Seja a área metropolitana de Lisboa.
Prescindamos do que já tinha tido tempo de ter sido resolvido, a saber um esquema mais justo de distribuição das receitas do passes segundo os passageiros.km transportados por cada modo de transporte, e a aceitação dos passes por todas as empresas, acabando com as exceções como a Fertagus e a TST.
Considere-se antes um caso de deslocação casa-emprego, não suscetível de generalização, pelo menos imediatamente, incluindo-se no pequeno estudo a comparação entre o transporte individual e o transporte coletivo.
Seja a deslocação entre uma habitação perto do largo de Santos o Velho e o local de trabalho no centro da Moita.
Percurso total com recurso ao transporte coletivo: 21km, assim repartidos: 0,5km a pé, 2,4 km de elétrico, 8,4 km de barco, 8,2 km de comboio e 1,5 km de bicicleta (guardada durante a noite junto da estação do comboio).
Duração média do percurso total: 60 minutos
Custo mensal: 64€/mês
Custo por km: 64€/(22dias uteis x 21km x 2) = 6,9 cent./km
Velocidade média: 21 km/h
Percurso total com recurso ao transporte individual: 38 km
Duração: 50 minutos
Custo por km (considerando: uma amortização de 2250€/ano para uma utilização de
8 anos de um carro de 20.000 euros e valor residual de 2.000 euros; percurso anual médio de 15.000 km; consumo de 6 litros/100km e 1,5€/litro; 1000€/ano de seguros, revisões, IUC, estacionamentos e portagens),
temos que cada km ficará por : (2250+1000)/15000 + ((6 x 1,5)/100) = 0,307€/km ou 30,7 cent./km
Custo mensal: (22 x 38 x 2 x 0,307) = 513€/mês
Velocidade média: 45,6 km/h
Conclusão: para usufruir de uma velocidade mais elevada e de menos 10 minutos por viagem, o transporte individual fica mais caro 513 - 64 = 449€/mês
Investindo esta poupança a uma taxa de juro de 2,4% ao ano, teriamos em 10 anos 60.950€.
Multiplicando pelo numero de cidadãos em identicas circunstancias que trabalham na área metropolitana de Lisboa e supondo que a generalização é legitima, poderemos fazer uma ideia do desperdício privado que a politica de transportes oficial provoca, "empurrando" o contribuinte para o automóvel, na mira do imposto sobre os combustíveis.
Isto para não falar no desperdício motivado pela pior eficiencia energética do transporte individual agravada pela importação de combustíveis.
De notar que o sucesso do transporte coletivo depende da viabilidade da inserção no percurso total de troços de modos suaves (pedonal ou bicicleta).
Donde, é urgente que as empresas de transporte coletivo dinamizem os parques de bicicletas junto das estações ou paragens (bicicletários, como dizem os brasileiros)
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