segunda-feira, 23 de julho de 2012

Banksters em julho de 2012

Banksters (nome de uma ópera de Nuno Corte-Real com texto de Vasco Graça Moura; agregação de bankers e gangsters)


Talvez que Christine Lagarde, no seu ignorado discurso de Tokio, de 7 de Julho de 2012, estivesse a pensar no Barclays, que por fora dos circuitos oficiais influenciou a taxa Libor, ou no HSBC, que branqueou dinheiro da droga, das máfias internacionais e offshores (e cujo CEO da altura é agora candidato a governador do Banco de Inglaterra), quando afirmou com ar sério que os bancos se deviam concentrar no seu objetivo social: financiar a economia e não servir-se dela ou pensar exclusivamente em lucros.

Não desejo nenhuma campanha com montras de vidros de bancos partidas à pedrada, mas quatro anos depois das especulações e das jogadas tóxicas dos seguros de créditos da crise do Lehman Brothers e afins, parece um exagero que as práticas abusivas dos bancos, desde os BPP e BPN até aos grandes bancos, continuem a prejudicar os cidadãos e cidadãs comuns.

Na Islandia foi encontrado o antídoto, mas admito que os próprios eleitores da união não queiram seguir o exemplo dos islandeses.

Mas ao menos podemos reivindicar a submissão das decisões do BCE à vontade dos eleitores, não? Isto é, nas campanhas eleitorais os partidos definirem as políticas que o BCE deverá ter de seguir em função dos resultados eleitorais.

Para que a gestão da coisa pública na Europa o seja na realidade, e não a gestão dos interesses empresariais (a propósito, um antigo governante da área do “Tesouro”, a pouco mais de um ano da cessação de funções, vai entrar na administração da GALP. Tudo legítimo, porque a GALP é uma empresa privada e não há obrigatoriedade de concursos públicos; mas choca a evidencia da promiscuidade, como diz Paulo Morais, de um meio em que são todos conhecidos e amigos, em entidades públicas e privadas).

Salvo melhor opinião, apesar da declarada simpatia da senhora Lagarde para com as ideias neo-liberais, a sua faceta humana é capaz de lhe estar a causar transtornos no seio do tanque de tubarões (a imagem é de Orson Wells a propósito da atividade financeira internacional) que o FMI parece ser. Mas aguardemos.

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