terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Leitura rápida do DN de 9 de janeiro de 2012

Página 4 - o orçamento de estado para 2012 prevê o pagamento de 254 milhões de euros a colégios particulares dentro do que se vem fazendo há anos, quando a oferta do ensino público não é, teoricamente,  suficiente. Problema: o DN não conseguiu obter esclarecimentos sobre o destino concreto de 12 milhões de euros. Mas perdoemos isso, pode ser que quem fez o orçamento estivesse de férias e não tivesse transmitido corretamente a informação aos colegas, ou os cortes de pessoal tenham extinto os colegas. O que não se pode perdoar, por contrariar as regras da boa gestão, é não terem sido fornecidos ao DN, por desconhecimento assumido, os números dos alunos saidos do ensino privado para o publico, em 2010-2011 e em 2011-2012. Os serviços do ministério desculpam-se que só tem números provisórios, mas o seu secretismo significa que a comunidade não dispõe de dados para analisar e propor soluções, o que não tem perdão.

Página 7 - ilmenite - minério de óxido de ferro e titânio, para produção de tintas e pigmentos. Foi notícia pela condenação na Guiné-Bissau de empresas chinesas por extração ilegal nas suas praias

Página 9 - ainda as nomeações para a EDP - tudo legal, ninguém discute, tudo de acordo com a vontade dos acionistas, mas assim se mostra a promiscuidade entre o poder económico e o poder político (porque o cálculo de probabilidades demonstra que é pequena a probabilidade de ser num grupo restrito de simpatizantes, de partidos que representam uma percentagem minoritária de eleitores, que se encontram os melhores gestores para uma área específica) e a assimetria de acesso a lugares de decisão (porque existem técnicos mais ligados ao negócio da produção de eletricidade com formação universitária e experiencia profissional mais qualificada do que a maioria dos propostos)

Página 10 - o Atlântida continua atracado no Alfeite, à espera. Faz impressão, por um lado os cadernos de encargos são para serem cumpridos, e o Atlântida não o cumpre. Mas os alugueres que foram e são pagos são muito elevados e justificariam a revisão da decisão. Choca também como não se explica aos contribuintes por que razão o Atlântida não cumpre a velocidade do caderno de encargos.
Porque o projeto do navio foi comprado na Russia. Alguém achou que se poupava no projeto. O regime de correntes e de ondulação nos Açores é diferente do mar de Azof e do Mar Negro. Foi necessário acrescentar robaletes (protuberancias longitudinais no casco submerso) para reduzir o rolamento (oscilação em torno do eixo longitudinal do navio). Os robaletes, pelo peso e pela resistencia ao deslocamento, reduziram a velocidade máxima.
Temos aqui um exemplo simples de pressas e más decisões na fase de um projeto, que afetou a fase de receção.
É pena nãp se falar muito nisto, porque muitas vezes se repete este erro, projetos feitos à pressa ou sem atenção às condições concretas de exploração.

Página 11 - rivalidades entre os senhores presidentes das câmaras do Porto e de Gaia - posso esstar a incorrer no erro expresso por um dos corolários da lei de Murphy, aquilo que corre bem lá fora pode não correr bem em Portugal, e se pode, certamente que correrá  mal. Mas uma área metropolitana não deveria estar pulverizada em pequenas câmaras. Gaia e Porto deveriam ser a mesma municipalidade. Como em Londres, como em Budapeste.

Página 20 - o bairro do calhau, em S.Domingos de Benfica, arrisca-se a ficar sem a carreira 70 da Carris. Mais uma vez têm todos muita razão nas análises que fazem à pouca procura pelos passageiros, mas continua a não se falar e a não atacar a raiz do problema: que é a de que o planeamento dos transportes tem de estar intimamente associado ao planeamento da urbanização. Isto é, não vale a pena fazer um plano estratégico de transportes. Tem de se fazer um plano estratégico de urbanização e transportes.

Página 23 - o senhor presidente da república beneficiou de informação assimétrica sobre canais de acesso, não disponíveis para os comuns cidadãos e cidadãs, a financiamento em melhores condições e não quer que se fale nisso. Não fica bem. Refiro-me ao presidente Wulff da Alemanha

Página 26 - continuam os atentados pelo Boko Haram, fundamentalista islâmico, na Nigéria. Estas coisas combatem-se, principalmente, com condições económicas de emprego e com argumentos. É preciso argumentar que não estão a ser bons muçulmanos (islam significa paz) , e que não estão a seguir os ensinamentos do primeiro presidente do Paquistão, Muhamad Ali Jinnah, os quais infelizmente são tão pouco divulgados: "os hindus deixarão de ser hindus e os muçulmanos deixarão de ser muçulmanos, não no sentido religioso, porque isso é com a fé de cada um, mas no sentido político, como cidadãos do
Estado"

Página 32 - finalmente, a taxa Tobin sobre as transações financeiras, há tanto tempo defendida aqui neste blogue. Finalmente a senhora Merkel dá o seu acordo, ressalvando embora que no seio do seu governo e dos fiscalistas alemães ainda não há acordo. Melhor confissão não poderia haver, vinda de quem vem,  da inadmissível separação entre os economistas políticos  no poder e os contribuintes, e da promiscuidade entre o poder económico e o poder político que lhe está subordinado

Página 54 - Bandeira, o caricaturista do DN, perante a avalanche de declarações de colaboradores do DN que não escrevem segundo o novo acordo ortográfico, confessou-se, tal como este blogue, incompetente para escrever segundo qualquer acordo, e por isso escreveu a seguinte nota: "este cartoonista declara que não saabe escreveer segundo as regras do novo achordo orthográphico". Será assim tão difícil, a quem tem a garantia oficial de que até 2015 pode continuar a escrever segundo o acordo anterior sem que ninguém os acuse de cometer erros, prescindir de declarações redundantes?




Sem comentários:

Enviar um comentário