A ministra disse para quem a quis ouvir, digo quis porque nestas coisas acredito que muita gente não quer ouvir, que gosta de ir às escolas para participar.
Quem quiser recordar-se, recorda-se que a ex-ministra dizia que ia à escolas para explicar que o seu modelo era, afinal, o melhor.
Os escribas subservientes escreveram durante 4 anos que o problema era a dificuldade de comunicar e que os professores eram uns privilegiados que não queriam abdicar dos privilégios.
Mas o discurso de Alçada é claro e a assinatura de todos os intervenientes ficou no acordo de principio.
É um acordo , não é um consenso.
Um acordo é um compromisso com um prazo de validade.
Consenso é o predomínio de alguém. (Vejam a Sabedoria das Multidões, desconfiem dos consensos).
Perderam-se quase 4 anos, numa área em que as consequências dos erros se medem com um tempo de reacção de vários anos e a evidencia mais chocante é o aumento de criminalidade e dificuldade de integração na estrutura produtiva dos jovens que falham a escola (a experiencia vivida na frente pelos professores mostrou que foi sempre falhada a intenção da ex-ministra de vencer o insucesso escolar).
Desde o princípio tentei disseminar a argumentação, baseada na experiencia da professora minha informadora particular, nalguma informação sobre o sistema nacional de educação dos USA (Freakonomics, de Steven Levitt e Stephen Dubner) e na minha própria experiencia pessoal, de que um sistema de avaliação não é o essencial.
Está assinado o acordo e agora é público que afinal o problema não estava apenas na avaliação. Havia problema na definição da carreira.
Como acontece com qualquer pessoa, quer seja empresário, investigador universitário, trabalhador, são precisos incentivos…faz parte da natureza humana.
Perderam-se quase 4 anos com aquela ideia da ex-ministra de que o modelo dela, que recebera a revelação, é que tinha de ser adotado pela multidão, que seria salva se o adotasse.
Casos destes estimulam o aparecimento da síndroma de Aristarco, que verificou, no século III antes de Cristo, que era a Terra que anda à volta do Sol. Como se sabe, foi preciso esperar 16 séculos para o pessoal abrir os olhos e as mentes.
Um caso parecido com Eratóstenes, que mediu com rigor o comprimento do arco do minuto, isto é, a milha, no século II AC; 17 séculos depois foi definido um valor diferente da milha (1609 m); mais 2 séculos e a academia das ciências britânicas descobriu que o valor de Eratóstenes estava correcto (1852 m). Curiosamente, o valor de 1609 m pertence ao sistema chamado “imperial”.
Isto de impor coisas imperialmente não é uma boa ideia, embora possa dar bons resultados durante algum tempo.
Não se pode enganar toda a gente durante todo o tempo…
Aguardemos pela revelação que a ex-ministra quererá impor no seu novo cargo, na FLAD. Como dizia o deputado António Filipe, que mal teriam feito os correspondentes americanos da fundação? Não lhes bastava o Iraque, o Afeganistão e o Lehman Bros?
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