Este blogue tem dado pouca atenção à sinistralidade rodoviária.
Não tem analisado as estatísticas da ANSR nem comentado os relatórios do observatório (é verdade que o senso comum anda muito zangado com os observatórios, mas a existencia dos observatórios tenta cumprir um dos requisitos da segurança: a entidade que emite os relatórios não ser a mesma que gere o sistema em análise; mas pode sempre dizer-se que não há dinheiro para ter segurança).
No entanto, há dias, uma notícia destacou-se: que o número de crianças atropeladas no primeiro mês de férias tinha aumentado significativamente, e que os atropelamentos tinham ocorrido principalmente fora das passadeiras.
Existe como se sabe em Portugal uma grande dificuldade de interpretação dos textos.
O caso do Código da estrada é típico.
O Código diz que à aproximação de uma passadeira de peões o autoobilista deve abrandar para prevenir o caso de um peão ter iniciado a travessia.
Melhor fora que o código expressasse claramente que nas passadeiras a prioridade é dos peões.
Mas o código tambem diz que deverá existir uma passadeira de 100 em 100 metro, pelo menos.
Se a notícia diz que a maioria dos atropelamentos de crianças foi fora de passadeiras, deveria talvez dizer a que distancia se encontrava a passadeira mais próxima nesses atropelamentos.
Porque o que as pessoas não querem é reconhecer que a condução automóvel é feita a velocidades superiores à de segurança, considerando-se esta como a que permite parar a tempo no espaço livre, visível à frente do condutor, e que por suposição razoável continuará livre (se uma bola atravessar o campo de visão, não será razoável admitir que o espaço continará livre) .
E não é apenas a questão da segurança que recomenda a redução da velocidade média dos condutores, é tambem a necessidade de poupança energética e de redução de emissões de gases com efeito de estufa.
Mas como convencer os condutores portugueses da necessidade de mudar de padrão de condução?
Deviam ser mais agressivos, os observatórios, para tentar mudar esse padrão, com campanhas publicitárias intensivas, em que ficasse bem clara a avaliação psicológica de quem conduz com agressividade, não guarda a distancia de segurança para o carro da frente, que ultrapassa instintivamente quando vê o carro da frente parar sem cuidar se ele não está a dar passagem a um peão numa passadeira, etc, etc.
Para que não se descansem as consciencias com a imprudencia das criancinhas e dos pais que não as vigiam e as deixam ser atropeladas.
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