policia e da GNR apenas provoca um decréscimo temporário da criminalidade.
Este blogue partilha a opinião de economistas e sociólogos que estabelecem fortes correlações entre o desemprego e a criminalidade, entre o abandono escolar e a criminalidade.
Não se queiram acusar os imigrantes, porque no Algarve há muitos imigrantes que não são criminosos.
Mas se o desemprego se estende aos imigrantes, eles também estarão sujeitos ao convite à criminalidade.
Eu gostaria muito que os senhores economistas compreendessem que quando fecham empresas porque deixaram de ser competitivas, a correlação daí decorrente vai aumentar a criminalidade e diminuir as exportações correspondentes ao turismo quando este se retrai com receio dos assaltos no Algarve.
Mas, infelizmente, este blogue não tem esperanças de que os senhores economistas o compreendam.
Para eles é mais barato contratar polícias de intervenção do que procurar financiamento para os investimentos mínimos de que falava Rui Vilar, indispensáveis para combater o desemprego.
Para eles, é um dogma a cumprir, até à falência total, a manutenção dos preços e das taxas de juro baixas (a maneira mais cómoda de manter os preços baixos é manter uma taxa de desemprego elevada).
Seria bom que ficasse bem claro que quem contribui para o aumento da criminalidade é seu cúmplice.
Trata-se dum problema técnico, não político, independente dos resultados eleitorais.
PS -
1 - Enquanto as entidades com direito a reporte na comunicação social insistem em reforçar as forças policiais esquecendo o tratamento das causas e circunstancias, leio a notícia de que, em pleno dia, numa esplanada junto da Gulbenkian,em Lisboa, dois cidadãos alvejaram a tiro outro cidadão. Ignoram-se as causas e as circunstancias, temendo-se que sejam varridas para debaixo do tapete. Seria interessante saber se para o facto contribuiram o insucesso escolar, o desemprego, o insucesso da integração de imigrantes ou a economia subterranea de comercialização de armas.
2 - continua a ser preocupante a reação do MAI: perante as preocupações dos cidadãos, cita as estatísticas da criminalidade registada de 2010, que reduziu 1,3% relativamente à de 2009 (nenhum processo pode melhorar se colocar as estatísticas à frente da resolução das causas e circunstancias reis);
3 - será verdade, como vem noticiado, que por razões de cortes orçamentais, grande parte dos agentes policiais está nos quarteis a realizar tarefas de eletricista, pedreiro, canalizador, em lugar de fazer patrulhas?
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