sábado, 15 de junho de 2013

Cartier





futura loja Cartier na avenida da Liberdade


Cartier, lojas de luxo.
O meu colega mais velho, numa deslocação de serviço a Paris, em 1992, desviou-me, passando o edificio da Opera, pela rue de la Paix e pela praça Vendome. Quis-me mostrar as montras das lojas Cartier. Tive de lhe agradecer, era uma informação que se dá a todos os maridos quando vão a Paris com as consortes.
Mas fiquei a pensar que não tinha intenção nenhuma de comprar fosse o que fosse numa loja Cartier.
Não que as peças não sejam bonitas e que seu trabalho não  mereça o dinheiro.
Mas contento-me com as peças das ourivesarias da rua Tomé de Barros Queirós, ali a S.Domingos.
Quem não se contentar, ou quem de terras do petróleo venha a Lisboa às compras, vai ter dentro de pouco tempo uma loja Cartier na Avenida da Liberdade.
Será a economia de mercado a funcionar, num país em que o PIB diminui, a dívida externa aumenta e o desemprego aumenta, mais uma loja de luxo em Lisboa.
Haverá justificação, os turistas de terras do petróleo são capazes de gostar, se a gestão da Cartier decidiu investir, haverá justificação.
Pela minha parte vou continuar a dispensar tais serviços, e a dita economia de mercado não se importará com isso.
Recordo que no rés do chão do prédio que lá estava, de que se conservaram as paredes exteriores, funcionava uma loja de carimbos e fotogravuras. Lá se fabricavam os carimbos de borracha para as máquinas manuais de impressão de bilhetes do metropolitano, desde a inauguração em 1959 até à entrada no euro em 2002 (coincidindo com a entrada em serviço do atual sistema de títulos de transporte).
O carimbo com a designação do tipo de bilhete e o preço era colado num cilindro rotativo acionado por um motor elétrico. Podia imprimir duma vez 1 ou 10 bilhetes, com desconto neste caso. A velocidade de rotação era limitada por um par de platinados cuja faísca introduzia uma resistencia adicional no circuito do motor. Antiquada, a tecnologia? Claro que era, mas os 10 bilhetes eram fabricados em 7,5 segundos. Nenhuma máquina de bilhetes moderna fabrica um bilhete em 0,75 segundos. Evidentemente que não se põe o problema, agora, com os "chips" embebidos no cartão para utilização simples ou múltipla, mas é um facto, a máquina de carimbos era eficiente em termos de produtividade no tempo.


um pouco mais abaixo, na avenida da Liberdade, contrastes da economia de mercado







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