segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Como resolver problemas?

Com a devida vénia à Ingenium e a Jorge Buescu, pelo seu artigo "Matemática, arma de construção maciça".

Grandes problemas da ciência foram resolvidos por grandes vultos da história da Ciência.
Já Newton dizia que conseguia ver longe porque estavam em cima de ombros dos gigantes que o precederam (deselegancia de Newton, que escreveu isto para achincalhar Halley, o do cometa, que tinha menos de um metro e meio de altura).
Lá está, pelo facto de se ser sobredotado, não podem conceder-se direitos especiais, que afinal são pessoas também com defeitos.
Então Newton. Nunca ficou esclarecida aquela disputa com Leibnitz, este muito mais urbano, sobre o cálculo diferencial e integral.
Ou Einstein, que nunca conseguiu ultrapassar o desgosto de ter um filho intelectualmente deficiente.
Mas a ciência evoluiu e nos tempos que correm o cientista isolado e as descobertas isoladas vão-se esbatendo.
Já tinhamos o "matemático" Bourbakis, que era o resultado do trabalho de investigação de um grupo de matemáticos.
Temos agora o exemplo descrito por Jorge Buescu na Ingenium: Timothy Gowers, matemático de Cambridge, resolveu fazer um blogue para receber ideias para tentar demonstrar o teorema da densidade de Hales-Jewitt de forma elementar e interna ao domínio do teorema, a análise combinatória (ver pormenores no artigo, sff). E conseguiu, a demonstração ficou a dever-se à colaboração de centenas de comentadores do blogue. Gowers chamou a este método projeto Polymath. Pensa agora abordar os problemas matemáticos do milénio. Só há um problema, é a repartição do prémio da sociedade Clay Mathematics (1 milhão de dólares). Problema esse que poderá ser resolvido pelo próprio método colaborativo, ou mais simplesmente ainda, pelo método cooperativo: uma voz, um voto (independentemente do numero de ações), uma participação válida, um voto.
Assim se resolvem assuntos complexos, independentemente da dinamica do lucro em que acreditam os grandes dirigentes politicos que conseguem arrastar multidões para o seu método fulanizado de atacar as questões.
Este blogue, correndo o risco de incorrer em imodéstia, aproveita para recordar os já aqui falados métodos de "crowdsourcing" propostos pelos livros "A Sabedoria das Multidões", de James Surowiecky, claramente defensores do trabalho de grupo (constituido por elementos dentro dos assuntos, evidentemente), "Wikinomics", de Dan Tapscott  (http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=wikinomics) e "Muitas cabeças pensam melhor", de Barry Libert, Jon Spector e comentadores na Internet (http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=spector).
Salvo melhor opinião, a humanidade (pelo menos muita gente dentro da humanidade) aprendeu nas últimas décadas que não há detentores de verdades únicas nem partidos únicos que possam chamar a si  a responsabilidade única das tentativas de solução dos problemas. Sem prejuizo das opiniões de cada um, claro, mas o que se pretende é a tal linha divisória que possa ser puxada, em cada caso concreto, mais para um lado ou para o outro, com a colaboração do maior numero possivel de sensibilidades minimamente informadas sobre o assunto.
Dir-se-ia que os problemas do país (e da UE também?) e das suas empresas deveriam ser abordados com base nos métodos dos 3 livros referidos.
Salvo melhor opinião, claro.

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