domingo, 23 de junho de 2013

Entrevista de Ferraz da Costa - crédito às pequenas e médias empresas

Existe uma dificuldade grave de perceção do problema do crédito às pequenas e médias empresas.
É, de facto, uma questão importante e deve haver apoio.
Mas existe um grande problema de falta de dimensão, por definição, que limita a eficácia dos empréstimos e investimentos.
Para além de raramente o setor estar virado para os tais bens e serviços transacionáveis que servem para combater a dívida externa (problemas mais graves do país: a dívida externa e o baixo PIB).
Uma das soluções para o problema da falta de dimensão é a associação das pequenas empresas em cooperativas. Há muitos exemplos de sucesso. As cooperativas de produção de vinho são um exemplo.
Dificuldade: a desconfiança congénita dos portugueses, e a sua insegurança que reduz a sua capacidade de trabalhar em grupo.
Quanto à falta de orientação para o setor transacionável, temos mais um exemplo de que as regras do mercado livre e da esperança na iniciativa privada não funciona em Portugal, por mais sucesso que tenha noutros países.
Parecerá que, para aumento do investimento para aumento do PIB  e redução da dívida externa, devemos caminhar, mesmo que transitoriamente, no sentido de uma planificação da economia, para escolha das áreas onde investir e oferecendo um guião de atuação em que a iniciativa privada se iria incorporando.
Um pouco como aquela ideia das autoestradas com "trens" de automóveis equipados com sistema de condução automática, ou com os pacotes de mensagens nas redes informáticas.
Já não estamos em época de correias de transmissão, de veios mecânicos e correias a ligar aos tornos, mas será ingenuidade esperar que basta emprestar a pequenas empresas, ou reduzir-lhes o IRC (deve reduzir-se, asim como IVA deve reduzir-se, mas não exageremos nem acreditemos que é o suficiente)  para que o PIB volte a crescer e a divida externa a diminuir ( ingenuidade só ultrapassada pela ideia de que a austeridade conduziria ao equilibrio orçamental e isso aumentaria a confiança dos investidores privados que investiriam mais).
Planificação da economia, precisa-se (pessoalmente diria que a prioridade é o investimento na produção go-alimentar, na produção de energia e na aplicação de fundos QREN/Horizonte 2020 nas infraestruturas de ligação a Espanha e à  Europa).
Sugiro, sobre a dimensão das empresas, a leitura da entrevista de Ferraz da Costa no DN/Dinheiro Vivo de 2013-06-22 (ver a resposta a questão sobre o estudo da OCDE sobre a diminuição do custo do trabalho e o aumento da produtividade em Portugal) :
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO184826.html?page=0


PS em 23 de junho - o facto de citar Ferraz da Costa não significa que concorde com tudo o que diz (discordo por exemplo da apreciação que faz do ministro das finanças, que pessoalmente considero incompatível com uma solução correta para a crise), mas que se deverá ponderar as suas obserações, nomeadamente sobre os maus resultados de novo investimento estrangeiro, as demoras da justiça e a burocracia e incerteza fiscal.

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