sexta-feira, 14 de junho de 2013

Notícias em 14 de junho de 2013 - a ópera subversiva e a praça Taksim

Notícias do dia:

1 . ópera subversiva - Ópera "Aliados", de Sebastian Rivas, libreto de Esteban Buch, sobre a visita de Thatcher a Pinochet, em prisão domiciliária perto de Londres, para um chá, em 1999, já na velhice de ambos.
Reagan e Thatcher promoveram efetivamente uma revolução aplicando as ideias de Haieck e de Friedman.
Pinochet já antes o tinha tentado.
É pois natural a sintonia entre Thatcher e Pinochet.
Thatacher agradeceu a Pinochet ter trazido a democracia ao Chile (!!!), mas não esquecer, contudo , que até ela escreveu a Haieck dizendo que há coisas que não se podem fazer num país democrático (lembrete para os senhores da troika).
A ópera vai ser estreada no teatro de Gennevilliers, perto de Paris.
Após anos e anos do triunfo das ideias neoliberais, só possivel graças ao dominio mundial do problema da energia pelos USA e seus aliados (confirmado pela papel desempenhado pelo clã Bush no controle da energia primária) é bom que se divulgue esta associação.
Afinal o mercado livre não traz a felicidade dos povos.
Se os pobres de hoje vivem melhor do que os de há 20 anos, isso deve-se à tecnologia e ao progresso da medicina assistencial, não à economia de mercado.
Aliás, estudando a história da ciencia e tecnologia e a história da economia, vê-se que elas se desenvolvem em sentidos inversos: a ciencia com base na partilha do conhecimento, a economia com base na sua apropriação.
Mas não podemos exigir aos eleitores um mestrado em história das ciencias.
A aguardar mais informação sobre a ópera "Aliados".



2 - Praça Taksim - Salvo melhor opinião, há um pormenor importante que mostra a diferença entre as manifestações na praça Taksim, em Istambul, e as manifestações da chamada "primavera árabe". É que na praça Taksim são mostrados cartazes com a figura de Kemal Ataturk, que conseguiu, depois da queda do império otomano e da derrota na I grande guerra, transformar o estado turco num estado laico com estruturas democráticas modernas. O grande peso da população rural, subjugada pela tradição religiosa, tem dado a maioria ao partido islamico no poder.
Transcrevo, com a devida vénia ao DN e ao seu cronista J.M.Pureza, um pequeno texto de Kees van der Pijl, professor de relações internacionais na universidade de Sussex: "o lento ressurgimento do Islão politico dá hoje ao partido no poder na Turquia  um papel comparável ao da democracia cristã na Europa ocidental pós 1945, que serviu também para facilitar o desenvolvimento capitalista através de uma estética politica de compensação desenvolvida fundamentalmente contra a esquerda laica".
Interessante verificar, nesta perspetiva, que 7 séculos depois da idade média e 3 séculos depois do iluminismo e da revolução francesa, continuam a ser grupos restritos, por vezes familiares como o clã Bush, e como os grandes grupos económicos e financeiros, a dominar a gestão da res publica, sob uma difusa opressão religiosa, clerical e tradicional, ou emanada de faculdades de economia, condicionando as consciencias e as ações.
Mas enfim, como dizia Manuel Alegre, "há sempre alguem que resiste".



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