quarta-feira, 4 de julho de 2012

O exemplo dos concursos para serviços de enfermagem

No DN de hoje, Maria Augusta Sousa, ex-bastonária da ordem dos enfermeiros, recorda que, com o seu primeiro ordenado, comprou prendas para os pais, irmãs e sobrinhos.
Noutra página do DN, uma enfermeira informa que na sequencia da adjudicação do concurso de prestação de serviços de enfermagem, vai ganhar 249 euros por  mês, depois de descontar 186 euros para  segurança social. Esse dinheiro vai chegar apenas para pagar as deslocações. Tem 27 anos e vive em casa dos pais.

Como não estou dentro do assunto, apenas posso pôr a hipótese de que isto é sintoma de degradação e que é suscetível de generalização.
Mas duvido que possa ser como o general Kutosov, na Guerra e Paz, dizia ao comandante do pelotão destroçado, que apesar disso o exército russo tinha saido vitorioso do demente invasor (Napoleão).
Neste caso não parece ser apenas um pelotão destroçado.
E será inutil acusar os soldados castigados de serem os culpados (melhor seria auditar a dívida privada para se saber para onde foi e vai o dinheiro).
O senhor ministro da saúde já veio, preocupado, dizer que investigará os concursos.

Mas até quando estaremos sujeitos a estes yuppis que fizeram a sua carreira nos aparelhos das juventudes partidárias, nas empresas do seu universo de relacionamento político, que apesar do nível económico das suas famílias só se licenciaram perto dos 40 anos de idade, que aprenderam os estereotipos dos cursos de gestão normalizados pelo pensamento de Hayeck e Friedman, e que acreditam acriticamente que privatizar e concessionar os serviços públicos por concurso público a adjudicar pelo preço mais baixo (seguindo a assessoria de gabinetes jurídicos não selecionados por concurso público) , é melhor para a economia, isto é, para a coisa pública?

Como diziam os romanos, até quando?

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