Gosto de seguir o raciocínio de Adriano Moreira, de ver a elegancia com que o seu cérebro interpreta os casos reais.
Não partilho de todos os seus ideais e da sua ideologia, mas gosto de reconhecer uma estatura humana e uma inteligencia atenta e ponderada.
E pode ser ingenuidade da minha parte, mas acredito na sua versão, de que Salazar o demitiu de ministro do Ultramar porque até ele, Salazar, não tinha força para se opor aos grandes grupos económicos da época (da época e, parcialmente, da atualidade, ver "Os donos de Portugal").
Talvez porque será uma análise marxista.
Mas isto vem a propósito do texto de Adriano Moreira no DN de 7 de maio de 2013, evocativo da "Geografia da Fome" de Josué de Castro, de que cito:
"... há uma leitura obrigatória para os governos de todo o mundo, e tambem para os ricos e pobres da Europa, que é a Declaração Adotada pela Assembleia Geral da ONU, com o número 66/228, intitulada 'o futuro que nós queremos', documento resultante da conferencia da ONU sobre o desenvolvimento durável. Talvez ajude, entre nós, a reconhecer que, além da Constituição da Republica Portuguesa, e da suposta sabedoria da troika, existe o paradigma global da ONU, ao qual todos os países da organização estão obrigados..."
Ou dito de outro modo, se é tão importante cumprir "a outrance" o memorando com a troika (e contudo, o multiplicador cortes-recessão estava errado, tal como o coeficiente da correlação divida-taxa de crescimento), tambem é importante cumprir os contratos de trabalho com os funcionários públicos, pensionistas e trabalhadores em geral, a Constituição, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração 66/228.
Coisa que deveremos repetir "a outrance", porque os economistas fechados em gabinetes são como os engenheiros fechados em gabinetes, ignoram a realidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário