terça-feira, 29 de junho de 2010

Economicómio LV - Chove em Santiago

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Chove en Santiago
          (Federico Garcia Lorca e Alberto Gambino)

Chove en Santiago

meu doce amor

camelia branca do ar

brila entebrecida ao sol.



Chove en Santiago

na noite escura.

Herbas de prata e sono

cobren a valeira lúa.



Olla a choiva pola rúa

laio de pedra e cristal.

Olla no vento esvaido

soma e cinza do teu mar.



Soma e cinza do teu mar

Santiago, lonxe do sol;

agoa da mañan anterga

trema no meu corazón.



Chove em Santiago é o nome deste poema e de um filme francês sobre o golpe de estado no Chile em 1973 que depôs Salvador Allende.

Lembrei-me, quando comprei cerejas num hipermercado. Havia lá um cartaz que dizia que a produção nacional não tinha sido suficiente e que estavam a vender cerejas importadas.

Não posso falar do que não sei e não sei como se aumenta a produção nacional de cerejas, que de estufas ou outros meios de controle das intempéries poderão construir-se, ou que métodos de plantio e de gestão dos terrenos e das árvores sejam adotados para que não faltem as cerejas.

Mas posso verificar que não são só as cerejas que vêm do Chile. São peras, maçãs, laranjas, frutos tropicais, pescada congelada, mariscos, vinho.

Isto é, o Chile é exportador líquido de alimentos.

Contrariamente a Portugal.

O Chile ultrapassou a chaga do governo de Pinochet e de ter sido um laboratório experimental das ideias neo-liberais de Milton Friedman. É agora um país democrático. Oiço numa entrevista o testemunho de Luis Sepulveda, escritor chileno. Lamentando que a exploração mineira do cobre e toda a produção de cabos de cobre e de bens industriais tenha sido desativada durante o período de Pinochet. Porém, o povo do Chile, apesar disso e dos desastres naturais, entregou-se à sua agricultura e recupera.

Pode ser um exemplo a seguir por Portugal. Desenvolver a sua agricultura. Deixar de importar mais de 80% de alimentos (nem sequer na produção de azeite somos autónomos). É assim tão difícil de aceitar pelos economistas? Mais valia termos um indicador como país pouco desenvolvido, com mais de 10% da população a trabalhar na agricultura, e a importar menos automóveis, mas sermos autónomos; não seria melhor?


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