Seja um sistema de ensino A com 150.000 professores que produzem, cada professor, 20 horas por semana ao longo de 32 semanas.
A produção total do sistema é, assim, de:
150.000 x 20 x 32 = 96 milhões de horas por ano
(seria mais correcto considerar como produção o número de horas.aluno, mas simplifiquemos admitindo que todas as turmas têm o mesmo número de alunos ao longo do ano)
Considerando a produtividade de um factor de produção como um quociente entre a quantidade total produzida e a quantidade utilizada desse factor de produção, temos que a produtividade é de:
96.000.000 : 150.000 = 640 horas por ano por professor.
Seja agora um sistema de ensino B com 120.000 professores que produzem, cada professor, 24 horas por semana ao longo de 32 semanas.
A produção total do sistema é, assim, de:
120.000 x 24 x 32 = 92,16 milhões de horas por ano
E a produtividade foi de:
91.160.000 : 120.000 = 768 horas por ano por professor
Comparando A e B, no pressuposto de que o volume de alunos, o número de alunos por turma e a taxa de absentismo eram iguais em ambos os casos, temos que:
O sistema B tem menos 20% de professores que trabalham 20% mais do que no sistema A
O sistema A tem menor produtividade do que o sistema B.
No entanto, o sistema A produziu mais horas de aulas.
1ª conclusão: os alunos do sistema B, mais eficiente, tiveram menos aulas com professores que, individualmente, dão mais aulas.
Toda e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, até porque não disponho dos números reais e porque ninguém escolheria o sistema B, a menos que quisesse, cumulativamente:
- prejudicar economicamente os professores
- prejudicar a educação dos alunos
- agravar a criminalidade daí a uns anos, subsequente ao insucesso escolar
2ª conclusâo: desconfiem da próxima vez que um senhor, com estudos de economia, aparecer na televisão a dizer que do que o país precisa é de aumentar a produtividade; assim como assim, quando as variáveis são muitas, é fácil manipular os números…
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