A Cidália do Noticias Sábado é a minha cronista erótica preferida.
Entre outros motivos, porque escreve assim, a propósito de uma noticia mais ou menos escabrosa, que metia uma câmara de televisão numa casa de banho feminina de um hospital:
"...nada chega ao fascínio da mente humana. No fundo, para procurarmos explicações para o aparentemente inexplicável, é percebermos que há casas com duas e três assoalhadas e outras dez. Explorá-las é muito diferente. E há corredores longos, penosos de atravessar."
Seria muito mais simples de abordar os problemas se os senhores intelectuais, o senhores politicos, os senhores gestores, entendessem que os corredores são penosos de atravessar e que na raiz de todos os conflitos está a luta entre a tendencia igualitária que nos brota de dentro e as assimetrias que nos separam.
Donde, Eros devia ser chamado a intervir para resolver a questão do coeficiente de Gini.
domingo, 31 de julho de 2011
A minha cronista erótica preferida
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Desigualdades sociais
sábado, 30 de julho de 2011
Os 4 meninos maus
Os quatro meninos maus, que, apesar de terem muitos brinquedos, gostavam de tirar os brinquedos aos outros meninos e meninas menos ricos, acharam que esses meninos e meninas andavam a brincar com demasiados brinquedos e durante demasiado tempo, e que assim não haveria dinheiro que chegasse para comprar novos brinquedos, daqueles mais caros, com que sempre tinham brincado.
Por isso, foram fazer queixa ao paisinho, que andava em processo de divórcio e a namorar uma nova madrasta, a gritar que não havia mesmo dinheiro e que por isso era preciso pedir à tia rica que morava num país mais acima para mandar algum dinheiro para poderem continuar a comprar os brinquedos caros.
Tanto berraram e ameaçaram o paisinho que punham os pés à parede senão lhes fizessem as vontades, que o paisinho lá convenceu a anterior consorte, em fase final de divórcio, a escrever à tia do país mais acima.
A tia mandou uns primos muito compostosinhos para brincarem com os quatro meninos maus e para ver que brinquedos é que deviam ser cortados aos meninos e meninas menos ricos para que os meninos maus pudessem continuar a brincar à vontade.
E assim se fez.
Porem, ao fim de quatro meses, os quatro meninos maus foram outra vez queixar-se ao paisinho e desta vez à nova madrasta, a gritar incontroladamente que assim não podia ser porque o programa dos primos lhe estava a confiscar os brinquedos, a eles, meninos maus e ricos.
E isto apesar de já ter sido confiscada grande parte dos brinquedos de que os meninos e meninas menos ricos já estavam à espera para o Natal.
Apesar de zangados com o paisinho e a nova madrasta, os meninos e meninas menos ricos continuavam a portar-se bem e a olhar para os quatro meninos maus a comportarem-se mal pensando que, possivelmente, o problema estaria nalguma dificuldade de perceção e compreensão das dificuldades dos outros.
E certamente que todas as questões entre todos os meninos e meninas se resolverão a contento geral se o paisinho e a nova madrasta levarem os quatro meninos maus a tratarem essa dificuldade e os respetivos doutores tomarem em consideração todos os parâmetros em jogo.
Será porem muito mau se os meninos não forem tratados, porque continuarão a empurrar os outros meninos.
Nota 1 - Este texto foi escrito imediatamente a seguir à leitura do artigo de José Manuel Pureza, professor universitário, no DN de 2011-07-29 intitulado Confiscos, de que transcrevo: "... é preciso ter lata. O que o Estado deve aos bancos contrairam-no eles a 2% junto do BCE para depois emprestarem ao estado a 6 e 7%, ... Dizem os quatro banqueiros que é um confisco dos acionistas (o imposto pela troica reforço de capitais próprios e diminuição da taxa de alavancagem ou proporção entre empréstimos e depósitos, porque assim os dividendos não podem ser distribuidos ) ... o que eles poderiam explicar era porque é que o confisco deles não pode acontecer, e o dos contribuintes IRS é uma inevitabilidade".
Nota 2 - Será por causa do confisco da nota 1 que o senhor ministro das finanças quis poupar os dividendos ao imposto extraordinário? Mas o senhor presidente da comissão europeia já tinha dito à senhora eurodeputada Ilda Figueiredo que estava a ser estudado um imposto sobre os bancos...
Nota 3 - Este texto é dedicado àquela senhora bonita, elegante e sem problemas económicos, que num debate televisivo, sem que o seu interlocutor tivesse dito ou feito nada que o justificasse, lhe disse que ele gostava de se mover em lamaçais.
É sempre interessante ver o verniz estalar, especialmente em senhoras finas e de snobismo tão requintado (perdoe-se-me o machismo, mas as senhoras bonitas não deveriam ser de direita, ou então permita-se-me recordar à senhora que democracia será quando a oposição e os cidadãos e cidadãs tiverem acesso às contas, para compreender onde está o tal desvio de 2.000 milhões de euros, por exemplo, uma vez que o afastamento do defice de 7,7% relativamente aos 5,9% do PIB dá um pouco mais do que isso e o tempo está passando e a explicação não vem).
De facto, a preocupação da esquerda é viver no meio do lamaçal das pessoas que têm de trabalhar para sobreviver, que correm riscos de ficar sem proteção social, que não têm educação, que cheiram mal, não vão a festas bonitas e facilmente são punidas quando por quaisquer peripécias se viram momentaneamente com um pequeno desafogo e aumento do poder de compra.
Para a direita primitiva que se exprime assim no nosso país, possivelmente amparada pelo complexo de Hubris de quem se sente no poder, isso é mesmo viver no lamaçal.
Eu teria preferido que o interlocutor, depois de alvejado novamente, com o epíteto básico, não tivesse retorquido "básica é a senhora", mas valeu a frase dele: " a hipocrisia da direita tem de ser denunciada". E recordo Francisco Pereira de Moura: "chamar fascista a alguem que defende ou pratica essa ideologia não é insulto, é a expressão de um facto". Da mesma maneira, classificar como hipócrita a defesa duma austeridade assimétrica e injusta, como diz J.M.Pureza, não deverá ser entendido como insulto (assimétrica e injusta, segue-me senhor ministro?).
Salvo melhor opinião.
E como dizia Maria de Belem, extremar os privilégios de uns relativamente à maioria não será fazer regressar o debate ideológico aos tempos do capitalismo primitivo da elaboração do marxismo?
É que não é isso que pretendem, nem a esquerda nem a direita civilizadas.
Referencias:
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1935828
http://www.youtube.com/watch?v=IY2ChmIupsE
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1905991
Por isso, foram fazer queixa ao paisinho, que andava em processo de divórcio e a namorar uma nova madrasta, a gritar que não havia mesmo dinheiro e que por isso era preciso pedir à tia rica que morava num país mais acima para mandar algum dinheiro para poderem continuar a comprar os brinquedos caros.
Tanto berraram e ameaçaram o paisinho que punham os pés à parede senão lhes fizessem as vontades, que o paisinho lá convenceu a anterior consorte, em fase final de divórcio, a escrever à tia do país mais acima.
A tia mandou uns primos muito compostosinhos para brincarem com os quatro meninos maus e para ver que brinquedos é que deviam ser cortados aos meninos e meninas menos ricos para que os meninos maus pudessem continuar a brincar à vontade.
E assim se fez.
Porem, ao fim de quatro meses, os quatro meninos maus foram outra vez queixar-se ao paisinho e desta vez à nova madrasta, a gritar incontroladamente que assim não podia ser porque o programa dos primos lhe estava a confiscar os brinquedos, a eles, meninos maus e ricos.
E isto apesar de já ter sido confiscada grande parte dos brinquedos de que os meninos e meninas menos ricos já estavam à espera para o Natal.
Apesar de zangados com o paisinho e a nova madrasta, os meninos e meninas menos ricos continuavam a portar-se bem e a olhar para os quatro meninos maus a comportarem-se mal pensando que, possivelmente, o problema estaria nalguma dificuldade de perceção e compreensão das dificuldades dos outros.
E certamente que todas as questões entre todos os meninos e meninas se resolverão a contento geral se o paisinho e a nova madrasta levarem os quatro meninos maus a tratarem essa dificuldade e os respetivos doutores tomarem em consideração todos os parâmetros em jogo.
Será porem muito mau se os meninos não forem tratados, porque continuarão a empurrar os outros meninos.
Nota 1 - Este texto foi escrito imediatamente a seguir à leitura do artigo de José Manuel Pureza, professor universitário, no DN de 2011-07-29 intitulado Confiscos, de que transcrevo: "... é preciso ter lata. O que o Estado deve aos bancos contrairam-no eles a 2% junto do BCE para depois emprestarem ao estado a 6 e 7%, ... Dizem os quatro banqueiros que é um confisco dos acionistas (o imposto pela troica reforço de capitais próprios e diminuição da taxa de alavancagem ou proporção entre empréstimos e depósitos, porque assim os dividendos não podem ser distribuidos ) ... o que eles poderiam explicar era porque é que o confisco deles não pode acontecer, e o dos contribuintes IRS é uma inevitabilidade".
Nota 2 - Será por causa do confisco da nota 1 que o senhor ministro das finanças quis poupar os dividendos ao imposto extraordinário? Mas o senhor presidente da comissão europeia já tinha dito à senhora eurodeputada Ilda Figueiredo que estava a ser estudado um imposto sobre os bancos...
Nota 3 - Este texto é dedicado àquela senhora bonita, elegante e sem problemas económicos, que num debate televisivo, sem que o seu interlocutor tivesse dito ou feito nada que o justificasse, lhe disse que ele gostava de se mover em lamaçais.
É sempre interessante ver o verniz estalar, especialmente em senhoras finas e de snobismo tão requintado (perdoe-se-me o machismo, mas as senhoras bonitas não deveriam ser de direita, ou então permita-se-me recordar à senhora que democracia será quando a oposição e os cidadãos e cidadãs tiverem acesso às contas, para compreender onde está o tal desvio de 2.000 milhões de euros, por exemplo, uma vez que o afastamento do defice de 7,7% relativamente aos 5,9% do PIB dá um pouco mais do que isso e o tempo está passando e a explicação não vem).
De facto, a preocupação da esquerda é viver no meio do lamaçal das pessoas que têm de trabalhar para sobreviver, que correm riscos de ficar sem proteção social, que não têm educação, que cheiram mal, não vão a festas bonitas e facilmente são punidas quando por quaisquer peripécias se viram momentaneamente com um pequeno desafogo e aumento do poder de compra.
Para a direita primitiva que se exprime assim no nosso país, possivelmente amparada pelo complexo de Hubris de quem se sente no poder, isso é mesmo viver no lamaçal.
Eu teria preferido que o interlocutor, depois de alvejado novamente, com o epíteto básico, não tivesse retorquido "básica é a senhora", mas valeu a frase dele: " a hipocrisia da direita tem de ser denunciada". E recordo Francisco Pereira de Moura: "chamar fascista a alguem que defende ou pratica essa ideologia não é insulto, é a expressão de um facto". Da mesma maneira, classificar como hipócrita a defesa duma austeridade assimétrica e injusta, como diz J.M.Pureza, não deverá ser entendido como insulto (assimétrica e injusta, segue-me senhor ministro?).
Salvo melhor opinião.
E como dizia Maria de Belem, extremar os privilégios de uns relativamente à maioria não será fazer regressar o debate ideológico aos tempos do capitalismo primitivo da elaboração do marxismo?
É que não é isso que pretendem, nem a esquerda nem a direita civilizadas.
Referencias:
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1935828
http://www.youtube.com/watch?v=IY2ChmIupsE
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1905991
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os 4 banqueiros e a troica
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Hipótese: é o complexo de Hubris
Num breve intervalo de tempo, dois ministros do novo governo e o grande escritor Vasco Graça Moura classificaram como irresponsáveis ou criminosos quem não pensa como eles.
Será provavelmente o complexo de Hubris, que ataca quem detem o poder e se sente protegido pelos mecanismos da democracia, quem se convence de que tem razão por rejeição de argumentos contrários. Neste estádio, quem sofre de complexo de Hubris recorre aos adjetivos em detrimento dos argumentos (mesmo que estes sejam reais e evidentes) e à idealização de que está a servir uma causa nobre (a recuperação nacional, por exemplo).
Primeira citação: o senhor ministro Vitor Louçã Gaspar classificou como irresponsável quem defender o abrandamento do ritmo da consolidação orçamental.
Não obstante o aumento do prazo e a diminuição dos juros.
Não obstante os "irresponsáveis" quererem saber o destino dos 78 mil milhões de euros para se certificarem de que a maior parte do dinheiro se destina a investimento reprodutivel em bens transacionáveis geradores de crescimento económico.
Não obstante continuar a fugir como o diabo da cruz do imposto sobre os bancos para não diminuir a atração da poupança (reduz-se o poder de compra, mas o potencial de poupança sobe? é capaz de ser verdade, deixa-se de comprar o BMW e com o dinheiro da entrada faz-se um depósito, mas, quem não tem sequer o dinheiro da entrada? ai estas injustiças e esta falta de universalidade do imposto extraordinário)
Não obstante o senhor presidente do fundo europeu de estabilização financeira ter dito que "os resgates das dívidas de Portugal e da Irlanda têm sido um bom negócio para os países que lhes concederam garantias... até hoje só houve ganhos para os alemães, porque receberam juros acima dos refinanciamentos, o que reverteu para o orçamento alemão" (está-me a seguir, senhor ministro? está a ver o mecanismo de refinanciamento para receber juros mais elevados? deixemos Pangloss e a ingenuidade de Candide, e leiamos antes o Mercador de Veneza, de Shakespeare, mais conforme com a teoria dos juros do senhor ministro; a propósito, não tinhamos combinado há uns tempos com a UE mutualizar a divida europeia, emitir eurobonds e taxar os lucros dos bancos?)
Não obstante o alivio do aumento dos prazos e da diminuição dos juros não viabilizar, por si, o pagamento das dividas.
Não obstante continuarem as cidadãs e os cidadãos a aguardar a discriminação do desvio de 2.000 milhões de euros (pela gravidade da afirmação, uma vez que desvio pode ser interpretado como apropriação indevida de dinheiro por alguem) uma semana era mais do que suficiente para explicar que desvio é este; o senhor ministro Vitor Gaspar o máximo que apresentou até agora, e mesmo assim sem mostrar as contas, foi que havia ministérios com "insuficiencias de orçamento para pagar salários e despesas em atraso acumuladas". Poderá ser verdade, mas, se não se mostram os cálculos, como se costuma dizer, é curto.
Segunda citação: o senhor ministro Alvaro Santos Pereira classificou como irresponsável fazer uma linha de TGV com premissas totalmente fora da realidade" e que não era irresponsável suspender uma obra já acordada com o governo espanhol (tendo a parte espanhola já gasto dinheiro) e beneficiando de fundos europeus, porque o que se pretende é uma linha de mercadorias de bitola europeia.
É pena que estas coisas já estivessem há muito no blogue do senhor ministro, mas esperar-se-ia melhor fundamentação depois de um mês de ministério (mau aconselhamento?).
É muita pena que uma afirmação tão grave ("pressupostos totalmente fora da realidade") seja feita sem fundamentação, apenas com adjetivos.
Eu próprio tenho criticado as soluções da RAVE, mas sempre fundamentei as críticas.
E nunca critiquei o facto de prever a construção simultanea de uma linha de mercadorias com ligação a Sines com travessa bi-bitola como está efetivamente previsto.
Acresce que o traçado da ligaão do TGV a Madrid e ao Porto até é razoável (embora eu preferisse a travessia do Tejo por Beato-Montijo e a estação central do TGV de Lisboa no Vale de Chelas/Olaias).
Em Portugal, os grandes problemas como o traçado do TGV são deixados primeiro a um grupo restrito que faz secretismo. Aos poucos vão-se conhecendo as propostas e apontando as deficiencias do projeto. Graças ao esforço resistente do grupo restrito (ver a sobranceria com que num programa prós e contras foi contrariado o impacto visual da travessia Chelas-Barreiro no miradouro e Alfama) só muito lentamente e por aproximações sucessivas se vai chegando a uma solução razoável; veja-se ainda o caso da localização do eventual novo aeroporto de Lisboa, proposto primeiramente por um senhor primeiro ministro, conhecido por raramente ter dúvidas, coisa que quem aplica o método científico tem sistematicamente, para uma base aérea chumbada pelas suas más condições meteorológicas para base dos F16).
A construção simultanea de infraestruturas para modos diferentes é uma forma de economia, talvez mais significativa do que apagar as luzes (a propósito, sempre reparei que tinha de ser eu a apagar as luzes dos gabinetes, que os meus colegas preferiam deixar acesas; é interessante pensar que a maioria dos meus colegas não tenha conseguido fugir à estatística dos eleitores dos partidos atualmente no governo; eles deixavam as luzes acesas e votaram num governo que apaga as luzes; eu apagava as luzes e não votei num governo que liga mais às economias intermédias do que às grandes economias (do ponto de vista macroscópico, é uma ilusão estar a poupar em pequenas coisas quando o principal desperdicio só pode evitar-se mediante investimentos pesados geradores de poupança).
Mas admitamos que os pressupostos estão fora da realidade. Nunca poderão estar totalmente, porque o TGV permite um consumo específico de energia e emissões de gases com efeito de estufa por passageiro-quilómetro inferior ao transporte rodoviário e ao transporte aéreo.
E parece evidente que a gestão correta das ligações entre Lisboa e Madrid terá de taxar os modos aéreo e rodoviário de modo a "encaminhar" os passageiros para o TGV.
Isto é uma heresia para o fundamentalismo liberal do mercado livre, mas até os economistas mais fanáticos das companhias aéreas low-cost conhecem termo internalização da externalidade, aplicável ao diferencial da emissão de gases com efeito de estufa destes modos relativamente ao TGV. De momento, a tonelada de CO2 está a menos de 20 euros, mas tem tendencia a subir, tal como os custos das "low-cost", à medida que forem eliminando a concorrencia que tem custos superiores de manutenção e que não fica com o dinheiro da reserva se o passageiro não puder embarcar na data combinada e à medida que o petróleo sobe).
Entretanto, será um pressuposto totalmente infundado admitir que o TGV transportará por dia pelo menos a capacidade de um avião e, durante as férias, de dois?
Isso dará aproximadamente 90.000 passageiros por ano, o que se traduzirá num diferencial aproximado TGV-avião de 7,5 GWh e 4.000 toneladas de CO2. (Não é interessante pensar que é possivel baixar as emissões do transporte aéreo, com a condição de se usar aviões de grande capacidade (800 passageiros), que não estão homologados para aterrarem no atual aeroporto de Lisboa?).
Isto são pressupostos "totalmente fora da realidade"?
Parece uma afirmação demasiado grave para um ministro de um mês, sobre uma questão importante de transportes.
O que me faz lembrar o que me ensinou o chefe da central do Picote, quando lá fiz um estágio de um mês, há muitos anos: existem pessoas que não estão bem dentro dos assuntos mas têm sempre soluções que os outros não tinham conseguido descobrir (ele citou o caso de um engenheiro de gabinete na sede que tinha sugerido retirar a turbina para reparação sem retirar o alternador, o que pouparia imenso) e que acham que o trabalho dos outros ou é mal feito ou não merece confiança; quando tomam posse fazem re-avaliações "como deve ser"; e exemplificava com um heroi de banda desenhada com algum sucesso num jornal do Porto, o Becas maravilhas.
Sinceramente, da parte do senhor ministro esperava argumentações e cálculos. Acusações de que quem não pensa como ele é irresponsável, não.
Terceira citação: Vasco Graça Moura, não sendo agora oportuno dizer mal do governo, tem dedicado a maior parte das suas crónicas no DN a zurzir o novo acordo ortográfico.
Um paciente leitor explicou em cartas ao diretor, argumento a argumento, que o acordo não é assim tão mau. Mas Vasco Graça Moura, cometendo o pecado de privar a comunidade dos leitores e escritores em português de obras suas que poderiam e deveriam ser escritas no tempo em que escreve as crónicas, insiste e insiste.
Diz agora que a grafia do novo acordo é criminosa (será que isso significa que quem escreve conforme o novo acordo é criminoso, e réu em que tribunal?).
É pena, porque assim não é liberal.
Como dizia Stuart Mill, o liberalismo de uma pessoa não deve ir além dos limites do liberalismo dos outros. Se eu quero dizer e escrever perceção, por que cargas de águas não posso?
Nestas coisas sou eu mais liberal, vou continuar a escrever segundo o novo acordo (exceto por ignorancia minha, claro) e concordo sem qualquer hesitação que Vasco Graça Moura escreva, aliás bem e com humanismo quando não se deixa polarizar pela politica, de acordo com o anterior (não me refiro ao que o antecedeu, aquele em que fleuma se escrevia phleugma)
Conclusão: Será seguramente o complexo de Hubris - o poder consolida a auto-convicção, independentemente da realidade, dos cálculos e dos argumentos contrários.
Não será autismo, será complexo de Hubris.
mais informações em:
http://www.google.pt/#hl=pt-PT&source=hp&q=irrespons%C3%A1vel+vitor+gaspar&btnG=Pesquisa+do+Google&oq=irrespons%C3%A1vel+vitor+gaspar&aq=f&aqi=&aql=&gs_sm=s&gs_upl=10604l19698l0l23028l26l26l0l11l1l1l394l3215l2-4.6l10&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.&fp=39942fb498c34481&biw=958&bih=536
http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=irrespons%C3%A1vel+aLVARO+SANTOS+PEREIRA&oq=irrespons%C3%A1vel+aLVARO+SANTOS+PEREIRA&aq=f&aqi=&aql=&gs_sm=s&gs_upl=84377l95775l0l97884l33l20l0l0l0l9l466l4128l1.0.4.6.2l13&biw=958&bih=536&cad=cbv
http://www.google.pt/#sclient=psy&hl=pt-PT&source=hp&q=vasco+gra%C3%A7a+moura+criminosa&pbx=1&oq=vasco+gra%C3%A7a+moura+criminosa&aq=f&aqi=&aql=1&gs_sm=s&gs_upl=3190l11715l0l14719l29l23l1l6l7l2l925l8314l2-1.4.7.3.2l17&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.&fp=b4d4143e10bb08ed&biw=958&bih=536
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/09/madrid-lisboa-de-aviao-ou-de-tgv.html
http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=hubris
Será provavelmente o complexo de Hubris, que ataca quem detem o poder e se sente protegido pelos mecanismos da democracia, quem se convence de que tem razão por rejeição de argumentos contrários. Neste estádio, quem sofre de complexo de Hubris recorre aos adjetivos em detrimento dos argumentos (mesmo que estes sejam reais e evidentes) e à idealização de que está a servir uma causa nobre (a recuperação nacional, por exemplo).
Primeira citação: o senhor ministro Vitor Louçã Gaspar classificou como irresponsável quem defender o abrandamento do ritmo da consolidação orçamental.
Não obstante o aumento do prazo e a diminuição dos juros.
Não obstante os "irresponsáveis" quererem saber o destino dos 78 mil milhões de euros para se certificarem de que a maior parte do dinheiro se destina a investimento reprodutivel em bens transacionáveis geradores de crescimento económico.
Não obstante continuar a fugir como o diabo da cruz do imposto sobre os bancos para não diminuir a atração da poupança (reduz-se o poder de compra, mas o potencial de poupança sobe? é capaz de ser verdade, deixa-se de comprar o BMW e com o dinheiro da entrada faz-se um depósito, mas, quem não tem sequer o dinheiro da entrada? ai estas injustiças e esta falta de universalidade do imposto extraordinário)
Não obstante o senhor presidente do fundo europeu de estabilização financeira ter dito que "os resgates das dívidas de Portugal e da Irlanda têm sido um bom negócio para os países que lhes concederam garantias... até hoje só houve ganhos para os alemães, porque receberam juros acima dos refinanciamentos, o que reverteu para o orçamento alemão" (está-me a seguir, senhor ministro? está a ver o mecanismo de refinanciamento para receber juros mais elevados? deixemos Pangloss e a ingenuidade de Candide, e leiamos antes o Mercador de Veneza, de Shakespeare, mais conforme com a teoria dos juros do senhor ministro; a propósito, não tinhamos combinado há uns tempos com a UE mutualizar a divida europeia, emitir eurobonds e taxar os lucros dos bancos?)
Não obstante o alivio do aumento dos prazos e da diminuição dos juros não viabilizar, por si, o pagamento das dividas.
Não obstante continuarem as cidadãs e os cidadãos a aguardar a discriminação do desvio de 2.000 milhões de euros (pela gravidade da afirmação, uma vez que desvio pode ser interpretado como apropriação indevida de dinheiro por alguem) uma semana era mais do que suficiente para explicar que desvio é este; o senhor ministro Vitor Gaspar o máximo que apresentou até agora, e mesmo assim sem mostrar as contas, foi que havia ministérios com "insuficiencias de orçamento para pagar salários e despesas em atraso acumuladas". Poderá ser verdade, mas, se não se mostram os cálculos, como se costuma dizer, é curto.
Segunda citação: o senhor ministro Alvaro Santos Pereira classificou como irresponsável fazer uma linha de TGV com premissas totalmente fora da realidade" e que não era irresponsável suspender uma obra já acordada com o governo espanhol (tendo a parte espanhola já gasto dinheiro) e beneficiando de fundos europeus, porque o que se pretende é uma linha de mercadorias de bitola europeia.
É pena que estas coisas já estivessem há muito no blogue do senhor ministro, mas esperar-se-ia melhor fundamentação depois de um mês de ministério (mau aconselhamento?).
É muita pena que uma afirmação tão grave ("pressupostos totalmente fora da realidade") seja feita sem fundamentação, apenas com adjetivos.
Eu próprio tenho criticado as soluções da RAVE, mas sempre fundamentei as críticas.
E nunca critiquei o facto de prever a construção simultanea de uma linha de mercadorias com ligação a Sines com travessa bi-bitola como está efetivamente previsto.
Acresce que o traçado da ligaão do TGV a Madrid e ao Porto até é razoável (embora eu preferisse a travessia do Tejo por Beato-Montijo e a estação central do TGV de Lisboa no Vale de Chelas/Olaias).
Em Portugal, os grandes problemas como o traçado do TGV são deixados primeiro a um grupo restrito que faz secretismo. Aos poucos vão-se conhecendo as propostas e apontando as deficiencias do projeto. Graças ao esforço resistente do grupo restrito (ver a sobranceria com que num programa prós e contras foi contrariado o impacto visual da travessia Chelas-Barreiro no miradouro e Alfama) só muito lentamente e por aproximações sucessivas se vai chegando a uma solução razoável; veja-se ainda o caso da localização do eventual novo aeroporto de Lisboa, proposto primeiramente por um senhor primeiro ministro, conhecido por raramente ter dúvidas, coisa que quem aplica o método científico tem sistematicamente, para uma base aérea chumbada pelas suas más condições meteorológicas para base dos F16).
A construção simultanea de infraestruturas para modos diferentes é uma forma de economia, talvez mais significativa do que apagar as luzes (a propósito, sempre reparei que tinha de ser eu a apagar as luzes dos gabinetes, que os meus colegas preferiam deixar acesas; é interessante pensar que a maioria dos meus colegas não tenha conseguido fugir à estatística dos eleitores dos partidos atualmente no governo; eles deixavam as luzes acesas e votaram num governo que apaga as luzes; eu apagava as luzes e não votei num governo que liga mais às economias intermédias do que às grandes economias (do ponto de vista macroscópico, é uma ilusão estar a poupar em pequenas coisas quando o principal desperdicio só pode evitar-se mediante investimentos pesados geradores de poupança).
Mas admitamos que os pressupostos estão fora da realidade. Nunca poderão estar totalmente, porque o TGV permite um consumo específico de energia e emissões de gases com efeito de estufa por passageiro-quilómetro inferior ao transporte rodoviário e ao transporte aéreo.
E parece evidente que a gestão correta das ligações entre Lisboa e Madrid terá de taxar os modos aéreo e rodoviário de modo a "encaminhar" os passageiros para o TGV.
Isto é uma heresia para o fundamentalismo liberal do mercado livre, mas até os economistas mais fanáticos das companhias aéreas low-cost conhecem termo internalização da externalidade, aplicável ao diferencial da emissão de gases com efeito de estufa destes modos relativamente ao TGV. De momento, a tonelada de CO2 está a menos de 20 euros, mas tem tendencia a subir, tal como os custos das "low-cost", à medida que forem eliminando a concorrencia que tem custos superiores de manutenção e que não fica com o dinheiro da reserva se o passageiro não puder embarcar na data combinada e à medida que o petróleo sobe).
Entretanto, será um pressuposto totalmente infundado admitir que o TGV transportará por dia pelo menos a capacidade de um avião e, durante as férias, de dois?
Isso dará aproximadamente 90.000 passageiros por ano, o que se traduzirá num diferencial aproximado TGV-avião de 7,5 GWh e 4.000 toneladas de CO2. (Não é interessante pensar que é possivel baixar as emissões do transporte aéreo, com a condição de se usar aviões de grande capacidade (800 passageiros), que não estão homologados para aterrarem no atual aeroporto de Lisboa?).
Isto são pressupostos "totalmente fora da realidade"?
Parece uma afirmação demasiado grave para um ministro de um mês, sobre uma questão importante de transportes.
O que me faz lembrar o que me ensinou o chefe da central do Picote, quando lá fiz um estágio de um mês, há muitos anos: existem pessoas que não estão bem dentro dos assuntos mas têm sempre soluções que os outros não tinham conseguido descobrir (ele citou o caso de um engenheiro de gabinete na sede que tinha sugerido retirar a turbina para reparação sem retirar o alternador, o que pouparia imenso) e que acham que o trabalho dos outros ou é mal feito ou não merece confiança; quando tomam posse fazem re-avaliações "como deve ser"; e exemplificava com um heroi de banda desenhada com algum sucesso num jornal do Porto, o Becas maravilhas.
Sinceramente, da parte do senhor ministro esperava argumentações e cálculos. Acusações de que quem não pensa como ele é irresponsável, não.
Terceira citação: Vasco Graça Moura, não sendo agora oportuno dizer mal do governo, tem dedicado a maior parte das suas crónicas no DN a zurzir o novo acordo ortográfico.
Um paciente leitor explicou em cartas ao diretor, argumento a argumento, que o acordo não é assim tão mau. Mas Vasco Graça Moura, cometendo o pecado de privar a comunidade dos leitores e escritores em português de obras suas que poderiam e deveriam ser escritas no tempo em que escreve as crónicas, insiste e insiste.
Diz agora que a grafia do novo acordo é criminosa (será que isso significa que quem escreve conforme o novo acordo é criminoso, e réu em que tribunal?).
É pena, porque assim não é liberal.
Como dizia Stuart Mill, o liberalismo de uma pessoa não deve ir além dos limites do liberalismo dos outros. Se eu quero dizer e escrever perceção, por que cargas de águas não posso?
Nestas coisas sou eu mais liberal, vou continuar a escrever segundo o novo acordo (exceto por ignorancia minha, claro) e concordo sem qualquer hesitação que Vasco Graça Moura escreva, aliás bem e com humanismo quando não se deixa polarizar pela politica, de acordo com o anterior (não me refiro ao que o antecedeu, aquele em que fleuma se escrevia phleugma)
Conclusão: Será seguramente o complexo de Hubris - o poder consolida a auto-convicção, independentemente da realidade, dos cálculos e dos argumentos contrários.
Não será autismo, será complexo de Hubris.
mais informações em:
http://www.google.pt/#hl=pt-PT&source=hp&q=irrespons%C3%A1vel+vitor+gaspar&btnG=Pesquisa+do+Google&oq=irrespons%C3%A1vel+vitor+gaspar&aq=f&aqi=&aql=&gs_sm=s&gs_upl=10604l19698l0l23028l26l26l0l11l1l1l394l3215l2-4.6l10&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.&fp=39942fb498c34481&biw=958&bih=536
http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=irrespons%C3%A1vel+aLVARO+SANTOS+PEREIRA&oq=irrespons%C3%A1vel+aLVARO+SANTOS+PEREIRA&aq=f&aqi=&aql=&gs_sm=s&gs_upl=84377l95775l0l97884l33l20l0l0l0l9l466l4128l1.0.4.6.2l13&biw=958&bih=536&cad=cbv
http://www.google.pt/#sclient=psy&hl=pt-PT&source=hp&q=vasco+gra%C3%A7a+moura+criminosa&pbx=1&oq=vasco+gra%C3%A7a+moura+criminosa&aq=f&aqi=&aql=1&gs_sm=s&gs_upl=3190l11715l0l14719l29l23l1l6l7l2l925l8314l2-1.4.7.3.2l17&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.&fp=b4d4143e10bb08ed&biw=958&bih=536
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/09/madrid-lisboa-de-aviao-ou-de-tgv.html
http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=hubris
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terça-feira, 26 de julho de 2011
O piso escorregadio da estação Terreiro do Paço
A comunicação social publicou no dia 22 de Julho de 2011 reclamações sobre as infiltrações de água e lodo no acesso Poente da estação Terreiro do Paço.
Há ainda referencias às infiltrações no emboque da galeria com a estação, ao nivel da via férea, na saida do Terreiro do Paço para Baixa-Chiado.
E ainda ao alerta do eng.Carvalho dos Santos, em 2006 sobre a natureza do material de enchimento sob o leito de via.
É interessante reter alguns comentários de utilizadores do metropolitano (clientes, na linguagem mais atual): "eles (o metro) deviam, talvez, fazer outro tipo de manutenção", "sim, acho que eles (o metro) têm as coisas com segurança", "temos de ter sempre cuidado com o piso escorregadio", "para nós é mau, a gente pode escorregar, o aviso não é suficiente".
É tambem interessante verificar que, apesar de algumas incorreções de pormenor, a informação geral é relevante.
1- infiltrações no acesso Poente: têm duas origens:
1.1 - águas pluviais que penetram através da cobertura do acesso não impermeabilizada; por motivo do faseamento da obra (desvios do transito à superficie), era necessário desaterrar por cima da cobertura para fazer a impermeabilização; como na altura Portugal teve o governo da União Europeia, alguem bem posicionado na hierarquia do poder politico e empresarial decidiu que a obra não podia fazer-se; até houve uma intervenção artistica para decorar os tapumes que ocultaram dos olhares dos governantes estrangeiros que nos visitavam as obras paradas; depois o tempo foi passando, sempre à espera das obras dos desvios e reformulação do transito e do saneamento da Simtejo, as quais se foram fazendo sem a impermeabilização da cobertura porque não havia tempo de acabar no prazo que o senhor presidente da câmara achou por bem que deviam estar prontas; a cobertura continua por impermeabilizar, e a drenagem provisória à superficie, de fácil entupimento, como pode ver-se pela fotografia, não ajuda;
1.2 - marés altas, de nível acima do pavimento do acesso - a estrutura do acesso é independente da estrutura "em paliçada de estacas" do corpo da estação, pelo que existencia de fissuras é um processo natural; em princípio só se evitará com paredes duplas e aumento da inclinação e capacidade de drenagem do pavimento;
2 - infiltrações no emboque ao nivel da via férrea - são dificeis de evitar e não convirá até combatê-las e evitá-las, devido à pressão sobre o tunel; deverá sim melhorar-se a drenagem e bombagem de modo a evitar a presença de mosquitos e maus cheiros; igualmente é essencial assegurar o controle topográfico dos alvos instalados (que podem ver-se a partir da estação) de modo a detetar eventuais deformações do tunel (julgo que decorre neste momento a transmissão pelos instaladores do sistema de controle do respetivo "know-how").
3 - alerta do eng.Carvalho dos Santos - efetivamente, a reação da administração da empresa na altura não terá sido a melhor, terminando com o despedimento do referido engenheiro e sua posterior readmissão seguida imediatamente da sua reforma; na verdade, conforme comprovaram as sondagens efetuadas, o material de enchimento do tunel original deveria ter sido, conforme o projeto, de betão poroso e não, como maioritariamente foi, de massa de cascalho e residuos; o betão poroso tinha alguma utilidade estrutural no tunel original que se tornou dispensavel desde que foi executado o reforço interior do tunel; os perigos referidos pelo eng.Carvalho dos Santos referem-se assim:
3.1 - aos troços de tunel que não foram alvo de reforço, admitindo-se que o controle altimétrico dos carris e o controle periódico da ausencia de arrastamento de inertes pelo coletor interno da galeria serão suficientes para detetar eventuais desvios da estabilidade do tunel
3.2 - aos troços reforçados, nos quais, para alem das ações de manutenção do ponto anterior, é necessário controlar a estabilidade do tunel reforçado através do sistema de controle referido
Infelizmente, a intervenção da comissão da Assembleia da Republica que investigou o acidente do tunel do Terreiro do Paço e os relatórios do LNEC sobre a reclamação do eng.Carvalho dos Santos não foram suficientemente esclarecedores, legitimando a colocação de hipóteses como as expostas em
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/01/terreiro-do-paco-9-de-junho-de-2000.html .
Entende este blogue que a informação é um direito dos cidadãos (e a liberdade de expressão tambem) pelo que a divulgação dos factos, das circunstancias, das causas e das razões do que aconteceu só pode ser util, justificando-se através do facebook e do site da empresa.
Pena tambem continuar a recusar-se a solução de avanço sobre o rio da frente ribeirinha, escudando-se a CML no parecer negativo do IGESPAR. É verdade que não há dinheiro, mas para estudar o plano desse avanço parecerá que se arranjava dinheiro. Vamos ver se entretanto vai avançar o plano de remodelação da frente ribeirinha anunciado pela CML.
Há ainda referencias às infiltrações no emboque da galeria com a estação, ao nivel da via férea, na saida do Terreiro do Paço para Baixa-Chiado.
E ainda ao alerta do eng.Carvalho dos Santos, em 2006 sobre a natureza do material de enchimento sob o leito de via.
Notar o fecho parcial do portão (lado do rio) para encaminhar, juntamente com as fitas de sinalização as pessoas pelo caminho menos escorregadio, com o cartaz de aviso encostado à parede |
Tunel pedonal sob a rodovia, do lado da estação (lado oposto: acesso junto do torreão Nascente do Terreiro do Paço) |
Solução limitada de drenagem à superficie |
O nivel do pavimento do acesso Poente encontra-se abaixo do nivel das águas nesta fotografia |
É interessante reter alguns comentários de utilizadores do metropolitano (clientes, na linguagem mais atual): "eles (o metro) deviam, talvez, fazer outro tipo de manutenção", "sim, acho que eles (o metro) têm as coisas com segurança", "temos de ter sempre cuidado com o piso escorregadio", "para nós é mau, a gente pode escorregar, o aviso não é suficiente".
É tambem interessante verificar que, apesar de algumas incorreções de pormenor, a informação geral é relevante.
1- infiltrações no acesso Poente: têm duas origens:
1.1 - águas pluviais que penetram através da cobertura do acesso não impermeabilizada; por motivo do faseamento da obra (desvios do transito à superficie), era necessário desaterrar por cima da cobertura para fazer a impermeabilização; como na altura Portugal teve o governo da União Europeia, alguem bem posicionado na hierarquia do poder politico e empresarial decidiu que a obra não podia fazer-se; até houve uma intervenção artistica para decorar os tapumes que ocultaram dos olhares dos governantes estrangeiros que nos visitavam as obras paradas; depois o tempo foi passando, sempre à espera das obras dos desvios e reformulação do transito e do saneamento da Simtejo, as quais se foram fazendo sem a impermeabilização da cobertura porque não havia tempo de acabar no prazo que o senhor presidente da câmara achou por bem que deviam estar prontas; a cobertura continua por impermeabilizar, e a drenagem provisória à superficie, de fácil entupimento, como pode ver-se pela fotografia, não ajuda;
1.2 - marés altas, de nível acima do pavimento do acesso - a estrutura do acesso é independente da estrutura "em paliçada de estacas" do corpo da estação, pelo que existencia de fissuras é um processo natural; em princípio só se evitará com paredes duplas e aumento da inclinação e capacidade de drenagem do pavimento;
2 - infiltrações no emboque ao nivel da via férrea - são dificeis de evitar e não convirá até combatê-las e evitá-las, devido à pressão sobre o tunel; deverá sim melhorar-se a drenagem e bombagem de modo a evitar a presença de mosquitos e maus cheiros; igualmente é essencial assegurar o controle topográfico dos alvos instalados (que podem ver-se a partir da estação) de modo a detetar eventuais deformações do tunel (julgo que decorre neste momento a transmissão pelos instaladores do sistema de controle do respetivo "know-how").
3 - alerta do eng.Carvalho dos Santos - efetivamente, a reação da administração da empresa na altura não terá sido a melhor, terminando com o despedimento do referido engenheiro e sua posterior readmissão seguida imediatamente da sua reforma; na verdade, conforme comprovaram as sondagens efetuadas, o material de enchimento do tunel original deveria ter sido, conforme o projeto, de betão poroso e não, como maioritariamente foi, de massa de cascalho e residuos; o betão poroso tinha alguma utilidade estrutural no tunel original que se tornou dispensavel desde que foi executado o reforço interior do tunel; os perigos referidos pelo eng.Carvalho dos Santos referem-se assim:
3.1 - aos troços de tunel que não foram alvo de reforço, admitindo-se que o controle altimétrico dos carris e o controle periódico da ausencia de arrastamento de inertes pelo coletor interno da galeria serão suficientes para detetar eventuais desvios da estabilidade do tunel
3.2 - aos troços reforçados, nos quais, para alem das ações de manutenção do ponto anterior, é necessário controlar a estabilidade do tunel reforçado através do sistema de controle referido
Infelizmente, a intervenção da comissão da Assembleia da Republica que investigou o acidente do tunel do Terreiro do Paço e os relatórios do LNEC sobre a reclamação do eng.Carvalho dos Santos não foram suficientemente esclarecedores, legitimando a colocação de hipóteses como as expostas em
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/01/terreiro-do-paco-9-de-junho-de-2000.html .
Entende este blogue que a informação é um direito dos cidadãos (e a liberdade de expressão tambem) pelo que a divulgação dos factos, das circunstancias, das causas e das razões do que aconteceu só pode ser util, justificando-se através do facebook e do site da empresa.
Pena tambem continuar a recusar-se a solução de avanço sobre o rio da frente ribeirinha, escudando-se a CML no parecer negativo do IGESPAR. É verdade que não há dinheiro, mas para estudar o plano desse avanço parecerá que se arranjava dinheiro. Vamos ver se entretanto vai avançar o plano de remodelação da frente ribeirinha anunciado pela CML.
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segunda-feira, 25 de julho de 2011
Entre o 16 e o 17 no largo de Alvalade
As fachadas encontram-se. Os revestimentos, por efeito das dilatações, colidem e desprendem-se. Problemas de manutenção.
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O abandono
Estação de Barca de Alva - abandonada há muito pelos critérios de economia imediata e de desistencia (do potencial turistico, por exemplo).
No entanto, sabe-se lá por que esforços de alguns, vamos ter, aos sábados, comboio a vapor entre Régua e Pocinho, e volta.
No entanto, sabe-se lá por que esforços de alguns, vamos ter, aos sábados, comboio a vapor entre Régua e Pocinho, e volta.
Nem sempre a barbárie consegue triunfar em toda a linha.
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domingo, 24 de julho de 2011
Acidente em linha de alta velocidade na China
Para alem do desgosto de saber que morreu gente no acidente, lamento a reação oficial do governo chinês, demitindo 3 dirigentes ferroviários antes da conclusão do inquérito.
É certo que determinar as causas com um minimo de segurança exige algum tempo.
Porem, é grande a probabilidade de que as causas estejam relacionadas com a pressa com que na China se constroem linhas de alta velocidade.
De forma pacóvia, costumam ser aplaudidas as noticias da rapidez de construção na China. Sem derrapagens de prazos, como a comunicação social costuma chamar aos atrasos. A rapidez de construção é incompativel com a eficácia dos ensaios necessários para garantir a segurança da exploração ferroviária.
A fixação das datas de colocação em serviço de uma linha ferroviária é normalmente politica, e decidida por quem não tem competencias para compreender os conceitos de segurança de exploração ferroviária.
Por isso me aconteceu muitas vezes tentar combater a orientações superiores no sentido de antecipar a colocação em serviço. Com insucesso, pois os orgãos dirigentes sempre achavam que podiam fixar prazos, em lugar de perguntar aos técnicos quanto tempo era necessário para concluir os ensaios em segurança.
Recordo até um caso caricato em que tivemos de adiar os ensaios porque o orgão dirigente do metropolitano quis fazer uma viagem pré-inaugural. Tambem não havia pressa, porque as eleições tinham sido adiadas e a colocação em serviço da linha tambem.
Voltando ao caso da China, é evidente que não pode ainda garantir-se quais as causas. Sabendo-se que um comboio parou em cima de um viaduto por motivo de uma descarga atmosférica, tendo sido embatido por outro, não é admissivel que o sistema de proteção não tenha atuado de modo fail-safe. Isto é, falhando o sistema de proteção por falta de energia (em principio, deveria haver um sistema de alimentação de recurso) e não recebendo (via radio) o comboio em movimento uma mensagem de via livre, a travagem automática deveria ter sido atuada. Ou terá sido ainda pior, um sistema obsoleto de deteção da presença do comboio parado não terá funcionado, como no caso do acidente com o metro de Washington. Ou alguma ordem de avanço do comboio que embateu terá sido dada indevidamente. Ou o comboio que embateu estava a circular com defeito nos circuitos de receção das mensagens de proteção do movimento.
O grande problema da exploração em alta velocidade é a necessidade de uma manutenção eficaz. E isso só pode fazer-se com respeito pelas regras de manutenção, que são incompativeis com as teorias economicistas de redução de custos.
É grande a probabilidade das causas do acidente na China estarem aqui, na deficiente manutenção, ou nas pressas de colocação em serviço, sem a realização completa dos ensaios do sistema de proteção do movimento.
Aguardemos as conclusões do inquérito.
É certo que determinar as causas com um minimo de segurança exige algum tempo.
Porem, é grande a probabilidade de que as causas estejam relacionadas com a pressa com que na China se constroem linhas de alta velocidade.
De forma pacóvia, costumam ser aplaudidas as noticias da rapidez de construção na China. Sem derrapagens de prazos, como a comunicação social costuma chamar aos atrasos. A rapidez de construção é incompativel com a eficácia dos ensaios necessários para garantir a segurança da exploração ferroviária.
A fixação das datas de colocação em serviço de uma linha ferroviária é normalmente politica, e decidida por quem não tem competencias para compreender os conceitos de segurança de exploração ferroviária.
Por isso me aconteceu muitas vezes tentar combater a orientações superiores no sentido de antecipar a colocação em serviço. Com insucesso, pois os orgãos dirigentes sempre achavam que podiam fixar prazos, em lugar de perguntar aos técnicos quanto tempo era necessário para concluir os ensaios em segurança.
Recordo até um caso caricato em que tivemos de adiar os ensaios porque o orgão dirigente do metropolitano quis fazer uma viagem pré-inaugural. Tambem não havia pressa, porque as eleições tinham sido adiadas e a colocação em serviço da linha tambem.
Voltando ao caso da China, é evidente que não pode ainda garantir-se quais as causas. Sabendo-se que um comboio parou em cima de um viaduto por motivo de uma descarga atmosférica, tendo sido embatido por outro, não é admissivel que o sistema de proteção não tenha atuado de modo fail-safe. Isto é, falhando o sistema de proteção por falta de energia (em principio, deveria haver um sistema de alimentação de recurso) e não recebendo (via radio) o comboio em movimento uma mensagem de via livre, a travagem automática deveria ter sido atuada. Ou terá sido ainda pior, um sistema obsoleto de deteção da presença do comboio parado não terá funcionado, como no caso do acidente com o metro de Washington. Ou alguma ordem de avanço do comboio que embateu terá sido dada indevidamente. Ou o comboio que embateu estava a circular com defeito nos circuitos de receção das mensagens de proteção do movimento.
O grande problema da exploração em alta velocidade é a necessidade de uma manutenção eficaz. E isso só pode fazer-se com respeito pelas regras de manutenção, que são incompativeis com as teorias economicistas de redução de custos.
É grande a probabilidade das causas do acidente na China estarem aqui, na deficiente manutenção, ou nas pressas de colocação em serviço, sem a realização completa dos ensaios do sistema de proteção do movimento.
Aguardemos as conclusões do inquérito.
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sábado, 23 de julho de 2011
A criação é um direito
Saudações para a decisão do Tribunal criminal de Lisboa absolvendo os responsáveis pela peça obre a filha do do ultimo diretor da PIDE.
A sentença explica claramente a quem queira dar atenção: "a criação artistica não é um risco, é um direito".
Como disse Vasco Lourenço, afinal a justiça em Portugal não está tão má como isso.
Ainda bem que há juizes que compreendem o que é o exercício da liberdade de expressão e de criação artistica.
Pena que o "meio" artistico se tivesse interessado pouco por este julgamento.
Aliás, pelo que tem acontecido com os ministérios e as secretarias da cultura deste país, pelo que se passou com Guimarães capital da cultura, há de facto necessidade de mudança de mentalidades e de comportamentos na cultura.
O que se sabe é dificil.
Mas a sentença deste juiz é um marco importante.
A propósito deste episódio, relato parte duma entrevista de Fernando Dacosta na Antena 2. Dacosta soube pela Dona Maria que no próprio dia do assassinio de Delgado Silva Pais esteve reunido com Salazar em reunião de rotina. Telefonou-lhe à noite (era a Dona Maria que atendia as chamadas) dizendo-lhe que o queria informar de ma coisa importantissima. Dona Maria diz que ouviu Salazar gritar para Silva Pais: Agora vão dizer que fui eu que o mandei matar. Até é possivel que um chefinho tenha querido ultrapassar um chefe e tomado a iniciativa do assassinio. Se não é verdade, é bem achado. Infelizmente não será possivel vir a ter certezas, para alem da barbaridade que era vivermos num regime daqueles.
A sentença explica claramente a quem queira dar atenção: "a criação artistica não é um risco, é um direito".
Como disse Vasco Lourenço, afinal a justiça em Portugal não está tão má como isso.
Ainda bem que há juizes que compreendem o que é o exercício da liberdade de expressão e de criação artistica.
Pena que o "meio" artistico se tivesse interessado pouco por este julgamento.
Aliás, pelo que tem acontecido com os ministérios e as secretarias da cultura deste país, pelo que se passou com Guimarães capital da cultura, há de facto necessidade de mudança de mentalidades e de comportamentos na cultura.
O que se sabe é dificil.
Mas a sentença deste juiz é um marco importante.
A propósito deste episódio, relato parte duma entrevista de Fernando Dacosta na Antena 2. Dacosta soube pela Dona Maria que no próprio dia do assassinio de Delgado Silva Pais esteve reunido com Salazar em reunião de rotina. Telefonou-lhe à noite (era a Dona Maria que atendia as chamadas) dizendo-lhe que o queria informar de ma coisa importantissima. Dona Maria diz que ouviu Salazar gritar para Silva Pais: Agora vão dizer que fui eu que o mandei matar. Até é possivel que um chefinho tenha querido ultrapassar um chefe e tomado a iniciativa do assassinio. Se não é verdade, é bem achado. Infelizmente não será possivel vir a ter certezas, para alem da barbaridade que era vivermos num regime daqueles.
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quinta-feira, 21 de julho de 2011
Noticias do dia 21 de julho de 2011
Oiço no noticiário da TV que os dirigentes maiores dos governos da UE, reunidos em cimeira, decidiram reduzir a taxa de juro dos empréstimos para 3,5% e aumentar de 7,5 para 15 anos o prazo de pagamento da divida grega.
Não esqueço a forma sobranceira e insultuosa como alguns dirigentes politicos do nosso país acusaram quem propôs a renegociação da nossa dívida, que isso seria a bancarrota e o incumprimento.
Escusavam de ser mal educados e podiam entreter-se a estudar melhor a história económica da Europa e de Portugal, sobre o que tem sido a bancarrota ao longo dos séculos.
Não se convençam provincianamente que com as agencias de rating tudo é agora diferente.
As leis da economia e da física permanecem.
Mas oiço tambem que as tarifas dos transportes coletivos vão aumentar em média 15% e nalguns casos 25%.
É um aumento brutal, um desastre que vai contribuir para o aumento da resistencia que o esforço produtivo vai ter de vencer (os custos do transporte dos funcionários de uma empresa entram na composição do custo de um produto).
Mas durante anos e anos o custo do transporte não acompanhou a subida do custo de vida.
As receitas de exploração não conseguem cobrir as despesas de exploração.
Acresce que no caso de investimentos vultuosos em infraestruturas, como metropolitanos, são as contas das empresas que suportam o serviço da dívida dos investimentos (quando deveriam ser da conta do estado).
Criou-se a ideia de que o passe social deveria ser universal, quando permite aos beneficiários de maiores rendimentos um serviço de baixo custo, a uma percentagem inferior nas finanças pessoais comparativamente com os passageiros de menores rendimentos (na verdade, o estado está a subsidiar o transporte de quem tem rendimentos suficientes para prescindir do subsidio).
Nunca os governos quiseram assumir que deveriam ir prescindindo dos grandes volumes de impostos sobre os combustiveis, e canalizá-los para o transporte coletivo, taxando por escalões a utilização do transporte individual (prescindindo de duas maneiras: no destino dado às receitas fiscais e na diminuição de tráfego automóvel privado devido ao aumento de impostos).
Por outras palavras, chega uma altura, depois de muitos anos de doença, em que o próprio remédio contribui para agravar o estado do doente.
Mas parece, numa primeira análise, que o objetivo de transferir passageiros do transporte individual para o transporte ferroviário, para melhoria da eficiencia energética e redução de emissão de gases como efeito de estufa, não é bem servido por esta medida (nada a opor, entretanto, à fusão de empresas, nos moldes anunciados).
Não esqueço a forma sobranceira e insultuosa como alguns dirigentes politicos do nosso país acusaram quem propôs a renegociação da nossa dívida, que isso seria a bancarrota e o incumprimento.
Escusavam de ser mal educados e podiam entreter-se a estudar melhor a história económica da Europa e de Portugal, sobre o que tem sido a bancarrota ao longo dos séculos.
Não se convençam provincianamente que com as agencias de rating tudo é agora diferente.
As leis da economia e da física permanecem.
Mas oiço tambem que as tarifas dos transportes coletivos vão aumentar em média 15% e nalguns casos 25%.
É um aumento brutal, um desastre que vai contribuir para o aumento da resistencia que o esforço produtivo vai ter de vencer (os custos do transporte dos funcionários de uma empresa entram na composição do custo de um produto).
Mas durante anos e anos o custo do transporte não acompanhou a subida do custo de vida.
As receitas de exploração não conseguem cobrir as despesas de exploração.
Acresce que no caso de investimentos vultuosos em infraestruturas, como metropolitanos, são as contas das empresas que suportam o serviço da dívida dos investimentos (quando deveriam ser da conta do estado).
Criou-se a ideia de que o passe social deveria ser universal, quando permite aos beneficiários de maiores rendimentos um serviço de baixo custo, a uma percentagem inferior nas finanças pessoais comparativamente com os passageiros de menores rendimentos (na verdade, o estado está a subsidiar o transporte de quem tem rendimentos suficientes para prescindir do subsidio).
Nunca os governos quiseram assumir que deveriam ir prescindindo dos grandes volumes de impostos sobre os combustiveis, e canalizá-los para o transporte coletivo, taxando por escalões a utilização do transporte individual (prescindindo de duas maneiras: no destino dado às receitas fiscais e na diminuição de tráfego automóvel privado devido ao aumento de impostos).
Por outras palavras, chega uma altura, depois de muitos anos de doença, em que o próprio remédio contribui para agravar o estado do doente.
Mas parece, numa primeira análise, que o objetivo de transferir passageiros do transporte individual para o transporte ferroviário, para melhoria da eficiencia energética e redução de emissão de gases como efeito de estufa, não é bem servido por esta medida (nada a opor, entretanto, à fusão de empresas, nos moldes anunciados).
Incendios no 1º semestre de 2011
Continuação da mensagem de 27 de junho de 2011
http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=incendios
Segundo o relatório da autoridade florestal nacional arderam 9447 hectares no primeiro semestre de 2011.
No mesmo período de 2010 tinham ardido 3504 hectares.
É verdade que este ano tem havido mais vento e que a propriedade dos terrenos ardidos está muito dispersa, sem coordenação de ações preventivas.
Tambem houve contenção nos meios aéreos (decisivos na extinção de fogos em certas condições).
É uma boa metáfora do momento que o país vive.
Arde, reduz a capacidade produtiva, regride.
Enquanto se ouve cada vez mais que há que cortar nos investimentos e muitos desculpam a sua inércia com o não haver dinheiro.
Como se costuma dizer, só os ricos podem poupar e enriquecer, porque têm dinheiro para investir. Aos pobres, sem investimento, resta-lhes ficar mais pobres.
Não é cortando na despesa que se sai da pobreza, nem continuando a politica de desertificação e desinvestimento no interior agricola e florestal.
Salvo melhor opinião, claro.
http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=incendios
Segundo o relatório da autoridade florestal nacional arderam 9447 hectares no primeiro semestre de 2011.
No mesmo período de 2010 tinham ardido 3504 hectares.
É verdade que este ano tem havido mais vento e que a propriedade dos terrenos ardidos está muito dispersa, sem coordenação de ações preventivas.
Tambem houve contenção nos meios aéreos (decisivos na extinção de fogos em certas condições).
É uma boa metáfora do momento que o país vive.
Arde, reduz a capacidade produtiva, regride.
Enquanto se ouve cada vez mais que há que cortar nos investimentos e muitos desculpam a sua inércia com o não haver dinheiro.
Como se costuma dizer, só os ricos podem poupar e enriquecer, porque têm dinheiro para investir. Aos pobres, sem investimento, resta-lhes ficar mais pobres.
Não é cortando na despesa que se sai da pobreza, nem continuando a politica de desertificação e desinvestimento no interior agricola e florestal.
Salvo melhor opinião, claro.
A fila na junta de freguesia
A fotografia não foi bem tirada, mas vêem-se algumas pessoas, numa manhã de verão, à porta da junta de freguesia da Ameixoeira.
Entretanto, com fundamento num estudo de uma entidade universitária da área económica, o executivo da câmara municipal de Lisboa aprovou o novo mapa de freguesias de Lisboa.
Segue-se a submissão à Assembleia Municipal.
Custa um bocadinho ver as decisões serem tomadas apesar da consulta publica que foi realizada, porque são minimas as diferenças entre a proposta apresentada a discussão publica e o mapa final, e porque se mantêm argumentos de lógica dificil (como o de que com o novo mapa haverá mais proximidade, quando qualquer centralização obriga a deslocações maiores) apresentados e repetidos com soberana displicencia e sem preocupações de fundamentação rigorosa.
Não foi tida em consideração o alargamento dos limites do municipio, nomeadametne unificando a área do parque das nações.
Nem tampouco equacionada a fusão de municipios da área metropolitana.
Terá sido analisada pelos consultores a aplicação do teorema dos rendimento decrescentes ou da rentabilidade dos orgãos em função da dimensão dos serviços e da população servida, mas subsiste a duvida, com base nas experiencias desastrosas da centralização dos centros de saúde e dos hospitais (com o agravento dos custos de transporte e o aumento de nascimentos nas auto-estradas) de que há uma dimensão em que o numero de elementos deve baixar para aumentar o rendimento.
Mas para outra dimensão pode ser que baixando o numero de freguesias se piore o serviço.
Vamos ver.
Entretanto, com fundamento num estudo de uma entidade universitária da área económica, o executivo da câmara municipal de Lisboa aprovou o novo mapa de freguesias de Lisboa.
Segue-se a submissão à Assembleia Municipal.
Custa um bocadinho ver as decisões serem tomadas apesar da consulta publica que foi realizada, porque são minimas as diferenças entre a proposta apresentada a discussão publica e o mapa final, e porque se mantêm argumentos de lógica dificil (como o de que com o novo mapa haverá mais proximidade, quando qualquer centralização obriga a deslocações maiores) apresentados e repetidos com soberana displicencia e sem preocupações de fundamentação rigorosa.
Não foi tida em consideração o alargamento dos limites do municipio, nomeadametne unificando a área do parque das nações.
Nem tampouco equacionada a fusão de municipios da área metropolitana.
Terá sido analisada pelos consultores a aplicação do teorema dos rendimento decrescentes ou da rentabilidade dos orgãos em função da dimensão dos serviços e da população servida, mas subsiste a duvida, com base nas experiencias desastrosas da centralização dos centros de saúde e dos hospitais (com o agravento dos custos de transporte e o aumento de nascimentos nas auto-estradas) de que há uma dimensão em que o numero de elementos deve baixar para aumentar o rendimento.
Mas para outra dimensão pode ser que baixando o numero de freguesias se piore o serviço.
Vamos ver.
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domingo, 17 de julho de 2011
No Sir, there is no difference
Presidente Obama, não, não há diferença entre os USA , Portugal e a Grécia.
O código genético das pessoas é o mesmo.
Talvez haja uma diferença no número de dias de férias por ano e nessa tal de produtividade, quociente entre o produzido e os meios para o produzir. E mesmo assim, olhe que há estados americanos em que a produtividade anda muito por baixo.
Mas o essencial é o mesmo.
Os quase 100% de divida publica relativamente ao PIB, a quase impossibilidade de pagar as dividas, o fecho de fábricas e o desemprego, a luta entre os partidos que acreditam religiosamente que o mercado sem regulação tudo resolve e os partidos que acreditam que o primordial é cumprir as obrigações de estado social expressas da declaração universal de direitos humanos, os coeficientes de Gini elevados, é o mesmo nos USA e em Portugal.
Poderemos não chamar a isso luta de classes, mas que é o conflito principal, aquilo que opõe e divide as pessoas, que bloqueia o processo de organização da sociedade, com 10% a obter 90% do rendimento total, é, lá isso é.
Até nos resultados do PISA estamos parecidos. Nos USA existem as mais avançadas universidades do mundo, mas a maioria dos estudantes tem dificuldades de interpretação da lingua materna, em matemática e em ciencias fisicas e da natureza. Talvez por causa dos malefícios da televisão, que obnubilam as mentes juvenis.
Por isso não diga que os USA não são como Portugal.
Nos USA é dificil negociar a elevação do teto de endividamento, em Portugal é dificil taxar os rendimentos de modo a promover a justiça fiscal, como queria Saldanha Sanches (ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/10/saldanha-sanches.html ). São os trabalhadores por conta de outrem que em Portugal assegurarão o imposto extraordinário, porque é mais fácil taxar com base no IRS do que no IRC ou nos rendimentos do capital (apesar da UE já ter admitido estudar o imposto sobre os bancos).
É sempre o mesmo problema, os ricos não devem ser incomodados com essa mesquinhez de pagar impostos, como dizia a senhora Helmsley (ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/impostos-sobre-os-bancos.html ).
Para que os mercados e os investidores não se enervem e não fujam.
No entanto, já há sinais encorajadores. O governo dos USA conseguiu a condenação do banco suiço UBS por ajuda à fuga de impostos e está neste momento a investigar o Credit Suisse.
Presidente Obama, não lhe apetece dizer aí, como me apetece cá, que não insultem a inteligencia dos cidadãos e das cidadãs com essa dos nervos dos mercados e da fuga dos empresários?
O código genético das pessoas é o mesmo.
Talvez haja uma diferença no número de dias de férias por ano e nessa tal de produtividade, quociente entre o produzido e os meios para o produzir. E mesmo assim, olhe que há estados americanos em que a produtividade anda muito por baixo.
Mas o essencial é o mesmo.
Os quase 100% de divida publica relativamente ao PIB, a quase impossibilidade de pagar as dividas, o fecho de fábricas e o desemprego, a luta entre os partidos que acreditam religiosamente que o mercado sem regulação tudo resolve e os partidos que acreditam que o primordial é cumprir as obrigações de estado social expressas da declaração universal de direitos humanos, os coeficientes de Gini elevados, é o mesmo nos USA e em Portugal.
Poderemos não chamar a isso luta de classes, mas que é o conflito principal, aquilo que opõe e divide as pessoas, que bloqueia o processo de organização da sociedade, com 10% a obter 90% do rendimento total, é, lá isso é.
Até nos resultados do PISA estamos parecidos. Nos USA existem as mais avançadas universidades do mundo, mas a maioria dos estudantes tem dificuldades de interpretação da lingua materna, em matemática e em ciencias fisicas e da natureza. Talvez por causa dos malefícios da televisão, que obnubilam as mentes juvenis.
Por isso não diga que os USA não são como Portugal.
Nos USA é dificil negociar a elevação do teto de endividamento, em Portugal é dificil taxar os rendimentos de modo a promover a justiça fiscal, como queria Saldanha Sanches (ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/10/saldanha-sanches.html ). São os trabalhadores por conta de outrem que em Portugal assegurarão o imposto extraordinário, porque é mais fácil taxar com base no IRS do que no IRC ou nos rendimentos do capital (apesar da UE já ter admitido estudar o imposto sobre os bancos).
É sempre o mesmo problema, os ricos não devem ser incomodados com essa mesquinhez de pagar impostos, como dizia a senhora Helmsley (ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/impostos-sobre-os-bancos.html ).
Para que os mercados e os investidores não se enervem e não fujam.
No entanto, já há sinais encorajadores. O governo dos USA conseguiu a condenação do banco suiço UBS por ajuda à fuga de impostos e está neste momento a investigar o Credit Suisse.
Presidente Obama, não lhe apetece dizer aí, como me apetece cá, que não insultem a inteligencia dos cidadãos e das cidadãs com essa dos nervos dos mercados e da fuga dos empresários?
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sábado, 16 de julho de 2011
Falando de justiça
A notícia não terá sido muito notada neste tempo de verão.
O Estado Português, nos ultimos 10 anos, foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a pagar 127.000 euros de indemnizações a jornalistas condenados em tribunais portugueses.
Os juizes europeus invocam a liberdade de expressão, dão por não provados pretensos prejuizos aos processos judiciais e criticam a ameaça que este tipo de sentenças constitui ao exercicio da liberdade de expressão.
Houve um caso de uma jornalista condenada sucessivamente por 15 juizes nacionais, saindo ilibada em Estrasburgo por votação unanime de 11 juizes.
Coisa semelhante se passou com Joaquim Letria.
Por outras palavras, a democracia ainda não chegou ao poder judicial em Portugal.
Ainda não existem orgãos de controle mutuo e ainda não se conseguiu instalar na maioria das pessoas da profissão a cultura da democracia, da liberdade de expressão, da necessidade de debater pontos de vista diferentes para esclarecer e para coletivamente chegar a soluções.
Desculpar-se-ão com os formalismos legais, esquecendo a essencia dos conteudos (ou o problema estará na ausencia de conteudos essenciais e em formalismos ocos).
Grave é tambem este espirito de tacanhez se propagar pelas empresas, com auditorias farisaicamente moralizadoras em busca de bodes expiatórios, com uma defesa tenaz de segredos e do dominio pela segregação da informação, com a velha tática de reunir pensamentos unicos e não contrariar os chefes.
Isto é, a não aceitação da liberdade de expressão é um fator de regresso para toda a sociedade, não de progresso.
Será uma questão de falta de controle, como se disse, por ausencia de orgãos independentes e complementares, ou de auto-controle, coisa que diz mais respeito à cabeça das pessoas e à sua formação.
Ficam os portugueses muito ofendidos com algumas referencias menos primorosas, mas o que se está a fazer para contrariar a tacanhez judicial e empresarial? (medida nº10 do livro de Luis Monteiro: melhorar a justiça, ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/03/intervencao-coletiva-necessaria-e.html )
O Estado Português, nos ultimos 10 anos, foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a pagar 127.000 euros de indemnizações a jornalistas condenados em tribunais portugueses.
Os juizes europeus invocam a liberdade de expressão, dão por não provados pretensos prejuizos aos processos judiciais e criticam a ameaça que este tipo de sentenças constitui ao exercicio da liberdade de expressão.
Houve um caso de uma jornalista condenada sucessivamente por 15 juizes nacionais, saindo ilibada em Estrasburgo por votação unanime de 11 juizes.
Coisa semelhante se passou com Joaquim Letria.
Por outras palavras, a democracia ainda não chegou ao poder judicial em Portugal.
Ainda não existem orgãos de controle mutuo e ainda não se conseguiu instalar na maioria das pessoas da profissão a cultura da democracia, da liberdade de expressão, da necessidade de debater pontos de vista diferentes para esclarecer e para coletivamente chegar a soluções.
Desculpar-se-ão com os formalismos legais, esquecendo a essencia dos conteudos (ou o problema estará na ausencia de conteudos essenciais e em formalismos ocos).
Grave é tambem este espirito de tacanhez se propagar pelas empresas, com auditorias farisaicamente moralizadoras em busca de bodes expiatórios, com uma defesa tenaz de segredos e do dominio pela segregação da informação, com a velha tática de reunir pensamentos unicos e não contrariar os chefes.
Isto é, a não aceitação da liberdade de expressão é um fator de regresso para toda a sociedade, não de progresso.
Será uma questão de falta de controle, como se disse, por ausencia de orgãos independentes e complementares, ou de auto-controle, coisa que diz mais respeito à cabeça das pessoas e à sua formação.
Ficam os portugueses muito ofendidos com algumas referencias menos primorosas, mas o que se está a fazer para contrariar a tacanhez judicial e empresarial? (medida nº10 do livro de Luis Monteiro: melhorar a justiça, ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/03/intervencao-coletiva-necessaria-e.html )
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sexta-feira, 15 de julho de 2011
Prezada senhora Angela
Sehr geehrte Dame,Es ist mir wieder, jetzt, weil man wütend war, seinen Landsmann in einer Zeitung behauptet, dass die deutschen Steuerzahler zahlen die Schulden der portugiesischen und deutschen Rentner werden die meisten verletzt werden.Denken Sie daran, dass wenig Text, dass Brecht verkündete: "Die Juden nahmen die erste, aber das war mir egal, weil ich kein Jude, dann führten die Kommunisten, und ich auch nicht kümmern, weil es kein Kommunist war, dann nahm er mein Nachbar und ich auch Es war mir egal, und jetzt sind mir führenden und es gibt niemanden, mir zu helfen? "Es ist die zuerst brachte das Weihnachtsgeld an die Mitarbeiter im Auftrag eines anderen griechischen (griechisch für Akkumulatoren von Veräußerungsgewinnen haben nicht dazu geführt), und die deutschen Steuerzahler nicht kümmern, weil sie gute Arbeitskräfte und die Griechen waren, führte dann das Weihnachtsgeld die Portugiesen, dann ...Ich will nicht, ein Prophet des Untergangs des deutschen Volkes sein.Ich wollte dir nur sagen, dass ich einige deutsche Rentner wissen.Einige, die im Hamburger Stadtgebiet, die anderen in Berlin arbeitete, und er arbeitete mit, schien es mir, als gleichberechtigter, in denen wir in multinationalen Gremien teil. Kam mir immer gute Leute.Ich weiß, andere ihre Wohnwagen vor meinem Haus in der Algarve Park, und sind auch gute Menschen, die in ein Gespräch über die "good weather" habe, über die "little dogs", dass sie oder wir.Und ich will gerne wissen, dass sie nicht alles kostenlos für die Wasserversorgung, die auf Leitungswasser aus meinem Garten ist.Was fehlte, wir in der Europäischen Union sind, sind wir nicht in das Land des Dollars und Nickel.Daher finde ich es merkwürdig die Empörung seines Nachbarn, obwohl es gut, dass die portugiesische Ökonomen besser kennen zu lernen, dass die Einfuhren wird das Geld verleihen, gehen Sie zu vermeiden oder zu ersetzen (die Einfuhren), und deutsche Ökonomen glauben, dass die bestenEurobonds.Ich hoffe, ihm ende (die emporung).
europäischen Grüßen
Prezada senhora
Sou eu outra vez, agora porque um compatriota seu se indignou num jornal clamando que os contribuintes alemães estão a pagar as dividas dos portugueses, e serão os reformados alemães os mais prejudicados.
Lembra-se daquele pequeno texto que Brecht divulgou: "primeiro levaram os judeus, mas eu não me importei porque não era judeu; depois levaram os comunistas, e eu tambem não me importei porque não era comunista; depois levaram o meu vizinho e eu tambem não me importei; agora estão a levar-me a mim e não há ninguem para me ajudar"?
É que, primeiro, levaram o subsidio de Natal aos trabalhadores gregos por conta de outrem (aos acumuladores gregos de mais valias não levaram), e os contribuintes alemães não se importaram porque eram bons trabalhadores e os gregos não; depois levaram o subsidio de Natal aos portugueses; depois...
Mas não quero ser profeta de desgraças para o povo alemão.
Queria apenas comunicar-lhe que conheço alguns reformados alemães.
Alguns que trabalhavam no metropolitano de Hamburgo, outros no de Berlim, e com os quais trabalhava, pareceu-me que de igual para igual, nos orgãos plurinacionais em que participávamos. Sempre me pareceram pessoas de bem.
Conheço outros de estacionarem as suas auto-caravanas em frente da minha casa, no Algarve, e são tambem pessoas de bem com que metemos conversa sobre o "good weather", sobre os "little dogs" que eles ou nós temos.
E creio que gostará de saber que não lhes cobro nada pela água de que se abastecem na torneira do meu jardinzinho.
Era o que mais faltava; estamos na União Europeia, não estamos na terra do dólar e do dime.
Por isso, acho muito estranha a indignação do seu concidadão, muito embora fosse bom que os economistas portugueses soubessem melhor para que importações vai o dinheiro dos empréstimos, para se irem evitando ou substituindo (as importações), e que os economistas alemães pensassem melhor nas eurobonds.
Espero que lhe passe (a indignação).
Saudações europeias
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quinta-feira, 14 de julho de 2011
O não ao Doutor Carvalho da Silva
O doutor Carvalho da Silva é acusado por muitas cabeças bem pensantes (e boas alunas, como se costuma dizer agora) de prejudicar a economia por insistir em querer garantir rendimentos aos trabalhadores por conta de outrem, emprego e assistencia social.
Ao fazer isso, o doutor Carvalho da Silva está a cumprir a declaração universal dos direitos humanos, e por isso perguntou ao doutor Passos Coelho se, como primeiro ministro, estava disponivel para estender o imposto extraordinário de Natal aos juros, dividendos e mais valias.
A resposta foi não, com o fundamento de que estimularia a fuga de capitais.
A crença nisso pode ser apenas uma crença, uma fé de profunda religiosidade, porque em paises estrangeiros a taxação dos rendimentos de capitais já é superior à de Portugal nalguns dominios (imposto sobre os depósitos off-shore, por exemplo, até na escapista Holanda), alem de que, depois de todas as malfeitorias que o sistema financeiro implementou contra as finanças dos governos, estes lá vão tomando algumas medidas (condenação de um banco suiço após queixa do governo dos USA, por exemplo).
De modo que o argumento da fuga de capitais soa a crença e desculpa simples demais para ser aceite, até porque tambem se podia dizer que aplicar o imposto extraordinário ao subsidio de Natal podia provocar uma fuga de mão de obra.
Parecerá antes que a opção oficial é a de desviar o esforço do imposto extraordinário para o rendimento do trabalho relativamente ao do capital, simplesmente.
Pessoalmente, faz-me uma certa pena o doutor Vitor Louçã Gaspar ter feito umas contas varrendo tudo quanto poderia ser alvo do imposto extraordinário, e agora imporem-lhe uma aplicação parcial (a propósito, já se saberá a estimativa do imposto? é que a gama de previsões vai de 800 até 2.200 milhões de euros; por mim já fiz a minha estimativa: deu 1.300 euros, o que me parece dar o direito de ir falando nesta coisas).
Tambem me faz muita pena ver um senhor candidato a primeiro ministro chamar disparate a ir mexer no subsídio de férias e que a sua garantia era de que a haver medidas extraordinárias seria sobre o consumo e não sobre o trabalho e depois é o que se vê.
E ainda mais impressão me faz no mesmo dia em que leio a noticia do encontro ente os dois doutores, Carvalho da Silva e Passos Coelho, ler que os bancos acabaram de quase duplicar os juros dos depósitos que oferecem aos seus clientes.
Sobem os juros quando é anunciado que o imposto extraordinário não incidirá sobre juros?
Dizia o senhor professor Nogueira Leite que não gostava do rotativismo das personalidades do governo para os grandes grupos e destes para o governo, embora fosse legal.
Mutatis mutandis, eu não gosto destas carambolas de decisões de bancos e de decisões do governo, embora tambem seja legal, pelo menos enquanto a maioria de eleitores não pensar como eu.
Aprecia-se a jogada digna de alto xadrez de estimular assim a corrida aos depósitos.
Se o dinheiro do empréstimo da troica vai para os bancos, os juros que forem distribuidos tambem virão de fora, e os depósitos dos particulares tambem serão dinheiro emprestado (pelo menos em parte, 70%?). Isto é, o dinheiro circulará sem fugir, que é o que se pretende. Análogamente ao que se pretende quando se dá o ouro a guardar ao bandido (segundo o senhor professor Vitor Bento, o problema da economia nacional está no predominio do setor não transacionável, que é exatamente aquele que recebe e gere os empréstimos, daí a analogia), uma vez que o sitio mais seguro para não se ser assaltado é na vizinhança da caverna de Ali Babá.
Porem há um porem, é que isso, de que o estimulo à poupança impede a fuga de capitais, é apenas uma crença, uma fé de uma profunda religiosidade.
Porque entre março e maio de 2011 Portugal exportou 11.000 milhões de euros mas importou 16.000 milhões de euros. Isto é, continua o endividamento, e não parece ter sido o governo anterior o responsável por essa continuação (interessa notar que para os paises da UE os resultados foram: 8.000 euros de exportações e 11.000 de importações) .
Isto não pode continuar assim, é preciso saber para onde está a ir o dinheiro do empréstimo (78.000 milhões de euros que o senhor doutor Silva Lopes diz que não chega e na verdade não chega se isto continuar assim) para se cortar onde for dispensável e, especialmente, identificar se as importações se devem aos rendimentos de trabalho ou de capital (e taxar em conformidade, que se for uma taxa extraordinária a senhora de Bruxelas autoriza).
Qualquer doutor com formação em Fisica ou Quimica era o que faria, para despistar, como se diz em Medicina, não é?
E entretanto, depois daquele não do senhor primeiro ministro a Carvalho da Silva, só posso concordar com este, que querem?
PS1 - Segundo informação de 2011-07-15, a estimativa oficial do imposto extraordinário é de 1025 milhões de euros e está-se a pensar em aplicá-lo também a tudo o que é englobável no IRS e às mais valias bolsistas (como se sabe, esta aplicação é complexa, sendo muito mais simples aplicar uma taxa a todas as transações, a taxa Tobin há muito proposta internacionalmente, mas quem detem o poder insiste que não)
PS2 - Na celebrada informação aos senhores jornalistas do senhor ministro Vitor Louçã Gaspar, foi por este afirmado que 10% dos contribuintes abrangidos pelo imposto extraordinário pagarão 60% da receita e que 65% dos portugueses (correspondendo a cerca de 3 milhões de famílias) não pagarão.
Será por esta razão que o senhor cardeal patriarca e muita gente acha justa a medida, porque os que ganham mais pagam mais.
Muito bem, então não chamem ao imposto extraordinário universal, porque não é, e chamem-lhe progressivo, porque é.
Não tem mal ser progressivo, tem mal, e muito, a progressividade acabar em certo ponto na escala dos rendimentos, declarados ou não em IRS.
Segundo o censo de 2011, existem 4 milhões de familias com uma média de 2,6 pessoas por familia, e 65% de portugueses correspondem assim a 2,6 milhões de familias, e não 3.
Se são 3 milhões de familias que não vão pagar, então serão 75% que não pagarão, e 25% os que pagarão (o imposto extraordinário é aplicável apenas a 1 em 4 portugueses?!).
Pena, esta discrepancia de numeros vir de quem vem em matéria tão sensivel, mas no melhor pano cai a nódoa, inclusive neste blogue.
Só que não parece ser nódoa admitir que 35% de portugueses vão pagar porque podem (recebem mais do que o salário minimo) e é justo, que 20% não pagam porque estão definidos como pobres, que talvez 40% não pagam porque recebem menos que o salário minimo não estando classificados como pobres, mas que:
5% , cujos rendimentos são superiores aos dos 35% que vão pagar, só porque não são trabalhadores por conta de outrem declarando rendimentos no IRS, não pagarão.
Com o devido respeito, segue-me, senhor ministro, não são contas bem feitas, não é universal e, sobretudo, não é justo. Além de que até a UE já admite impostos sobre os bancos, sem medo que eles fujam (ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/impostos-sobre-os-bancos.html )
Não ofendam a inteligencia dos cidadãos.
Ao fazer isso, o doutor Carvalho da Silva está a cumprir a declaração universal dos direitos humanos, e por isso perguntou ao doutor Passos Coelho se, como primeiro ministro, estava disponivel para estender o imposto extraordinário de Natal aos juros, dividendos e mais valias.
A resposta foi não, com o fundamento de que estimularia a fuga de capitais.
A crença nisso pode ser apenas uma crença, uma fé de profunda religiosidade, porque em paises estrangeiros a taxação dos rendimentos de capitais já é superior à de Portugal nalguns dominios (imposto sobre os depósitos off-shore, por exemplo, até na escapista Holanda), alem de que, depois de todas as malfeitorias que o sistema financeiro implementou contra as finanças dos governos, estes lá vão tomando algumas medidas (condenação de um banco suiço após queixa do governo dos USA, por exemplo).
De modo que o argumento da fuga de capitais soa a crença e desculpa simples demais para ser aceite, até porque tambem se podia dizer que aplicar o imposto extraordinário ao subsidio de Natal podia provocar uma fuga de mão de obra.
Parecerá antes que a opção oficial é a de desviar o esforço do imposto extraordinário para o rendimento do trabalho relativamente ao do capital, simplesmente.
Pessoalmente, faz-me uma certa pena o doutor Vitor Louçã Gaspar ter feito umas contas varrendo tudo quanto poderia ser alvo do imposto extraordinário, e agora imporem-lhe uma aplicação parcial (a propósito, já se saberá a estimativa do imposto? é que a gama de previsões vai de 800 até 2.200 milhões de euros; por mim já fiz a minha estimativa: deu 1.300 euros, o que me parece dar o direito de ir falando nesta coisas).
Tambem me faz muita pena ver um senhor candidato a primeiro ministro chamar disparate a ir mexer no subsídio de férias e que a sua garantia era de que a haver medidas extraordinárias seria sobre o consumo e não sobre o trabalho e depois é o que se vê.
E ainda mais impressão me faz no mesmo dia em que leio a noticia do encontro ente os dois doutores, Carvalho da Silva e Passos Coelho, ler que os bancos acabaram de quase duplicar os juros dos depósitos que oferecem aos seus clientes.
Sobem os juros quando é anunciado que o imposto extraordinário não incidirá sobre juros?
Dizia o senhor professor Nogueira Leite que não gostava do rotativismo das personalidades do governo para os grandes grupos e destes para o governo, embora fosse legal.
Mutatis mutandis, eu não gosto destas carambolas de decisões de bancos e de decisões do governo, embora tambem seja legal, pelo menos enquanto a maioria de eleitores não pensar como eu.
Aprecia-se a jogada digna de alto xadrez de estimular assim a corrida aos depósitos.
Se o dinheiro do empréstimo da troica vai para os bancos, os juros que forem distribuidos tambem virão de fora, e os depósitos dos particulares tambem serão dinheiro emprestado (pelo menos em parte, 70%?). Isto é, o dinheiro circulará sem fugir, que é o que se pretende. Análogamente ao que se pretende quando se dá o ouro a guardar ao bandido (segundo o senhor professor Vitor Bento, o problema da economia nacional está no predominio do setor não transacionável, que é exatamente aquele que recebe e gere os empréstimos, daí a analogia), uma vez que o sitio mais seguro para não se ser assaltado é na vizinhança da caverna de Ali Babá.
Porem há um porem, é que isso, de que o estimulo à poupança impede a fuga de capitais, é apenas uma crença, uma fé de uma profunda religiosidade.
Porque entre março e maio de 2011 Portugal exportou 11.000 milhões de euros mas importou 16.000 milhões de euros. Isto é, continua o endividamento, e não parece ter sido o governo anterior o responsável por essa continuação (interessa notar que para os paises da UE os resultados foram: 8.000 euros de exportações e 11.000 de importações) .
Isto não pode continuar assim, é preciso saber para onde está a ir o dinheiro do empréstimo (78.000 milhões de euros que o senhor doutor Silva Lopes diz que não chega e na verdade não chega se isto continuar assim) para se cortar onde for dispensável e, especialmente, identificar se as importações se devem aos rendimentos de trabalho ou de capital (e taxar em conformidade, que se for uma taxa extraordinária a senhora de Bruxelas autoriza).
Qualquer doutor com formação em Fisica ou Quimica era o que faria, para despistar, como se diz em Medicina, não é?
E entretanto, depois daquele não do senhor primeiro ministro a Carvalho da Silva, só posso concordar com este, que querem?
PS1 - Segundo informação de 2011-07-15, a estimativa oficial do imposto extraordinário é de 1025 milhões de euros e está-se a pensar em aplicá-lo também a tudo o que é englobável no IRS e às mais valias bolsistas (como se sabe, esta aplicação é complexa, sendo muito mais simples aplicar uma taxa a todas as transações, a taxa Tobin há muito proposta internacionalmente, mas quem detem o poder insiste que não)
PS2 - Na celebrada informação aos senhores jornalistas do senhor ministro Vitor Louçã Gaspar, foi por este afirmado que 10% dos contribuintes abrangidos pelo imposto extraordinário pagarão 60% da receita e que 65% dos portugueses (correspondendo a cerca de 3 milhões de famílias) não pagarão.
Será por esta razão que o senhor cardeal patriarca e muita gente acha justa a medida, porque os que ganham mais pagam mais.
Muito bem, então não chamem ao imposto extraordinário universal, porque não é, e chamem-lhe progressivo, porque é.
Não tem mal ser progressivo, tem mal, e muito, a progressividade acabar em certo ponto na escala dos rendimentos, declarados ou não em IRS.
Segundo o censo de 2011, existem 4 milhões de familias com uma média de 2,6 pessoas por familia, e 65% de portugueses correspondem assim a 2,6 milhões de familias, e não 3.
Se são 3 milhões de familias que não vão pagar, então serão 75% que não pagarão, e 25% os que pagarão (o imposto extraordinário é aplicável apenas a 1 em 4 portugueses?!).
Pena, esta discrepancia de numeros vir de quem vem em matéria tão sensivel, mas no melhor pano cai a nódoa, inclusive neste blogue.
Só que não parece ser nódoa admitir que 35% de portugueses vão pagar porque podem (recebem mais do que o salário minimo) e é justo, que 20% não pagam porque estão definidos como pobres, que talvez 40% não pagam porque recebem menos que o salário minimo não estando classificados como pobres, mas que:
5% , cujos rendimentos são superiores aos dos 35% que vão pagar, só porque não são trabalhadores por conta de outrem declarando rendimentos no IRS, não pagarão.
Com o devido respeito, segue-me, senhor ministro, não são contas bem feitas, não é universal e, sobretudo, não é justo. Além de que até a UE já admite impostos sobre os bancos, sem medo que eles fujam (ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/impostos-sobre-os-bancos.html )
Não ofendam a inteligencia dos cidadãos.
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quarta-feira, 13 de julho de 2011
A SONAE, em Julho de 2011
Duas noticias que retiro do sitio do netbanco:
- SONAE entra em Angola
- SONAE não vai entrar nas privatizações.
Lendo as noticias, a justificação principal é a de que a SONAE é agora um grupo focado.
Como já foi dito neste blogue, provavelmente as finanças deste país não estariam tão mal se fossem geridas como nós fazemos em casa (quanto gastamos em jantares fora? quanto gastamos em gasolina?) ou, não tendo eu grande simpatia para com o grupo SONAE, como ele faz.
Ainda por cima dá o diagnóstico gratuito - a SONAE é agora um grupo focado (focar é a questão; aos anos que Porter e Drucker disseram isso, mas os nossos economistas iluminados, e os ainda mais iluminados da Goldman Sachs não quiseram tal estratégia).
É assim que nós fazemos em casa, ou nas empresas, concentramo-nos no que sabemos fazer (e não é tão bom, o vinho do Douro e o vinho alentejano?). Quando não vem uma estrutura hierárquica imposta do exterior "explicar" o que devemos fazer (ai olhando para trás, o que eu vejo, militantes de partidos politicos tão dedicados nos seus lugares de gestão de empresas públicas).
- SONAE entra em Angola
- SONAE não vai entrar nas privatizações.
Lendo as noticias, a justificação principal é a de que a SONAE é agora um grupo focado.
Como já foi dito neste blogue, provavelmente as finanças deste país não estariam tão mal se fossem geridas como nós fazemos em casa (quanto gastamos em jantares fora? quanto gastamos em gasolina?) ou, não tendo eu grande simpatia para com o grupo SONAE, como ele faz.
Ainda por cima dá o diagnóstico gratuito - a SONAE é agora um grupo focado (focar é a questão; aos anos que Porter e Drucker disseram isso, mas os nossos economistas iluminados, e os ainda mais iluminados da Goldman Sachs não quiseram tal estratégia).
É assim que nós fazemos em casa, ou nas empresas, concentramo-nos no que sabemos fazer (e não é tão bom, o vinho do Douro e o vinho alentejano?). Quando não vem uma estrutura hierárquica imposta do exterior "explicar" o que devemos fazer (ai olhando para trás, o que eu vejo, militantes de partidos politicos tão dedicados nos seus lugares de gestão de empresas públicas).
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segunda-feira, 11 de julho de 2011
Arte espontânea na duna
domingo, 10 de julho de 2011
Insetos altruistas
Deslocam-se animadamente, de acordo com as regras da inteligencia coletiva, em função do objetivo comum, e a horas de maior segurança de circulação:
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Cena de sexo na praia
Numa duna junto da praia:
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Isaltino de Morais
Isaltino de Morais, questionado sobre o peso dos impostos na câmara de Oeiras (63% das receitas vêm de impostos), responde que os impostos são elevados e a qualidade de vida também, que é essa a opinião dos munícipes, e que, na verdade, Oeiras é o motor do desenvolvimento económico da área metropolitana de Lisboa.
Seria interessante se os senhores bem pensantes pudessem contestar estas afirmações.
Mas parece que não é possível.
Deveriamos então estudar o caso de sucesso de Oeiras.
Hipótese: Isaltino de Morais não é um salvador da pátria que desce ao povoado a explicar o que a sua mente iluminada sabe que os outros não sabem; é antes um dinamizador de equipas compostas por pessoas que, sendo especialistas e estando mais perto dos problemas reais, só precisam de condições para trabalhar e de apresentar resultados, sem o que se tentará atacar o problema com outros elementos ou equipas. Por outras palavras, na câmara de Oeiras aplicam-se os princípios da Sabedoria das Multidões de James Surowiecky, o que é um caso raro em Portugal.
Que pena que me dá por ver os senhores presidentes de câmara não pensarem assim.
Que pena não se partir de Oeiras para se ir fazendo como nos conglomerados geotécnicos, consolidando-se uma área metropolitana como grande município, à imagem da Grande Londres, à volta do Tejo...
É que já é uma experiencia feita.
Ah, é verdade, há umas sentenças, sim, acho que sim, claro, têm de ser cumpridas, mas então vão mexer em equipa que está a vencer? ao menos esperem pela reforma do senhor para a executar, em nome da eficiencia económica e gestionária, ou não é esse agora o critério principal de sobrevivencia? Nos primeiros tempos da distribuição de eletricidade doméstica numa região francesa, a energia era consumida após introdução de moedas no contador da casa; a companhia descobriu que o contador de um cidadão avançava em kWh mas a caixa de moedas estava sempre a zeros; por mais que examinasse o contador e a caixa, tudo estava normal; até que empregou o senhor com a condição de ele revelar como fazia; fabricava moedas de gelo que depois derretiam; também há o caso daquele falsificador de moedas que foi contratado pela casa da moeda... para quê desperdiçar a capacidade organizativa evidenciada, que organização é o ponto fraco deste país?
Ah, tambem é verdade, o próprio Isaltino diz que os transportes são o calcanhar de Aquiles do concelho e que o governo deveria dar mais atenção ao que lhe compete nesse campo (fará o governo atual alguma coisa neste sentido? depois do governo anterior ter feito aquela linda obra de ter recusado a cidade judiciária em Oeiras?). Seria interessante estudar o caso, que nos periodos de contenção é que se devem estudar as grandes soluções, quanto mais não seja para resolver o caso do SATU.
Seria interessante se os senhores bem pensantes pudessem contestar estas afirmações.
Mas parece que não é possível.
Deveriamos então estudar o caso de sucesso de Oeiras.
Hipótese: Isaltino de Morais não é um salvador da pátria que desce ao povoado a explicar o que a sua mente iluminada sabe que os outros não sabem; é antes um dinamizador de equipas compostas por pessoas que, sendo especialistas e estando mais perto dos problemas reais, só precisam de condições para trabalhar e de apresentar resultados, sem o que se tentará atacar o problema com outros elementos ou equipas. Por outras palavras, na câmara de Oeiras aplicam-se os princípios da Sabedoria das Multidões de James Surowiecky, o que é um caso raro em Portugal.
Que pena que me dá por ver os senhores presidentes de câmara não pensarem assim.
Que pena não se partir de Oeiras para se ir fazendo como nos conglomerados geotécnicos, consolidando-se uma área metropolitana como grande município, à imagem da Grande Londres, à volta do Tejo...
É que já é uma experiencia feita.
Ah, é verdade, há umas sentenças, sim, acho que sim, claro, têm de ser cumpridas, mas então vão mexer em equipa que está a vencer? ao menos esperem pela reforma do senhor para a executar, em nome da eficiencia económica e gestionária, ou não é esse agora o critério principal de sobrevivencia? Nos primeiros tempos da distribuição de eletricidade doméstica numa região francesa, a energia era consumida após introdução de moedas no contador da casa; a companhia descobriu que o contador de um cidadão avançava em kWh mas a caixa de moedas estava sempre a zeros; por mais que examinasse o contador e a caixa, tudo estava normal; até que empregou o senhor com a condição de ele revelar como fazia; fabricava moedas de gelo que depois derretiam; também há o caso daquele falsificador de moedas que foi contratado pela casa da moeda... para quê desperdiçar a capacidade organizativa evidenciada, que organização é o ponto fraco deste país?
Ah, tambem é verdade, o próprio Isaltino diz que os transportes são o calcanhar de Aquiles do concelho e que o governo deveria dar mais atenção ao que lhe compete nesse campo (fará o governo atual alguma coisa neste sentido? depois do governo anterior ter feito aquela linda obra de ter recusado a cidade judiciária em Oeiras?). Seria interessante estudar o caso, que nos periodos de contenção é que se devem estudar as grandes soluções, quanto mais não seja para resolver o caso do SATU.
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sábado, 9 de julho de 2011
Resposta da Moody's
Foi recebida a seguinte resposta da Moody's à encomenda contendo lixo que lhe foi enviada por um grupo de cidadãos ofendidos:
Caros Senhores
Acusamos a receção da vossa encomenda com amostras de lixo produzido no vosso país.
Analisadas as amostras, é nosso parecer que o lixo é de boa qualidade e suscetível de ser reciclado com boas perspetivas de retorno do capital investido nas instalações de reciclagem.
Prometemos assim ponderar este facto nas próximas avaliações que fizermos da vossa economia.
Aproveitamos a ocasião para reafirmar também o nosso próprio patriotismo, como facilmente compreenderão através da nossa contribuição para a luta do dólar contra o euro pelo controle das exportações.
Não podemos porém deixar de manifestar alguma estranheza pelas declarações do senhor presidente da vossa república, que ainda na ultima campanha eleitoral afirmou, e citamos, "que não vale a pena recriminar as agencias de rating, o que devemos fazer é o nosso trabalho", e que na sua própria campanha eleitoral afirmava que não devemos morder a mão de quem nos empresta dinheiro.
Somos levados a pensar que o vosso moicano (piada nossa, por Jeronimo ser o nome do ultimo grande chefe indío independente dos USA) tem razão quando diz que os clamores do vosso presidente são de "circunstancia e não correspondem às suas reais posições politicas".
É verdade que nós recebemos muito dinheiro das vossas câmaras municipais, das vossas empresas, dos vossos bancos, do vosso estado, para vos podermos avaliar.
Mas é o nosso trabalho e vocês acreditaram nele até há bem pouco tempo, enquanto vos demos uma boa notação. O carrasco tambem tem o trabalho dele e quem não gosta que haja carrascos deveria votar contra existencia da pena de morte, não seria?
Ainda há poucos anos o Metro de Lisboa tinha uma notação impecável e conseguia obter empréstimos a juros baixissimos para fazer obras de expansão que deveriam ter sido integralmente pagas pelas contas do estado e pelos fundos dos organismos europeus de investimento, mas que ficaram na contabilidade do Metro.
Durante anos os privados portugueses foram aumentando a dívida até 230% do PIB, todos os diretores de bancos e professores das faculdades de economia estavam a ver, e agora queixam-se de nós?
Foi um pouco a técnica dos canibais, que alimentam bem as suas vítimas antes do sacrifício supremo, mas são as regras do jogo.
Não há lei nenhuma que proiba a Europa de ter uma agencia de rating.
Escusavam de nos pagar a nós.
Mas ainda não se entenderam se seria uma agencia privada, como os liberais da UE mais liberais que Adam Smith querem para dar negócios aos amigos (inveja da Goldman Sachs e de Henry Paulsen?) ou se seria uma agencia publica.
Claro que nesse caso toda a gente iria protestar que era preciso garantir a independencia dos governos.
Nos tempos que correm é dificil ser independente seja do que for.
É mais fácil ser dependente.
Mas já foram desenvolvidas para a ciencia e para a industria técnicas de controle mutuo de quaisquer organismos produtivos, alem de que a democracia tem um mecanismo muito simples. Quem preside ao Banco Central Europeu deveria aceder ao seu cargo através de eleições pelos cidadãos e cidadãs, e as tais agencias deveriam subordinar as suas decisões a programas de ação sufragados ou, pelo menos referendados.
Simples.
Mas nós gostariamos ainda, se não levassem a mal, e com a intenção de fazer alguma pedagogia, que para isso somos consultores bem remunerados, de fazer um pequeno enquadramento e umas sugestões para melhoria da vossa notação, enquanto os esforços do vosso governo não dão resultados (porque tais resultados levam sempre anos) nas estratégias de melhoria dos resultados do PISA em matemática, compreensão da linguagem e ciencias fisicas e naturais, de combate ao insucesso escolar, de prevenção da criminalidade, de diminuição do desemprego.
Sem querer menosprezar a vossa história e os vossos sucessos atuais em muitos domínios, queremos recordar-vos uma história exemplar passada com o vosso empreendimento do Alqueva.
Durante anos, uma minoria de vós lutou para que ele fosse para a frente. Com muita dificuldade conseguiram (um caso semelhante ao do porto de Sines, que já deu provas, e à linha de TGV para Madrid, que querem matar à nascença), e por isso estão de parabens, essa minoria e toda a população portuguesa.
Mas não é a história do Alqueva que nos interessa recordar.
É a história do que se passou quando sobreveio um período de seca e a albufeira já se encontrava 80% cheia.
Uma delegação de agricultores alentejanos veio ao ministério da agricultura, em Lisboa, pedir medidas e a declaração do estado de emergencia. Entretanto, um grupo de agricultores espanhois da Estremadura foi à câmara de Mourão e pediu autorização para estender até à albufeira tubos de polietileno de 1 e 1/4 polegadas de diametro, alguns dos quais com 1000 metros de comprimento, para alimentar as suas bombas e regar as plantações.
Daí a uns meses caiu chuva em abundancia (a inveja que nós, americanos, temos do vosso clima temperado), o nivel da água na albufeira subiu e os espanhois retiraram os seus tubos e venderam os seus produtos.
Felizmente, sabemos que há quem, neste momento, invista e trabalhe no Alqueva, mas esta história é exemplar, e muitas vezes há quem queira trabalhar e uns senhores que mandam aparecem e não os deixam trabalhar.
Lá no Alentejo até há aquele exemplo da reforma agrária, que só descansaram quando acabaram com ela e conseguiram reduzir a superfície de terra cultivada depois de 1979 (mais uma vez chamamos a atenção, para que não haja melindres, que nem todos contribuiram para isso, sendo de destacar o aumento da área de plantação de vinhas e a qualidade dos vinhos produzidos, perfeitamente à altura dos nossos melhores californianos).
Claro que é dificil investir, e o principal problema são as dificuldades para o arranque de qualquer investimento. Quem tenha uma casa a cair ou um terreno coberto de mato não tem nenhuma garantia de que o seu investimento terá custos controlados e terá bom fim. A solução seria gabinetes junto das câmaras municipais de apoio técnico aos privados para elaborarem os seus projetos de investimento e controlarem os custos. É sempre o primeiro passo que mais custa e nada se faz se ele não for dado. O mercado livre a funcionar neste caso já se viu que não dá (quem disse que nos USA os departamentos federais não têm força?) por causa da tal assimetria de informação, da escassez de agentes económicos e da natureza de externalidade dos problemas.
Ainda dentro do enquadramento da situação, recordamos as promessas de desenvolvimento da vossa economia nos anos 60 do século passado, consequencia da acumulação de capital durante a segunda grande guerra, dos dinheiros do turismo e das remessas de emigrantes. Apesar da vossa economia condicionada (a teoria era mesmo chamada de "condicionamento industrial") e apesar dos gastos da guerra ou guerras coloniais houve desenvolvimento industrial. (É o nosso grande problema agora, não aprendemos com o Vietnam; o Iraque e o Afeganistão estão a exaurir-nos, e um dia destes vamos começar a baixar a notação dos USA; mas para isso temos de baixar primeiro a da Alemanha e a da França, e só depois a da Inglaterra, embora ela esteja pior, mas temos de proteger os nossos amigos).
Depois, nos anos 70 e 80, enviámo-vos uns gurus de gestão, primeiro Porter e depois Drucker, que concluiram que, independentemente das novas tecnologias, deveriam concentrar-se nos "clusters" ou grupos tradicionais (vinho, azeite, turismo, cortiça, moldes de plásticos, fibras texteis, calçado, construção naval)
É o que vos sugerimos agora:
- turismo, mas não se preocupem que seja de luxo; turismo de massas é bom para haver muitas entradas de capital, e especialmente no interior, por exemplo aproveitando o aeroporto de Beja e os castelos abandonados do Alentejo
- emigração, claro que, agora, deve ser de mão de obra qualificada; preocupem-se em mandar os jovenzinhos o mais cedo possivel, para não estarem a subsidiar os paises ricos com a formação universitária deles
- setores tradicionais devidamente atualizados
- acordos especiais com os BRIC (vocês até falam brasileiro e dão-se bem com os chineses)
- autonomia alimentar
- contenção nas importações (andem mais de transportes coletivos, não comprem tantos SUV asiáticos)
- apoio técnico de cariz público para "desencalhar" os pequenos investimentos privados
Se assim fizerem, juntamente com os vossos amigos gregos, que têm umas ilhas maravilhosas (parece que com os irlandeses não é preciso gastar tanta argumentação) se as coisas derem para o torto, não será por vossa culpa.
E estamos em crer que será melhor para todos.
Não vos poderemos sugar tanto, porque vocês serão mais auto-suficientes, mas cá nos aguentaremos e amigos, amigos, notações à parte.
Os nossos melhores cumprimentos.
PS - Este blogue assiste com alguma surpresa à reação supostamente patriótica contra as agencias de rating. Por razões ideológicas, este blogue é efetivamente contra a existencia de agencias de rating. Na sua profissão, este humilde escriba sempre teve a imodéstia de julgar conhecer a competencia técnica dos atores económicos nas suas próprias áreas de intervenção. E, quando tinha duvidas, perguntava a colegas mais próximos das especialidades envolvidas. Prestou por várias vezes informação a outros colegas que precisavam delas. Pode agora dizer até que não cobrou por isso. É da abertura e do contacto entre profissionais, estendidos aos profissionais homólogos de outros paises através dos mecanismoos próprios de cada atividade, que resulta a perceção e a avaliação dos fornecedores. Isto é, nunca precisou de agencias de rating nas suas áreas de atividade (embora as houvesse) , e sempre lamentou que as estruturas hierárquicas nunca tivessem aceite esse conhecimento para denunciar o preço anormalmente baixo que por vezes era proposto por fornecedores (no fundo, a principal razão para a existencia das chamadas derrapagens nos preços das empreitadas).
Analisando a história, este humilde escriba também é contra o ultimato inglês do mapa cor de rosa, não por impedir a soberania portuguesa sobre os territórios entre Angola e Moçambique, mas porque a ocupação desses territórios, por portugueses ou ingleses, era um ato de puro colonialismo e de absorção de energias do povo português (como aliás foi reconhecido por alguns politicos minoritários da altura). Este blogue não quer ver ninguem a marchar contra canhões.
Do mesmo modo, os clamores que se levantam contra as agencias de rating não são porque na sua essencia elas representam uma contribuição para a acumulação de capital nas mãos de cada vez menos em detrimento e em agravamento das desigualdades relativamente a cada vez mais; são porque existe um orgulho ferido, mas isso tambem existe quando a seleção de futebol perde.
A agravar este panorama, vem o senhor presidente da República "recomendar um pouco mais de estudo aos que sofrem de ignorancia financeira", referindo-se, se a noticia do DN está bem elaborada, à agencia Moody's.
Digo grave, porque é plausivel a ignorancia da agencia da sebenta de finanças publicas do senhor presidente enquanto professor de economia, a qual explicará quando há ou deixa de haver justificação para uma agencia bem comportada subir ou baixar uma notação.
Porem, o grave está em que não é a realidade que tem de se comportar conforme as sebentas^; são as sebentas que têm de refletir e simular a realidade.
No filme Inside Job, conta-se o episódio de Alan Greenspan, o presidente da reserva federal, responsável pela rejeição sistemática "por motivos ideológicos" (lá como cá) de mecanismos de regulação, ter dito, quando confrontado com o facto dos bancos e seguradoras já não poderem receber os empréstimos àqueles juros (a tal taxa de alavancagem ou razão excessiva entre o crédito concedido e os ativos), que só um licenciado em matemática poderia demonstrar essa impossibilidade; e não fez nada a seguir, dando no que deu.
Analogamente, de acordo com o procedimento científico, a comunidade agradecia que fossem apresentados cálculos para justificar os comentários do senhor presidente, mesmo que seja necessário convocar especialistas de matemática para calcular a possibilidade ou a impossibilidade do setor público pagar os seus empréstimos com estes juros e estes prazos, e o setor privado tambem (pede-se insistentemente que expliquem aos portugueses para onde vai o dinheiro que vai chegando dos empréstimos, que é o que qualquer cidadão faz em sua casa, querer saber quanto gasta em alimentação, em escolas, em água, luz, telemóveis,etc, para decidir onde cortar; se não souber a distribuição de gastos, os cortes serão cegos, que é o pior que podem ser).
É assim que se faz na ciencia (e só assim se poderá decidir se é ou não de renegociar a dívida), mas infelizmente os indicios são cada vez mais fortes de que na economia se evolui em sentido inverso ao da ciencia.
O que é pena, muita pena, e mais preocupante do que um orgulho ferido.
Caros Senhores
Acusamos a receção da vossa encomenda com amostras de lixo produzido no vosso país.
Analisadas as amostras, é nosso parecer que o lixo é de boa qualidade e suscetível de ser reciclado com boas perspetivas de retorno do capital investido nas instalações de reciclagem.
Prometemos assim ponderar este facto nas próximas avaliações que fizermos da vossa economia.
Aproveitamos a ocasião para reafirmar também o nosso próprio patriotismo, como facilmente compreenderão através da nossa contribuição para a luta do dólar contra o euro pelo controle das exportações.
Não podemos porém deixar de manifestar alguma estranheza pelas declarações do senhor presidente da vossa república, que ainda na ultima campanha eleitoral afirmou, e citamos, "que não vale a pena recriminar as agencias de rating, o que devemos fazer é o nosso trabalho", e que na sua própria campanha eleitoral afirmava que não devemos morder a mão de quem nos empresta dinheiro.
Somos levados a pensar que o vosso moicano (piada nossa, por Jeronimo ser o nome do ultimo grande chefe indío independente dos USA) tem razão quando diz que os clamores do vosso presidente são de "circunstancia e não correspondem às suas reais posições politicas".
É verdade que nós recebemos muito dinheiro das vossas câmaras municipais, das vossas empresas, dos vossos bancos, do vosso estado, para vos podermos avaliar.
Mas é o nosso trabalho e vocês acreditaram nele até há bem pouco tempo, enquanto vos demos uma boa notação. O carrasco tambem tem o trabalho dele e quem não gosta que haja carrascos deveria votar contra existencia da pena de morte, não seria?
Ainda há poucos anos o Metro de Lisboa tinha uma notação impecável e conseguia obter empréstimos a juros baixissimos para fazer obras de expansão que deveriam ter sido integralmente pagas pelas contas do estado e pelos fundos dos organismos europeus de investimento, mas que ficaram na contabilidade do Metro.
Durante anos os privados portugueses foram aumentando a dívida até 230% do PIB, todos os diretores de bancos e professores das faculdades de economia estavam a ver, e agora queixam-se de nós?
Foi um pouco a técnica dos canibais, que alimentam bem as suas vítimas antes do sacrifício supremo, mas são as regras do jogo.
Não há lei nenhuma que proiba a Europa de ter uma agencia de rating.
Escusavam de nos pagar a nós.
Mas ainda não se entenderam se seria uma agencia privada, como os liberais da UE mais liberais que Adam Smith querem para dar negócios aos amigos (inveja da Goldman Sachs e de Henry Paulsen?) ou se seria uma agencia publica.
Claro que nesse caso toda a gente iria protestar que era preciso garantir a independencia dos governos.
Nos tempos que correm é dificil ser independente seja do que for.
É mais fácil ser dependente.
Mas já foram desenvolvidas para a ciencia e para a industria técnicas de controle mutuo de quaisquer organismos produtivos, alem de que a democracia tem um mecanismo muito simples. Quem preside ao Banco Central Europeu deveria aceder ao seu cargo através de eleições pelos cidadãos e cidadãs, e as tais agencias deveriam subordinar as suas decisões a programas de ação sufragados ou, pelo menos referendados.
Simples.
Mas nós gostariamos ainda, se não levassem a mal, e com a intenção de fazer alguma pedagogia, que para isso somos consultores bem remunerados, de fazer um pequeno enquadramento e umas sugestões para melhoria da vossa notação, enquanto os esforços do vosso governo não dão resultados (porque tais resultados levam sempre anos) nas estratégias de melhoria dos resultados do PISA em matemática, compreensão da linguagem e ciencias fisicas e naturais, de combate ao insucesso escolar, de prevenção da criminalidade, de diminuição do desemprego.
Sem querer menosprezar a vossa história e os vossos sucessos atuais em muitos domínios, queremos recordar-vos uma história exemplar passada com o vosso empreendimento do Alqueva.
Durante anos, uma minoria de vós lutou para que ele fosse para a frente. Com muita dificuldade conseguiram (um caso semelhante ao do porto de Sines, que já deu provas, e à linha de TGV para Madrid, que querem matar à nascença), e por isso estão de parabens, essa minoria e toda a população portuguesa.
Mas não é a história do Alqueva que nos interessa recordar.
É a história do que se passou quando sobreveio um período de seca e a albufeira já se encontrava 80% cheia.
Uma delegação de agricultores alentejanos veio ao ministério da agricultura, em Lisboa, pedir medidas e a declaração do estado de emergencia. Entretanto, um grupo de agricultores espanhois da Estremadura foi à câmara de Mourão e pediu autorização para estender até à albufeira tubos de polietileno de 1 e 1/4 polegadas de diametro, alguns dos quais com 1000 metros de comprimento, para alimentar as suas bombas e regar as plantações.
Daí a uns meses caiu chuva em abundancia (a inveja que nós, americanos, temos do vosso clima temperado), o nivel da água na albufeira subiu e os espanhois retiraram os seus tubos e venderam os seus produtos.
Felizmente, sabemos que há quem, neste momento, invista e trabalhe no Alqueva, mas esta história é exemplar, e muitas vezes há quem queira trabalhar e uns senhores que mandam aparecem e não os deixam trabalhar.
Lá no Alentejo até há aquele exemplo da reforma agrária, que só descansaram quando acabaram com ela e conseguiram reduzir a superfície de terra cultivada depois de 1979 (mais uma vez chamamos a atenção, para que não haja melindres, que nem todos contribuiram para isso, sendo de destacar o aumento da área de plantação de vinhas e a qualidade dos vinhos produzidos, perfeitamente à altura dos nossos melhores californianos).
Claro que é dificil investir, e o principal problema são as dificuldades para o arranque de qualquer investimento. Quem tenha uma casa a cair ou um terreno coberto de mato não tem nenhuma garantia de que o seu investimento terá custos controlados e terá bom fim. A solução seria gabinetes junto das câmaras municipais de apoio técnico aos privados para elaborarem os seus projetos de investimento e controlarem os custos. É sempre o primeiro passo que mais custa e nada se faz se ele não for dado. O mercado livre a funcionar neste caso já se viu que não dá (quem disse que nos USA os departamentos federais não têm força?) por causa da tal assimetria de informação, da escassez de agentes económicos e da natureza de externalidade dos problemas.
Ainda dentro do enquadramento da situação, recordamos as promessas de desenvolvimento da vossa economia nos anos 60 do século passado, consequencia da acumulação de capital durante a segunda grande guerra, dos dinheiros do turismo e das remessas de emigrantes. Apesar da vossa economia condicionada (a teoria era mesmo chamada de "condicionamento industrial") e apesar dos gastos da guerra ou guerras coloniais houve desenvolvimento industrial. (É o nosso grande problema agora, não aprendemos com o Vietnam; o Iraque e o Afeganistão estão a exaurir-nos, e um dia destes vamos começar a baixar a notação dos USA; mas para isso temos de baixar primeiro a da Alemanha e a da França, e só depois a da Inglaterra, embora ela esteja pior, mas temos de proteger os nossos amigos).
Depois, nos anos 70 e 80, enviámo-vos uns gurus de gestão, primeiro Porter e depois Drucker, que concluiram que, independentemente das novas tecnologias, deveriam concentrar-se nos "clusters" ou grupos tradicionais (vinho, azeite, turismo, cortiça, moldes de plásticos, fibras texteis, calçado, construção naval)
É o que vos sugerimos agora:
- turismo, mas não se preocupem que seja de luxo; turismo de massas é bom para haver muitas entradas de capital, e especialmente no interior, por exemplo aproveitando o aeroporto de Beja e os castelos abandonados do Alentejo
- emigração, claro que, agora, deve ser de mão de obra qualificada; preocupem-se em mandar os jovenzinhos o mais cedo possivel, para não estarem a subsidiar os paises ricos com a formação universitária deles
- setores tradicionais devidamente atualizados
- acordos especiais com os BRIC (vocês até falam brasileiro e dão-se bem com os chineses)
- autonomia alimentar
- contenção nas importações (andem mais de transportes coletivos, não comprem tantos SUV asiáticos)
- apoio técnico de cariz público para "desencalhar" os pequenos investimentos privados
Se assim fizerem, juntamente com os vossos amigos gregos, que têm umas ilhas maravilhosas (parece que com os irlandeses não é preciso gastar tanta argumentação) se as coisas derem para o torto, não será por vossa culpa.
E estamos em crer que será melhor para todos.
Não vos poderemos sugar tanto, porque vocês serão mais auto-suficientes, mas cá nos aguentaremos e amigos, amigos, notações à parte.
Os nossos melhores cumprimentos.
PS - Este blogue assiste com alguma surpresa à reação supostamente patriótica contra as agencias de rating. Por razões ideológicas, este blogue é efetivamente contra a existencia de agencias de rating. Na sua profissão, este humilde escriba sempre teve a imodéstia de julgar conhecer a competencia técnica dos atores económicos nas suas próprias áreas de intervenção. E, quando tinha duvidas, perguntava a colegas mais próximos das especialidades envolvidas. Prestou por várias vezes informação a outros colegas que precisavam delas. Pode agora dizer até que não cobrou por isso. É da abertura e do contacto entre profissionais, estendidos aos profissionais homólogos de outros paises através dos mecanismoos próprios de cada atividade, que resulta a perceção e a avaliação dos fornecedores. Isto é, nunca precisou de agencias de rating nas suas áreas de atividade (embora as houvesse) , e sempre lamentou que as estruturas hierárquicas nunca tivessem aceite esse conhecimento para denunciar o preço anormalmente baixo que por vezes era proposto por fornecedores (no fundo, a principal razão para a existencia das chamadas derrapagens nos preços das empreitadas).
Analisando a história, este humilde escriba também é contra o ultimato inglês do mapa cor de rosa, não por impedir a soberania portuguesa sobre os territórios entre Angola e Moçambique, mas porque a ocupação desses territórios, por portugueses ou ingleses, era um ato de puro colonialismo e de absorção de energias do povo português (como aliás foi reconhecido por alguns politicos minoritários da altura). Este blogue não quer ver ninguem a marchar contra canhões.
Do mesmo modo, os clamores que se levantam contra as agencias de rating não são porque na sua essencia elas representam uma contribuição para a acumulação de capital nas mãos de cada vez menos em detrimento e em agravamento das desigualdades relativamente a cada vez mais; são porque existe um orgulho ferido, mas isso tambem existe quando a seleção de futebol perde.
A agravar este panorama, vem o senhor presidente da República "recomendar um pouco mais de estudo aos que sofrem de ignorancia financeira", referindo-se, se a noticia do DN está bem elaborada, à agencia Moody's.
Digo grave, porque é plausivel a ignorancia da agencia da sebenta de finanças publicas do senhor presidente enquanto professor de economia, a qual explicará quando há ou deixa de haver justificação para uma agencia bem comportada subir ou baixar uma notação.
Porem, o grave está em que não é a realidade que tem de se comportar conforme as sebentas^; são as sebentas que têm de refletir e simular a realidade.
No filme Inside Job, conta-se o episódio de Alan Greenspan, o presidente da reserva federal, responsável pela rejeição sistemática "por motivos ideológicos" (lá como cá) de mecanismos de regulação, ter dito, quando confrontado com o facto dos bancos e seguradoras já não poderem receber os empréstimos àqueles juros (a tal taxa de alavancagem ou razão excessiva entre o crédito concedido e os ativos), que só um licenciado em matemática poderia demonstrar essa impossibilidade; e não fez nada a seguir, dando no que deu.
Analogamente, de acordo com o procedimento científico, a comunidade agradecia que fossem apresentados cálculos para justificar os comentários do senhor presidente, mesmo que seja necessário convocar especialistas de matemática para calcular a possibilidade ou a impossibilidade do setor público pagar os seus empréstimos com estes juros e estes prazos, e o setor privado tambem (pede-se insistentemente que expliquem aos portugueses para onde vai o dinheiro que vai chegando dos empréstimos, que é o que qualquer cidadão faz em sua casa, querer saber quanto gasta em alimentação, em escolas, em água, luz, telemóveis,etc, para decidir onde cortar; se não souber a distribuição de gastos, os cortes serão cegos, que é o pior que podem ser).
É assim que se faz na ciencia (e só assim se poderá decidir se é ou não de renegociar a dívida), mas infelizmente os indicios são cada vez mais fortes de que na economia se evolui em sentido inverso ao da ciencia.
O que é pena, muita pena, e mais preocupante do que um orgulho ferido.
Religo VII - O senhor cardeal não ficou impressionado
O senhor cardeal de Lisboa declarou que o corte do subsídio de Natal era uma medida equilibrada.
Justificou por ser aplicada acima de um limite, pelo que quem mais recebe, mais pagará.
E acrescentou que era uma medida que não o impressionava.
(No tempo do escudo, nunca havia cortes; os senhores ministros das finanças podiam diminuir os salários reais através da desvalorização do escudo e da subida do custo de vida. Impressionaria isso mais do que os cortes?)
Apelou ainda a que os portugueses colaborassem com o governo para pôr Portugal a funcionar com genica, e que não se limitassem a pensar apenas na própria comodidade (ai, a costela de culpa sistemática da tradição judaico-cristã).
Ouvi-o a dizer isto na rádio, e pareceu-me triste , o senhor.
Possivelmente sentiu que fazia o mesmo que Cristo, ou o que dizem os escritos que ele fazia, ao remeter para Cesar a função de recolha do imposto.
Talvez tenha tambem pensado que as pessoas se devem libertar das preocupações materiais para mais facilmente se despegarem de parte significativa do dinheiro do subsidio de Natal.
Mas poderia ir mais longe.
Poderia ter citado os atos dos Apóstolos, e recomendar aos grandes grupos económicos, sociedades financeiras e bancos, que fizessem o que lá vem nesses Atos: a colocação em comum das mais valias obtidas para serviço e coesão da comunidade, entendendo coesão como medida inversa das desigualdades.
Estaria então o cardeal a pregar a teologia do imposto sobre os lucros dos bancos e grupos económicos, e então talvez se lembrasse do que os próprios membros da igreja católica portuguesa vêm dizendo, que a fome chegou à classe média.
Seria por pensar nisto e não o dizer por se sentir constrangido, que falou com um ar tão melancólico?
Pena a igreja católica deste país não despegar do governo, apesar da lei da laicidade. Assim não devemos criticar a influencia religiosa em paises como a Turquia. Como dizia Cristo, ou os escritos por ele, vê-se mais facilmente o defeito ocular nos outros. Ou parafraseando Ronaldo, com estratégias religiosas destas não ganhamos o jogo.
Fico eu impressionado com os cortes, para compensar a não impressão do senhor cardeal.
Justificou por ser aplicada acima de um limite, pelo que quem mais recebe, mais pagará.
E acrescentou que era uma medida que não o impressionava.
(No tempo do escudo, nunca havia cortes; os senhores ministros das finanças podiam diminuir os salários reais através da desvalorização do escudo e da subida do custo de vida. Impressionaria isso mais do que os cortes?)
Apelou ainda a que os portugueses colaborassem com o governo para pôr Portugal a funcionar com genica, e que não se limitassem a pensar apenas na própria comodidade (ai, a costela de culpa sistemática da tradição judaico-cristã).
Ouvi-o a dizer isto na rádio, e pareceu-me triste , o senhor.
Possivelmente sentiu que fazia o mesmo que Cristo, ou o que dizem os escritos que ele fazia, ao remeter para Cesar a função de recolha do imposto.
Talvez tenha tambem pensado que as pessoas se devem libertar das preocupações materiais para mais facilmente se despegarem de parte significativa do dinheiro do subsidio de Natal.
Mas poderia ir mais longe.
Poderia ter citado os atos dos Apóstolos, e recomendar aos grandes grupos económicos, sociedades financeiras e bancos, que fizessem o que lá vem nesses Atos: a colocação em comum das mais valias obtidas para serviço e coesão da comunidade, entendendo coesão como medida inversa das desigualdades.
Estaria então o cardeal a pregar a teologia do imposto sobre os lucros dos bancos e grupos económicos, e então talvez se lembrasse do que os próprios membros da igreja católica portuguesa vêm dizendo, que a fome chegou à classe média.
Seria por pensar nisto e não o dizer por se sentir constrangido, que falou com um ar tão melancólico?
Pena a igreja católica deste país não despegar do governo, apesar da lei da laicidade. Assim não devemos criticar a influencia religiosa em paises como a Turquia. Como dizia Cristo, ou os escritos por ele, vê-se mais facilmente o defeito ocular nos outros. Ou parafraseando Ronaldo, com estratégias religiosas destas não ganhamos o jogo.
Fico eu impressionado com os cortes, para compensar a não impressão do senhor cardeal.
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sexta-feira, 8 de julho de 2011
Obama - dívida pública
Considerando que a dívida pública dos USA anda à volta de 100% do PIB e não pára de crescer (culpa dos trabalhadores portugueses e gregos preguiçosos?), a constituição dos USA impõe a aprovação pelo congresso do aumento do limite de endividamento.
E o congresso está-se a fazer rogado.
Senão, como diz Paul Krugman, as agencias de rating passam a considerar os USA como incumpridores, ou então os USA aplicam umas medidas de austeridade à grega ou à portuguesa.
Admirável mundo novo, mau para os fracos e para os fortes.
Eu diria, que sou ignorante em economia mas já há muitos anos que estudei a história do império romano,que nenhuma nação pode suportar um esforço de guerra como o dos USA, querendo manter o dolar como referencia.
E o congresso está-se a fazer rogado.
Senão, como diz Paul Krugman, as agencias de rating passam a considerar os USA como incumpridores, ou então os USA aplicam umas medidas de austeridade à grega ou à portuguesa.
Admirável mundo novo, mau para os fracos e para os fortes.
Eu diria, que sou ignorante em economia mas já há muitos anos que estudei a história do império romano,que nenhuma nação pode suportar um esforço de guerra como o dos USA, querendo manter o dolar como referencia.
E as outras nações sofrem as consequencias.
Os imperadores romanos já sabiam isso.
Mais informações em qualquer faculdade de História Antiga nos USA.
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divida publica dos USA,
Obama
Obama - Afeganistão
Bom, agora ja se pode negociar com os talibans sem que chamem traidores a quem dizia isso já há anos (obviamente sem reconhecer legitimidade às suas barbaridades).
E o plano agora é a saida de todas as tropas até 2014.
Lembro-me de ter lido que era 2011.
Mais promessas falhadas.
E o plano agora é a saida de todas as tropas até 2014.
Lembro-me de ter lido que era 2011.
Mais promessas falhadas.
Digo isto porque nenhuma nação pode suportar um esforço de guerra destes.
E as outras nações sofrem as consequencias.
Os imperadores romanos já sabiam isso.
Mais informações em qualquer faculdade de História Antiga nos USA.
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Afeganistão,
Obama
Obama - Iraque
Damned.
Já é oficial, vai falhar-se o objetivo da retirada do Iraque de todas as tropas operacionais dos USA até o fim de 2011.
Era o que me queria parecer, era apenas uma promessa eleitoral para cumprir ou talvez não.
Continua assim a existir pouca credibilidade relativamente aos planos do exército dos USA.
Digo isto porque nenhuma nação pode suportar um esforço de guerra destes.
E as outras nações sofrem as consequencias.
Os imperadores romanos já sabiam isso.
Mais informações em qualquer faculdade de História Antiga nos USA.
Já é oficial, vai falhar-se o objetivo da retirada do Iraque de todas as tropas operacionais dos USA até o fim de 2011.
Era o que me queria parecer, era apenas uma promessa eleitoral para cumprir ou talvez não.
Continua assim a existir pouca credibilidade relativamente aos planos do exército dos USA.
Digo isto porque nenhuma nação pode suportar um esforço de guerra destes.
E as outras nações sofrem as consequencias.
Os imperadores romanos já sabiam isso.
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retirada do Iraque
Paula Rego - Oratório
Impressionante a pintura de Paula Rego, não por ser bonita, mas por conseguir passar para a tela muito do que é ser humano.
Como neto de um abandonado na roda da Misericórdia de Coimbra, aplaudo.
Imagino que Freud teria avançado mais depressa nas suas investigações se tivesse visto este Oratório dedicado às crianças abandonadas, e estes "cotovelos".
Com a devida vénia ao DN que publicou as fotos, esperando não estar a violar as sacrossantas leis autorais, mas sugerindo a visita à exposição.
Como neto de um abandonado na roda da Misericórdia de Coimbra, aplaudo.
Imagino que Freud teria avançado mais depressa nas suas investigações se tivesse visto este Oratório dedicado às crianças abandonadas, e estes "cotovelos".
Com a devida vénia ao DN que publicou as fotos, esperando não estar a violar as sacrossantas leis autorais, mas sugerindo a visita à exposição.
Reduzir o número de municípios e de freguesias
Desgosto.
Há uma coisa no memorando da troica com a qual este blogue concorda.
E é logo nesta coisa que o senhor secretário de estado da administração local vem dizer que não é bem como se diz no memorando.
Transcrevo do memorando:
3.44. Reorganizar a estrutura da administração local. Existem actualmente 308 municípios e 4.259
freguesias. Até Julho 2012, o Governo desenvolverá um plano de consolidação para reorganizar e
reduzir significativamente o número destas entidades.
Mas o senhor secretário de estado vem agora dizer que "reduzir o numero de câmaras municipais não é eixo basilar do programa do governo". Ficam-se pela fusão das juntas de freguesia, alegando que os municipios do interior são "âncoras" (linguagem tipo grande centro comercial, não é?).
Peço desculpa, mas assim não se cumpre o que lá está escrito - o que lá está escrito é "destas entidades", sendo estas entidades freguesias e municípios. E as âncoras seriam mais fortes se se fundissem municípios. Uma organização descentralizada, possivel com os meios informáticos existentes (e, já agora, facilitada pelo excesso de auto-estradas existente), seria ainda mais forte. Não é saudável desfocar o debate centrando-o nas freguesias, onde eliminar postos me parece ser dificil converter em eficiência, contrariamente aos municipios (fundem-se ministérios, não se fundem municípios?).
Mas o mal não é não se cumprir o memorando, o mal é haver câmaras a mais, cuja justificação é a auto-estima dos respetivos dirigentes, os interesses económicos de grupos locais e o carinho pelos votos dos eleitores que fazem manifestações para que a sua terra tambem seja câmara municipal.
O melhor exemplo do excesso de câmaras são as câmaras à volta de Lisboa.
Há anos que o senhor gestor Jorge Coelho denunciou a inconformidade da pulverização de câmaras na área metropolitana de Lisboa.
Pois depois disso ainda se criou a câmara de Odivelas.
A confusão urbanistica campeia em câmaras como a da Amadora, muitas vezes à volta de projetos falhados junto de estações de metro (lembram-se do contrato junto da estação de Amadora Este, primeiro conhecida como da Falagueira, com aquele senhor empresário que convidou Durão Barroso para a sua ilha brasileira?).
Cidades como Londres reformaram a sua organização, exemplarmente.
Em Portugal, Porto é um municipio e Gaia é outro. Não é o que se passa em Budapeste.
E já imaginaram se a rive droite fosse um municipio e a rive gauche outro?
Mas estas coisas são tratadas com a habitual superioridade e auto-suficiencia dos gestores à portuguesa, isto é, esta associação pretensiosa de que o paráclito ilumina o gestor, dispensa o debate alargado com a população e desvaloriza as opiniões discordantes.
É uma pena, não há meio dos gestores terem tempo para ler a Sabedoria das Mutidões, de James Surowiecky, para verem os requisitos do trabalho em equipa.
Há uma coisa no memorando da troica com a qual este blogue concorda.
E é logo nesta coisa que o senhor secretário de estado da administração local vem dizer que não é bem como se diz no memorando.
Transcrevo do memorando:
3.44. Reorganizar a estrutura da administração local. Existem actualmente 308 municípios e 4.259
freguesias. Até Julho 2012, o Governo desenvolverá um plano de consolidação para reorganizar e
reduzir significativamente o número destas entidades.
Mas o senhor secretário de estado vem agora dizer que "reduzir o numero de câmaras municipais não é eixo basilar do programa do governo". Ficam-se pela fusão das juntas de freguesia, alegando que os municipios do interior são "âncoras" (linguagem tipo grande centro comercial, não é?).
Peço desculpa, mas assim não se cumpre o que lá está escrito - o que lá está escrito é "destas entidades", sendo estas entidades freguesias e municípios. E as âncoras seriam mais fortes se se fundissem municípios. Uma organização descentralizada, possivel com os meios informáticos existentes (e, já agora, facilitada pelo excesso de auto-estradas existente), seria ainda mais forte. Não é saudável desfocar o debate centrando-o nas freguesias, onde eliminar postos me parece ser dificil converter em eficiência, contrariamente aos municipios (fundem-se ministérios, não se fundem municípios?).
Mas o mal não é não se cumprir o memorando, o mal é haver câmaras a mais, cuja justificação é a auto-estima dos respetivos dirigentes, os interesses económicos de grupos locais e o carinho pelos votos dos eleitores que fazem manifestações para que a sua terra tambem seja câmara municipal.
O melhor exemplo do excesso de câmaras são as câmaras à volta de Lisboa.
Há anos que o senhor gestor Jorge Coelho denunciou a inconformidade da pulverização de câmaras na área metropolitana de Lisboa.
Pois depois disso ainda se criou a câmara de Odivelas.
A confusão urbanistica campeia em câmaras como a da Amadora, muitas vezes à volta de projetos falhados junto de estações de metro (lembram-se do contrato junto da estação de Amadora Este, primeiro conhecida como da Falagueira, com aquele senhor empresário que convidou Durão Barroso para a sua ilha brasileira?).
Cidades como Londres reformaram a sua organização, exemplarmente.
Em Portugal, Porto é um municipio e Gaia é outro. Não é o que se passa em Budapeste.
E já imaginaram se a rive droite fosse um municipio e a rive gauche outro?
Mas estas coisas são tratadas com a habitual superioridade e auto-suficiencia dos gestores à portuguesa, isto é, esta associação pretensiosa de que o paráclito ilumina o gestor, dispensa o debate alargado com a população e desvaloriza as opiniões discordantes.
É uma pena, não há meio dos gestores terem tempo para ler a Sabedoria das Mutidões, de James Surowiecky, para verem os requisitos do trabalho em equipa.
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fusão de câmaras municipais
quinta-feira, 7 de julho de 2011
O menino sádico, as formigas e as reações dos senhores politicos à notação da Moody's
Este blogue reafirma que detesta escrever sobre política.
Mas o comportamento dos cérebros das pessoas perante estes fenómenos é, como diria Mr Spock, fascinante.
Além disso, neste blogue sofre-se tambem do complexo de quem acha ter dito umas verdades há uns tempos sem que lhe tivessem dado a devida atenção e, só passadas eternidades (em medidas cronológicas ou em irreversibilidade das consequencias) as terem reconhecido. Por isso foi buscar o nome do grego do século III antes de Cristo que já tinha medido o comprimento do arco do minuto terrestre (a milha), o qual só foi aceite pela marinha inglesa (graças à Royal Society) no século XVIII. Vá que a partir de então toda a gente aceita os 1852m e não se fala mais nisso.
Coisa que não acontece com estas coisas da economia política (isto é, ainda não chegámos ao século XVIII).
Mas lá chegaremos, se não dermos cabo de tudo, claro.
Isto a propósito das reações dos senhores politicos à notação Ba2 atribuida pela agencia Moody's (12ª em 21), com a devida vénia ao DN:
- o senhor primeiro ministro: "é o chamado murro no estomago"
- o senhor presidente da Republica: "não há a minima justificação"
- o senhor ministro da AI: "esta decisão não teve em conta um conjunto
de decisões adotadas ou a adotar pelo
governo"
- o ministério das Finanças: "esta decisão não teve em conta o corte do
subsídio de Natal"
- a senhora ex-ministra das finanças: "é uma decisão leviana mais contra o euro do que
contra Portugal"
- o senhor presidente da Comissão Europeia: "Lamento esta decisão. Portugal não deve deixar-
se desmoralizar nem desmotivar".
Salta-me então à ideia a metáfora do menino sádico que se entretem a despejar baldes de água sobre os carreiros e os ninhos de formigas (a metáfora não pretende comparar as agencias de rating ao menino sádico, aviso já, eles coitados são obrigados, como o carrasco, a fazer o trabalho deles).
Imagino a conversa entre as formigas a tentarem justificar a tragédia quando a água despejada afoga uma grande quantidade de formigas solidárias e trabalhadoras, as sobreviventes lá conseguem alguma recuperação, depois lá vem mais um balde de água ou mesmo uma pézada do menino sádico.
E é sempre possivel um grupo de formigas mais vivaças convencer a maioria de que a culpa foi doutras formigas. Antigamente era mais fácil dizer que a culpa era das formigas comunistas e dos sindicatos que elas manipulavam. Mas agora, com as agencias de rating, é mais complicado.
A verdade, é que, durante a campanha eleitoral para a presidencia da Republica e para o Parlamento, foi amplamente utilizado o argumento de que não votar nos senhores politicos que vieram a ganhar as eleições iria provocar o abaixamento das notações das agencias de rating e a elevação das taxas de juro a niveis incomportaveis de pagamento (quanto mais dificuldade tem uma pessoa de pagar os juros de um empréstimo mais elevada é a taxa de juro? parece o Shylock do mercador de Veneza, de Shakespeare; resposta: porque estatisticamente, ficarão alguns emprestimos por pagar, mas aqueles que são pagos cobrem os que não são pagos; por outras palavras: desigualdade de tratamento). O candidato vencedor das eleições presidenciais até afirmou que não se devia morder a mão de quem nos emprestava dinheiro (é isso, não leu o mercador de Veneza de Shakespeare, em que é o emprestador que quer morder legalmente o endividado insolvente, e não sou eu quem lhe enviará um exemplar para o palácio presidencial, que é tarefa que competirá, salvo melhor opinião, ao senhor secretário de estado da cultura).
Mas tenho de dar razão ao comentador do DN quando diz que, mesmo que, para alem de cortar no 14º mês, o governo virasse o contribuinte de pés para cima, para que os ultimos trocos caissem para o fisco apanhar, ainda assim os baldes de água seriam lançados sobre as pequenas formigas.
Pela simples razão, como disse a senhora ex-ministra das finanças, que o menino sádico se vai entreter a lançar baldes sobre as formigas médias, aquelas das longitudes e latitudes europeias e, de acordo com a noticia de hoje do DN, que dá conta da dificuldade de Obama para aprovar o aumento do endividamento dos USA, já há baldes cheios de água para deitar em cima das formigas grandes.
Ora, tal como no caso das formigas, não eram os fulanos que recolheriam as preferencias dos eleitores que iam influenciar as agencias de rating.
Pelo que, como cidadão, tenho de ponderar a hipótese de que houve uma intenção deliberada de induzir os cidadãos ao voto mediante premissas falsas, o que eventualmente retirará legitimidade ao exercício ds cargos de acordo com os respetivos programas eleitorais (aconteceu há uns anos no Brasil: os cidadãos organizaram manifestações em que diziam "Devolva-me o meu voto", e na Hungria, em que o candidato que ganhou as eleições confessou ter mentido na campanha).
A menos que, como dizia o comentador do DN, a credulidade nos dogmas adam smithistas das privatizações e a generosidade juvenil do novo governo sejam sinceras.
De modo que eu proporia ao senhor presidente da Republica e ao senhor primeiro ministro (as pessoas, quando levam murros no estomago, devem ser ajudadas pelas outras pessoas, quer sejam de direita, quer sejam de esquerda, a endireitarem-se, e quem leva os murros deve aceitar a ajuda sem perguntar se a ajuda é compativel ou não com os principios ideológicos) que se virassem com humildade para os partidos que se sentam mais à esquerda no Parlamento e ponderassem bem as sugestões que de lá veem, para que os sacrificios se estendam tambem aos lucros e às transações dos bancos, das seguradoras, das financeiras, dos off-shores, dos grandes grupos económicos (do poder insaciável na sombra e não só do poder explicito, como diz a deputada Maria de Belem), tal como Durão Barroso concordou, quando lamentou o G20 não querer ajudar.(e não, e não só, então quando se começa a tratar a sério dos eurobonds, da agencia de notação europeia publica com mecanismos de controle dependentes de resultados eleitorais, da libertação do BCE relativamente à banca privada, etc, etc?).
Para que se comece a pensar a sério na renegociação da dívida (o exemplo da Islandia não serve?)
Para que se fizesse como na Medicina, ou na reparação eletrónica: põe-se um marcador ou injeta-se um sinal à entrada e vai ver-se onde ele vai parar, refiro-me ao destino dos tais 12 mil milhões de euros que entraram recentemente; saber para onde eles foram, se para os 130% do PIB da divida publica e empresas publicas, se para os 230% do endividamento privado e atuar em conformidade, com planos de reconversão das empresas que contribuem para a gordura do endividamento privado.
É que ninguem quer que os senhores deixem os vossos cargos, mas que os exerçam envolvendo o maior numero possivel de cidadãos e cidadãs, com todas as dificuldades que nós portugueses temos em trabalhar em grupo, e com a necessidade que temos de saber que os sacrificios estão repartidos por todos, como dizia Adam Smith, "conforme as suas possibilidades".
Mas o comportamento dos cérebros das pessoas perante estes fenómenos é, como diria Mr Spock, fascinante.
Além disso, neste blogue sofre-se tambem do complexo de quem acha ter dito umas verdades há uns tempos sem que lhe tivessem dado a devida atenção e, só passadas eternidades (em medidas cronológicas ou em irreversibilidade das consequencias) as terem reconhecido. Por isso foi buscar o nome do grego do século III antes de Cristo que já tinha medido o comprimento do arco do minuto terrestre (a milha), o qual só foi aceite pela marinha inglesa (graças à Royal Society) no século XVIII. Vá que a partir de então toda a gente aceita os 1852m e não se fala mais nisso.
Coisa que não acontece com estas coisas da economia política (isto é, ainda não chegámos ao século XVIII).
Mas lá chegaremos, se não dermos cabo de tudo, claro.
Isto a propósito das reações dos senhores politicos à notação Ba2 atribuida pela agencia Moody's (12ª em 21), com a devida vénia ao DN:
- o senhor primeiro ministro: "é o chamado murro no estomago"
- o senhor presidente da Republica: "não há a minima justificação"
- o senhor ministro da AI: "esta decisão não teve em conta um conjunto
de decisões adotadas ou a adotar pelo
governo"
- o ministério das Finanças: "esta decisão não teve em conta o corte do
subsídio de Natal"
- a senhora ex-ministra das finanças: "é uma decisão leviana mais contra o euro do que
contra Portugal"
- o senhor presidente da Comissão Europeia: "Lamento esta decisão. Portugal não deve deixar-
se desmoralizar nem desmotivar".
Salta-me então à ideia a metáfora do menino sádico que se entretem a despejar baldes de água sobre os carreiros e os ninhos de formigas (a metáfora não pretende comparar as agencias de rating ao menino sádico, aviso já, eles coitados são obrigados, como o carrasco, a fazer o trabalho deles).
Imagino a conversa entre as formigas a tentarem justificar a tragédia quando a água despejada afoga uma grande quantidade de formigas solidárias e trabalhadoras, as sobreviventes lá conseguem alguma recuperação, depois lá vem mais um balde de água ou mesmo uma pézada do menino sádico.
E é sempre possivel um grupo de formigas mais vivaças convencer a maioria de que a culpa foi doutras formigas. Antigamente era mais fácil dizer que a culpa era das formigas comunistas e dos sindicatos que elas manipulavam. Mas agora, com as agencias de rating, é mais complicado.
A verdade, é que, durante a campanha eleitoral para a presidencia da Republica e para o Parlamento, foi amplamente utilizado o argumento de que não votar nos senhores politicos que vieram a ganhar as eleições iria provocar o abaixamento das notações das agencias de rating e a elevação das taxas de juro a niveis incomportaveis de pagamento (quanto mais dificuldade tem uma pessoa de pagar os juros de um empréstimo mais elevada é a taxa de juro? parece o Shylock do mercador de Veneza, de Shakespeare; resposta: porque estatisticamente, ficarão alguns emprestimos por pagar, mas aqueles que são pagos cobrem os que não são pagos; por outras palavras: desigualdade de tratamento). O candidato vencedor das eleições presidenciais até afirmou que não se devia morder a mão de quem nos emprestava dinheiro (é isso, não leu o mercador de Veneza de Shakespeare, em que é o emprestador que quer morder legalmente o endividado insolvente, e não sou eu quem lhe enviará um exemplar para o palácio presidencial, que é tarefa que competirá, salvo melhor opinião, ao senhor secretário de estado da cultura).
Mas tenho de dar razão ao comentador do DN quando diz que, mesmo que, para alem de cortar no 14º mês, o governo virasse o contribuinte de pés para cima, para que os ultimos trocos caissem para o fisco apanhar, ainda assim os baldes de água seriam lançados sobre as pequenas formigas.
Pela simples razão, como disse a senhora ex-ministra das finanças, que o menino sádico se vai entreter a lançar baldes sobre as formigas médias, aquelas das longitudes e latitudes europeias e, de acordo com a noticia de hoje do DN, que dá conta da dificuldade de Obama para aprovar o aumento do endividamento dos USA, já há baldes cheios de água para deitar em cima das formigas grandes.
Ora, tal como no caso das formigas, não eram os fulanos que recolheriam as preferencias dos eleitores que iam influenciar as agencias de rating.
Pelo que, como cidadão, tenho de ponderar a hipótese de que houve uma intenção deliberada de induzir os cidadãos ao voto mediante premissas falsas, o que eventualmente retirará legitimidade ao exercício ds cargos de acordo com os respetivos programas eleitorais (aconteceu há uns anos no Brasil: os cidadãos organizaram manifestações em que diziam "Devolva-me o meu voto", e na Hungria, em que o candidato que ganhou as eleições confessou ter mentido na campanha).
A menos que, como dizia o comentador do DN, a credulidade nos dogmas adam smithistas das privatizações e a generosidade juvenil do novo governo sejam sinceras.
De modo que eu proporia ao senhor presidente da Republica e ao senhor primeiro ministro (as pessoas, quando levam murros no estomago, devem ser ajudadas pelas outras pessoas, quer sejam de direita, quer sejam de esquerda, a endireitarem-se, e quem leva os murros deve aceitar a ajuda sem perguntar se a ajuda é compativel ou não com os principios ideológicos) que se virassem com humildade para os partidos que se sentam mais à esquerda no Parlamento e ponderassem bem as sugestões que de lá veem, para que os sacrificios se estendam tambem aos lucros e às transações dos bancos, das seguradoras, das financeiras, dos off-shores, dos grandes grupos económicos (do poder insaciável na sombra e não só do poder explicito, como diz a deputada Maria de Belem), tal como Durão Barroso concordou, quando lamentou o G20 não querer ajudar.(e não, e não só, então quando se começa a tratar a sério dos eurobonds, da agencia de notação europeia publica com mecanismos de controle dependentes de resultados eleitorais, da libertação do BCE relativamente à banca privada, etc, etc?).
Para que se comece a pensar a sério na renegociação da dívida (o exemplo da Islandia não serve?)
Para que se fizesse como na Medicina, ou na reparação eletrónica: põe-se um marcador ou injeta-se um sinal à entrada e vai ver-se onde ele vai parar, refiro-me ao destino dos tais 12 mil milhões de euros que entraram recentemente; saber para onde eles foram, se para os 130% do PIB da divida publica e empresas publicas, se para os 230% do endividamento privado e atuar em conformidade, com planos de reconversão das empresas que contribuem para a gordura do endividamento privado.
É que ninguem quer que os senhores deixem os vossos cargos, mas que os exerçam envolvendo o maior numero possivel de cidadãos e cidadãs, com todas as dificuldades que nós portugueses temos em trabalhar em grupo, e com a necessidade que temos de saber que os sacrificios estão repartidos por todos, como dizia Adam Smith, "conforme as suas possibilidades".
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agencias de rating
terça-feira, 5 de julho de 2011
Senhor secretário da cultura
Senhor secretário de estado da cultura
Venho chamar-lhe a atenção para mais um caso em que o estado, perdulário, gasta o dinheiro dos contribuintes.
Junto duas fotografias atestando o facto.
No sábado, dia 2 de julho de 2011, passando pela zona do Chiado, verifiquei que o largo em frente do teatro nacional de S.Carlos se encontrava cheio de gente, e que uma orquestra tocava num palco improvisado, ao ar livre.
Informei-me do que tocavam e disseram-me que era a musica do Polichinelo, bailado com canto de Stravinsky, e do Amor brujo, de Manuel de Falla.
Ambas musicas que recolhem uma porção infima das preferencias dos cidadãos e cidadãs deste país e que precisam dos dinheiros do estado para se fazerem ouvir.
De vez em quando passava um elétrico da carreira 28, cheio de turistas e de carteiristas, e que pensarão eles, os turistas do elétrico e aqueles que passavam a pé pelo Chiado?
Possivelmente que Portugal é um país civilizado que mesmo com dificuldade em pagar as suas dividas prefere gastar o pouco dinheiro de que dispõe em cultura.
Resta-nos a esperança que o bom senso impere e acabe por impor uma solução correta para este abuso.
Aliás, como sabe, o bom senso é aquela entidade que deve prevalecer em todos os governos, e que acha que dez quilos de ferro, dentro de uma caixa fechada igual a outra caixa que contem um quilo de algodão, caem mais depressa do que o quilo de algodão quando lançadas as caixas de uma janela, simultaneamente, sem impulso inicial e nas mesmas condições de pressão, temperatura, vento, densidade do ar e posição geométrica de lançamento (Aristóteles achava que o ferro caía mais depressa, mas desde Galileu e o método experimental que se sabe que cai ao mesmo tempo, como qualquer corpo sujeito à aceleração gravítica, 9,8 metros por segundo quadrado).
Com a agravante do concerto ser gratuito, apenas com o mecenato do turismo de Portugal, da fundação EDP, do Millenium BCP, e o apoio institucional da CP, SIC, Radio Renascença, embaixada da Austria, etc, etc.
Por isso, a esperança é a de que, para o ano, não se assista no verão a este desperdício de dinheiros publicos, o que certamente irá contribuir para o reequilíbrio financeiro das contas públicas que o governo a que V.Exa pertence, tão voluntariosamente persegue.
Aplausos para a orquestra Gulbenkian, o seu jovem maestro, os cantores, a maioria portugueses (sujeitando a voz aos riscos de cantar ao ar livre, apesar da amplificação) e à organização. Destaque para o entusiasmo do maestro Cesar Viana, que partilha comigo a ideia de que às tantas não vale a pena perder tempo com muitas questões de administração e de organização, nem com os constrangimentos, que há que dar o esforço para produzir, neste caso musica e cultura.
Temo que os governantes não concordem, e achem que cultura não contribui significativamente para o PIB.
Mas tenhamos esperança, contrária àquela que eu mencionei acima.
Até porque, como homenagem a Fernando Pessoa, que nasceu neste largo, foi citada no inicio do espetáculo a sua quadra:
Numa quinta que não haverá
Há um poço que não há
Aonde há-de ir beber água,
alguém que te entenderá
Venho chamar-lhe a atenção para mais um caso em que o estado, perdulário, gasta o dinheiro dos contribuintes.
Junto duas fotografias atestando o facto.
No sábado, dia 2 de julho de 2011, passando pela zona do Chiado, verifiquei que o largo em frente do teatro nacional de S.Carlos se encontrava cheio de gente, e que uma orquestra tocava num palco improvisado, ao ar livre.
Informei-me do que tocavam e disseram-me que era a musica do Polichinelo, bailado com canto de Stravinsky, e do Amor brujo, de Manuel de Falla.
Ambas musicas que recolhem uma porção infima das preferencias dos cidadãos e cidadãs deste país e que precisam dos dinheiros do estado para se fazerem ouvir.
De vez em quando passava um elétrico da carreira 28, cheio de turistas e de carteiristas, e que pensarão eles, os turistas do elétrico e aqueles que passavam a pé pelo Chiado?
Possivelmente que Portugal é um país civilizado que mesmo com dificuldade em pagar as suas dividas prefere gastar o pouco dinheiro de que dispõe em cultura.
Resta-nos a esperança que o bom senso impere e acabe por impor uma solução correta para este abuso.
Aliás, como sabe, o bom senso é aquela entidade que deve prevalecer em todos os governos, e que acha que dez quilos de ferro, dentro de uma caixa fechada igual a outra caixa que contem um quilo de algodão, caem mais depressa do que o quilo de algodão quando lançadas as caixas de uma janela, simultaneamente, sem impulso inicial e nas mesmas condições de pressão, temperatura, vento, densidade do ar e posição geométrica de lançamento (Aristóteles achava que o ferro caía mais depressa, mas desde Galileu e o método experimental que se sabe que cai ao mesmo tempo, como qualquer corpo sujeito à aceleração gravítica, 9,8 metros por segundo quadrado).
Com a agravante do concerto ser gratuito, apenas com o mecenato do turismo de Portugal, da fundação EDP, do Millenium BCP, e o apoio institucional da CP, SIC, Radio Renascença, embaixada da Austria, etc, etc.
Por isso, a esperança é a de que, para o ano, não se assista no verão a este desperdício de dinheiros publicos, o que certamente irá contribuir para o reequilíbrio financeiro das contas públicas que o governo a que V.Exa pertence, tão voluntariosamente persegue.
Aplausos para a orquestra Gulbenkian, o seu jovem maestro, os cantores, a maioria portugueses (sujeitando a voz aos riscos de cantar ao ar livre, apesar da amplificação) e à organização. Destaque para o entusiasmo do maestro Cesar Viana, que partilha comigo a ideia de que às tantas não vale a pena perder tempo com muitas questões de administração e de organização, nem com os constrangimentos, que há que dar o esforço para produzir, neste caso musica e cultura.
Temo que os governantes não concordem, e achem que cultura não contribui significativamente para o PIB.
Mas tenhamos esperança, contrária àquela que eu mencionei acima.
Até porque, como homenagem a Fernando Pessoa, que nasceu neste largo, foi citada no inicio do espetáculo a sua quadra:
Numa quinta que não haverá
Há um poço que não há
Aonde há-de ir beber água,
alguém que te entenderá
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