A televisão não liga, mas ainda há quem se dedique a cantar as canções populares recolhidas e harmonizadas por Fernando Lopes Graça e Michel Giacometti.
E o mesmo para as canções heróicas de Lopes Graça.
Ainda há, até, quem continue a harmonizar e compor canções populares, como Eurico Carrapatoso e Vasco Pierce de Azevedo.
Nunca se consegue erradicar completamente a cultura de um povo.
Não se me dá que vindimem
vinhas que eu já vindimei.
Não se me dá que outros logrem
amores que eu já rejeitei.
Fui um ano à vindima,
pagaram-me a trinta réis;
Dei um vintém ao barqueiro, Ai
Fui p´ra casa com dez réis,
Dei um vintém ao barqueiro, Ai,
Fui p'ra casa com dez réis.
Pela folha da vindima,
pagaram-me a trinta réis;
Faço-me desatendida, Ai,
A mim não me escapa nada,
Faço-me desatendida, Ai,
A mim não me escapa nada.
Estou debaixo da latada,
nem à sombra, nem ao sol;
Estou ao pé do meu amor, Ai,
Nã há regalo maior,
Estou ao pé do meu amor, Ai,
Não há regalo maior.
Engraçada, a sabedoria popular, sem ter lido nenhum manual de finanças, identificar claramente que o salário é reduzido de 30 para 10 depois de pagar o transporte. Há que considerar o transporte como um fator de produção e taxar a atividade económica que dele beneficie para financiar as infraestruturas de transporte. Neste caso parece exagerado e mal direcionado, à vindimadora. Antes direcionar a taxa ao transporte privado, não sei se o PET vai direcionar assim ou se prefere castigar a vindimadora.
Por mais voltas que dêem os detentores do poder, a guerra é uma estupidez que mata quem deve produzir.
Acordai,
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis!
Vinde, no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raiz!
Acordai,
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões!
Vinde incendiar
de astros e canções
as pedras e o mar,
o mundo e os corações!
Acordai!
Acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis!
E acordai, depois
das lutas finais,
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
Trata-se de uma canção heróica de Lopes Graça, sobre texto de José Gomes Ferreira. Não será necessário cantá-la agora com a força com que se cantava antes do 25 de abril, mas ainda há razões para cantá-la.
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