sábado, 12 de junho de 2010

Segurança em tons suaves

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1 – o centro comercial Colombo teve de realizar várias intervenções numa das suas coberturas por motivo de drenagem deficiente. Tem esta estrutura em comum com as estruturas de algumas transportadoras públicas a abertura apressada ao público, obrigando a posteriores obras de conclusão ou de correção.
A última intervenção na cobertura implicou o transporte de uma pequena retro-escavadora para o telhado. Por acaso assisti à sua descida. O encarregado acorreu pressuroso a ajudar a depositá-la no chão, suspensa que estava por correntes de uma grua. Usava o colete refletor e botas de biqueira protegida, mas tinha óculos normais, não protegidos, e ausência absoluta de capacete. Chamei a atenção da simpática técnica de segurança, que, de capacete, acompanhava a obra. Arrependi-me de o ter feito, porque, pela resposta, parece-me que da próxima vez a cena vai repetir-se.
2 – a noite de Junho ainda está fresca e um grupo de jovens conversa animadamente à volta de uma fogueira, numa zona arborizada do parque primeiro de Maio do INATEL, em Alvalade. Vou a aproximar-me da rede para perguntar se há extintores por perto ou se avisaram os bombeiros. Tenho na memória o incêndio trágico originado num acampamento de escuteiros em Espanha há uns anos. O que estão a fazer é ilegal se não avisaram os bombeiros. Vem-me à ideia a resposta inócua da técnica de segurança do Colombo. Sinto-me cansado. Desisto. Desisto também de fazer uma chamada para os bombeiros. Sinto-me deslocado nesta sociedade. Cansa remar contra a maré. Pescadores sem rádio VHF, sem baliza de referenciação automática, sem colete de segurança nem combinação flutuante, sem aproveitamento no curso de segurança (eu sei que não há dinheiro, mas nem uma subscrição pública é tentada). Será defeito meu.
E não posso deixar de recordar a afirmação de Manuel Maria Carrilho:
“Vivemos assim, mas não devíamos”.




jovens descansam ao lado de um aviso de perigo de queda de pedras das falésias  (foto do DN)





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3 comentários:

  1. Pois é...
    Segurança...
    O problema, se é que é problema, está naqueles que julgam saber algo de segurança.
    E eu até conheço (ainda que mal) alguns que não tendo mais nada para fazer ou tendo algo para fazer, não têm jeito, são atirados para direcções, gabinetes, departamentos, secções, divisões e outros ões..., de segurança.
    Percebem tanto de segurança como eu de música. Isto é, gosto de ouvir, mas não sei tocar uma nota.
    Mas quem os ouvir a falar, ler os seus comentários e perceber as que passam a vida a criticar quem percebe da sua arte, até se fica com a ideia de que se está a ouvir algum padre a proferir a sua missa.
    E eles têm cá um jeito... para a missa.
    É a mesma coisa que colocar um jumento, com o devido respeito pela sua raça (do quadrúpede é claro), a pilotar aviões.
    A nossa sorte, se é que é só nossa, é que com o avançar dos anos, os dias ficam cada vez mais curtos e a terra roda sobre si mesma de forma mais rápida. Confesso que não percebo o que uma coisa tem a ver com a outra. Mas enfim... Os da segurança também não percebem nada do assunto e andam ou arrastam-se por ai pavoneando-se pelos gabinetes como se fidalgos se tratassem. E há com cada um, que faz favor... Até dói o coração...
    Confesso que já tinha algumas saudades de debitar algumas palavras, e se forem colocadas nos lugares certos, talvez possam formar frases com sentido.
    Mas tudo indica que não sou bom a juntá-las, aliás nem sei se serei bom em alguma tarefa que seja útil.
    Mas ainda assim esforço-me.
    Cumprimentos,
    DPVL

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  2. Ai que desesperança e que acidez. Claro que pode ser útil, embora um dos grandes problemas nacionais seja a dificuldade de organização das equipas de trabalho de modo a retirar de cada um o que ele pode dar.
    E tem alguma razão; se o senhor ministro, o senhor secretário geral da Segurança, o senhor observador do OSCOT, não percebessem tanto, seria melhor. Seria melhor serem pessoas normais a fazer o que outro fez em New York, limpeza, reparação de vidros partidos, aumento da polícia e lemhoria do emprego. Mas vivemos assim (mas não diga tão mal de colegas que fazzem o seu melhor).

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  3. Reconheço que as minhas palavras tinham um pH um pouco baixo (acidez) como prefere chamar.
    No entanto não consigo retirar nada ao que escrevi.
    Mas (também) concordo consigo que os “doutos” M, SGS, OSCOT e outros que tais, também têm as devidas culpas no cartório.
    Quanto aos colegas de quem presume eu estar a dizer mal, não sei ao que se refere, pela simples razão: Colegas, considero os que se preocupam com o sucesso das Organizações e que colaboram com todos sem denegrir a imagem de outros e principalmente sem estarem permanentemente à procura de conflitos fúteis.
    Pelo menos, na minha Organização é assim que as coisas funcionam. Na sua não é?
    Não basta tentar fazer bem, é importante ter a humildade de reconhecer que nem sempre as coisas correm bem e que cada um na sua área de competência também tenta fazer o melhor que sabe e pode.
    DPVL

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