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Continuam as edições depressoras do DN aos fins de semana.
Notícias de jovens que morrem em acidentes rodoviários.
40% dos jovens mortos acusam taxas de alcoolemia elevadas.
Vive-se a cultura da velocidade e da confiança em condições de segurança virtuais.
Conduz-se um carro como um jogo de computador.
Na análise dos acidentes não entram as causas e circunstâncias psicológicas.
Continua a faltar uma campanha publicitária virada para isso mesmo, para a psicologia.
Os jovens continuam a morrer.
Descendo de nível etário, temos que as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (dependentes da secretaria de estado da reabilitação) registaram 67 mil casos de crianças em risco em 200; mais 240 do que em 2008. Uma em cada cinco é filha de emigrantes.
Sairam os resultados das provas de aferição. No 6º ano (alunos com 12 anos) , as negativas foram de 23% em Matemática (ligeiro agravamento relativamente a 2008) e de 11% em Português (valor que se mantem de 2008). As provas não eram difíceis.
Tem razão a atual senhora ministra, não há dados estatísticos suficientes para tirar conclusões, mas o conhecimento que as pessoas têm da realidade, através de familiares ou conhecidos que são professores (qualquer professor sabe que uma taxa de 23% é trágica), diz que o insucesso escolar vai continuar.
A taxa de abandono escolar é de cerca de 35%. A comparar com a média europeia: 17%
Sem falar de PIB, nem de défice, nem de produtividade, nem de competitividade, nem de endividamento, nem de segurança, nem de estrutura jurídica, bastam-me estes três indicadores, sinistralidade rodoviária, crianças em risco, insucesso escolar, para sentir o meu país no chão.
Todos estes indicadores são uma ameaça ao futuro.
Não podemos esperar que líderes carismáticos surjam para salvar a pátria. Foram sempre líderes carismáticos, economistas atualizados, empresários e bancários de sucesso, reformistas iluminados (lembram-se de ouvir dizer, da anterior ministra da Educação: “deixem trabalhar a senhora”?) que conduziram ao estado das coisas.
Mas podemos esperar que sejam os próprios e as próprias cidadãos e cidadãs, cada qual fazendo o que tem a fazer, mas não vivendo em redomas, nem compartimentos estanques, interessando-se mais pela coisa pública e menos pelos sucessos da TV e do futebol, a levantar-se do chão.
Os cidadãos e as cidadãs.
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