Um excerto de "Como uma flor de plástico na montra de um talho", de Golgona Anghel, ed. Assírio e Alvim, que me entretenho a imaginar tenha sido lido por Jerónimo de Sousa antes do seu aparte para o primeiro ministro: "Mal empregada ginjinha que bebestes" (em Alcobaça), que poesia fria e cortante:
"...Mas é preciso fugir ao máximo dos museus de cera,
perseguir os funcionários públicos do senso comum,
evitar que as mulheres feias tenham filhos.
Aliás, é urgente matar toda a gente que tem fome.
Por isso, não me venhas com xaropes e bancos alimentares.
Não me trates as doenças.
Não levantes a mão.
Vem, vem apenas,
come as you are
- embora seja tarde.
... ... ... ... ... ... ... ... ...
Vem sem falta -
o palco está vazio,
a sala cheia.
Com o passo lento das derrotas,
um macaco vestido de Shakespeare
conduzir-te-á até ao último ato."
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