quinta-feira, 13 de junho de 2013

Adeus, nossa televisão



O leitor, se for benevolente, terá lido a pequena nota no perfil deste blogue, em como o seu cabeçalho permanecerá negro enquanto as decisões do poder central europeu derem mostras de falta de solidariedade na Grécia, lá como cá.
Parece ainda longe o dia em que o cabeçalho do blogue viajará pelo arco-íris, como a deusa grega, depois de ver nas notícias a desligação prepotente do sinal da televisão pública grega.
Dizem ainda as notícias que a televisão pública grega não dava prejuízo.
Concluo que foi uma atitude abusiva do governo para benefício das televisões privadas, como castigo dos "funcionários públicos" que lá trabalham, e como concretização das ideias extremistas de minimização do Estado impostas pelos membros, a maioria não eleitos pelos cidadãos e cidadãs, dos orgãos centrais da União Europeia, do Banco central europeu e do FMI.
Salvo melhor opinião, o ser eleito não dá a um governo o direito de fazer isto.
Como não dá o direito de privar a população idosa da televisão gratuita no processo da TDT (quando um governo quer castigar o seu povo desliga-lhe a televisão), nem de privatizar os CTT (ao menos concessionasse, como vem fazendo parcialmente) , nem de estrangular os estaleiros de Viana do Castelo, nem de prescindir dos lucros da EDP e da  REN (e dos CTT) por transferencia para empresas estrangeiras.
Por mais que esteja no memorando, não invalida a regra dos 2/3 de representação eleitoral para poder fazer-se isso ou, em ultima instancia, a submissão a referendo universal.
Democracia não é aritmética eleitoral de maioria simples .
Hitler ganhou eleições, Estaline também.
O Marechal Hindenburg não exerceu os seus poderes de contenção do monstro, e aos povos soviéticos fo-lhes sucessivamente retirada a sua capacidade de resistencia (num processo que devia ser estudado para melhorar a ligação entre o poder político e a população, em vez de se assistir a uma demonização de tudo o que seja política de esquerda no sentido do Estado de bem estar e de participação direta).

A prepotencia grega é assim um exemplo histórico de aplicação do extremismo das ideias dos mesquinhos burocratas do centro europeu, tributários da revolução de Haieck e de Friedman de estrangulamento da ação pública para dar espaço aos grandes grupos privados (coisa aliás comentada há muito em Marx).
Parafraseando Thatcher, "em países democráticos há coisas que não se podem fazer".




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