quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ainda o novo acordo ortográfico

O novo acordo ortográfico, na realidade, já é "velhinho" de 1990.
E só agora entrou em vigor nos documentos oficiais por força da legislação seguinte:
DR de 17 de setembro de 2010 e RCM de 8 de janeiro de 2011.
De acordo com esta legislação, não escrever segundo o acordo é erro ortográfico nas escolas a partir do ano 2011-2012, em documentos oficiais a partir de janeiro de 2012 e, para os particulares, será erro a partir do fim do período de transição, que ocorrerá em 13 de maio de 2015, 6 anos após o depósito oficial conforme o DR de 17 de setembro de 2010 e a convenção com os outros paises.

Continuam distintos escritores a pedir aos jornais que acrescentem em nota de rodapé aos seus escritos que o autor, por decisão pessoal, não escreve segundo o novo acordo.
Quisera eu escrever segundo o novo acordo, e também (alguem, perdão, alguém me explique por que é preciso pôr o acento nestas palavras oxítonas, que no meu tempo se chamavam palavras agudas) segundo qualquer acordo, porque não consigo fixar as regras todas do hífen e da acentuação, quer do novo acordo quer dos outros acordos, e os corretores automáticos nem sempre se entendem.
Por isso não faço finca pé, perdão finca-pé (por que carga de águas está aqui este hífen segundo o novo acordo, terá sido por causa das unidades sintagmáticas e semânticas?), em informar se escrevo segundo o novo ou segundo outro acordo, o do provàvelmente, o do producto e fructo, ou o  mais antigo, o do intellecto, da Ruth e da phleugma.
Deixem-me apenas escrever sem os c e os p que não pronuncio.

É que se pusesse em nota que não escrevo segundo o novo acordo, e se o novo acordo é mandado cumprir um período de transição de 6 anos, não escrever segundo o novo acordo significa não escrever segundo as regras desse período de transição. O que, segundo a lógica, poderia querer dizer que não se aceita o período de transição e se começa já a escrever segundo o novo acordo; mas tinha-se dito que não se escrevia segundo o novo acordo. Ou então não se considera sequer o inicio do periodo de transição e se escreve segundo o acordo antigo; mas segundo o novo acordo estamos no período em que se pode escrever segundo o acordo antigo, logo escrever durante o período de transição segundo o antigo acordo é compatível com a vigência do novo acordo. Ou ainda então, estarão os ilustres escritores a querer escrever noutro vocabulário que não o português?
Aplausos para Manuel Maria Carrilho, que vejo prescindir, a contra corrente (sem hífen, claro) da notinha de rodapé anti novo (estará bem sem hifen?) acordo.

Passará pela cabeça de algum alemão escrever num jornal que não quer cumprir uma norma publicada em legislação? Não sei, mas o facto (pois, se eu pronunciar "facto" o novo acordo dá-me o direito de escrever "facto"; e deixem-se de complexos de inferioridade relativamente aos amigos brasileiros porque se eles pronunciam "fato" deixem-nos escrever "fato", e que não se confunde com "terno", que de facto está muito mais próximo da mãe latina do que "fato", que descende do germânico) de eu insistir tanto com os jovens colegas que continuaram no metropolitano que dêem o máximo de atenção às atividades de normalização técnica, pode querer dizer que nestas coisas eu seja mau português.

Mas animem-se todos;  arco-íris, o da homenagem à deusa radiosa e apressada, continua a escrever-se arco-íris.
E não sofram de complexos de inferioridade. Os nossos amigos brasileiros deixaram de escrever "antiinflamatório" para escrever "anti-inflamatório"; e deixaram também cair o trema; já não escrevem seqüência; escrevem só sequência (por que carga de águas deixou aqui o novo acordo este circunflexo, enquanto sequenciar não leva chapelinho nenhum? já é vontade de não querer dispensar umas quantas teclas no teclado dos computadores) .

Em caso de dúvida, sugiro a consulta da lista das palavras que mudam e das que não mudam no vocabulário da mudança em:
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/novoacordo.php?action=novoacordo&act=list&search=

ou escrevendo a palavra na janelinha de pesquisa do canto superior direito em qualquer página do portal:
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/

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