Voltando ao tema, depois da conferencia de imprensa do senhor ministro das finanças em 3 de Outubro de 2012 e depois do desalento de ver o esforço recair principalmente sobre o aumento dos impostos de quem trabalha e de ver a determinação do governo em paralisar os investimentos e, consequentemente, em estimular o desemprego (curiosamente, a constituição da republica portuguesa diz explicitamente, isto é, sem deixar qualquer margem para duvidas de interpretação, que o governo deve promver politicas de pleno emprego), venho recordar propostas de combate ao desemprego já antigas neste blogue: o “kurzarbeit” (possibilidade de redução do numero de horas de trabalho semanais com compensação em formação com fundos QREN) e os projetos de infrasestruturas comparticipadas pelo QREN:
Diz o senhor ministro da voz pausada que está a analisar com os parceiros sociais propostas específicas de combate ao desemprego. Acredito, mas os parceiros sociais também se deviam abrir mais à participação dos cidadãos. Isto devia ser mais falado, em termos concretos e com divulgação de cálculos fundamentadores.
E se, finalmente, se convenceu, o senhor ministro da voz pausada, que não é pecado taxar as transações financeiras (refiro-me à taxação das transações, não me refiro à taxação das mais valias em bolsa), embora considere ser preciso consultar os sacerdotes da comissão do índex para obter uma autorização de legislação (engraçado: quando se trata de violar um contrato feito com os seus funcionários, a entidade que o senhor ministro da voz pausada representa pode cortar salários; quando se trata de alterar as regras de uma transação, vai ajuizadamente pedir uma autorização para legislação; que bonito de se ver), ao menos veja se dá mais atenção a quem há dois anos e meio vem falando disso:
Não descobri nada de novo, há dois anos e meio. Limitei-me a ler as secções de atualidade financeira de jornais diários.
Eu sei que o senhor ministro da voz pausada é muito competente tecnicamente (“tecnicamente” aqui refere-se apenas à capacidade de trabalho em contabilidade, porque paralisar investimentos não me parece poder classificar-se dessa forma dum ponto de vista mais abrangente, para mais com uma comparticipação do QREN que pode chegar a 95%), mas dois anos e meio para descobrir uma coisa que qualquer cidadão já tinha visto não é tempo demais?
Sinceramente parece-me que sim, que é tempo demais; que não denota o regular funcionamento duma instituição como um ministério das finanças, se é que constitucionalmente me estou a fazer entender.
PS em 5 de outubro de 2012 - O senhor professor Augusto Mateus comentou o discurso do senhr ministro Vitor Gaspar elogiando a redução do défice público mas criticando vigorosamente a ausencia de uma estratégia económica do atual governo, nomeadamente com o não aproveitamento dos fundos QREN. E afirmou que a chave é o investimento privado.
Penso que é uma proposta semelhante ao guizo no pescoço do gato. Estamos todos de acordo, mas quem investe, já que o Estado está proibido pela ideologia dominante, em Bruxelas e em Lisboa?
Retomo as fórmulas do PIB em
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2012/06/um-pouco-de-teoria-economica-o-pib-e.html
investimento privado = poupanças privadas + poupanças do Estado + importações - exportações
Estando as poupanças do Estado pelas ruas da amargura (queda de receitas, impostos descontrolados, perda de dividendos) e não convindo que sejam positivas as importações líquidas (importações - exportações), resta às poupanças privadas avançarem.
Talvez, se os seus detentores concordarem em as retirar de onde as têm, agora que já se fala na troca de títulos de empréstimos ou no pagamento de dívidas com títulos.
Ou então, lá está, fazer os investimentos à custa de importações (o problema, para alem de haver poucos interessados, é que quando uma empresa estrangeira investe em Portugal, o que ela vende conta para o PIB português, mas como tem de exportar os lucros, o produto nacional bruto acaba por ficar mais pequeno do que o produto interno bruto; isto sem falar que provavelmente o investidor estrangeiro vai privilegiar fatores de produção externos).
Penso que podia ser aqui outro campo de aplicação de fundos QREN.
Esta discussão será interessante se se apresentarem propostas concretas (o senhor ministro da economia, verdade seja dita, até o tem feito por vezes, com insucessos pelo meio, como a desistencia das minas de Moncorvo, da fábrica de baterias de tração, do regadio do Alqueva, etc, etc).
E se se analisarem com cuidado os fluxos dos fatores de produção (isto é, quanto do material necessário para produzir um determinado bem em Portugal é importado, e quanto se tem de exportar com os lucros?).
Por tudo isto, continuo a estranhar que o senhor ministro das finanças e os senhores comentadores não abordem com decisão o tema da dívida externa privada (bancos e empresas) e não esclareçam a composição da dívida privada por tipo de utilização e a sua evolução trimestral.
Penso que é uma proposta semelhante ao guizo no pescoço do gato. Estamos todos de acordo, mas quem investe, já que o Estado está proibido pela ideologia dominante, em Bruxelas e em Lisboa?
Retomo as fórmulas do PIB em
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2012/06/um-pouco-de-teoria-economica-o-pib-e.html
investimento privado = poupanças privadas + poupanças do Estado + importações - exportações
Estando as poupanças do Estado pelas ruas da amargura (queda de receitas, impostos descontrolados, perda de dividendos) e não convindo que sejam positivas as importações líquidas (importações - exportações), resta às poupanças privadas avançarem.
Talvez, se os seus detentores concordarem em as retirar de onde as têm, agora que já se fala na troca de títulos de empréstimos ou no pagamento de dívidas com títulos.
Ou então, lá está, fazer os investimentos à custa de importações (o problema, para alem de haver poucos interessados, é que quando uma empresa estrangeira investe em Portugal, o que ela vende conta para o PIB português, mas como tem de exportar os lucros, o produto nacional bruto acaba por ficar mais pequeno do que o produto interno bruto; isto sem falar que provavelmente o investidor estrangeiro vai privilegiar fatores de produção externos).
Penso que podia ser aqui outro campo de aplicação de fundos QREN.
Esta discussão será interessante se se apresentarem propostas concretas (o senhor ministro da economia, verdade seja dita, até o tem feito por vezes, com insucessos pelo meio, como a desistencia das minas de Moncorvo, da fábrica de baterias de tração, do regadio do Alqueva, etc, etc).
E se se analisarem com cuidado os fluxos dos fatores de produção (isto é, quanto do material necessário para produzir um determinado bem em Portugal é importado, e quanto se tem de exportar com os lucros?).
Por tudo isto, continuo a estranhar que o senhor ministro das finanças e os senhores comentadores não abordem com decisão o tema da dívida externa privada (bancos e empresas) e não esclareçam a composição da dívida privada por tipo de utilização e a sua evolução trimestral.
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