sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Semiótica IV - Leiam os meus dedos
Em que pensa o senhor ministro?
Podemos imaginar pelos sinais?
Pelo ar compenetrado pensará em como obter poupanças com cortes nas despesas públicas que em dois terços cubram o que falta tapar, deixando o outro terço para as receitas dos impostos.
E pensará nisso com a penosidade de não estar certo de não estar a enganar ninguém (é assim que o senhor ministro gosta de construir frases) , com isso dos dois terços da poupança virem dos cortes, e que nunca se consegue enganar toda a gente durante todo o tempo.
Pelo ar compenetrado pode pensar-se que os tais cortes de dois terços serão preferencialmente na saúde, na educação, na segurança social, numa palavra, nas gorduras do Estado e naquilo de que os cidadãos e cidadãs necessitam.
É então aqui que estão as gorduras e o ar compenetrado vem de pensar que estamos a chamar gorduras a pessoas que trabalham na função publica e que agora são postas no pelourinho antes de irem para o desemprego ... que tal mudar de alimentação, fazer exercício, mas sem cortar na alimentação como o escocês cortou?
Estará a pensar naquele empresário português que tinha uma fábrica de componentes para máquinas de café na Alemanha com 90 empregados. E quando veio para Portugal montou a mesma fábrica com 120 empregados e diz que é mesmo assim, que a culpa nem é dos funcionários, que têm de levar as crianças ao médico, à escola, que não têm metro, que tiveram de arranjar o telhado da casa, que tiveram de sair da escola para irem trabalhar sem formação profissional, etc, etc. E que se numa equipa de trabalho de 10 elementos só há 7 que trabalham com eficiencia, se reduzirmos a equipa para 7, passarão a ser 5 os que trabalham com eficiência.
Ou o senhor ministro não está a pensar nada disto.
Está a fazer como o Bush pai : "Read my lips".
Leiam os meus dedos.
Vejam como formam um losango.
Não parece mesmo o emblema da Renault?
Renault, a grande empresa que os senhores economistas politicos, eurocratas de Bruxelas pró plutocratas, disseram que tinha de ser privatizada para poder aumentar a sua presença no mercado internacional (?).
E assim se privatizou a Renault em 1996. Só que os governos franceses, quer sejam de direita ou não, e os técnicos que trabalham na Renault, não lhes passa pela cabeça venderem num mercado em baixa os 15,7% que o Estado francês mantem na Renault.
Conceitos diferentes sobre o que é servir o interesse público, e que alguém se deve ter esquecido de explicar aos senhores da troica.
Foi pena não terem explicado, porque vem agora o senhor Poul Thomsen manifestar muita preocupação e escandalo com o desemprego juvenil e com a falta de preparação profissional da maioria dos jovens em Portugal (ver http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=26332), e que isso o surpreende mais dos que os desvios dos objetivos (confesso que a mim tambem me preocupa, o insucesso escolar, os maus resultados no PISA e o desemprego juvenil).
Talvez o memorando fosse outro, se tivessem explicado bem isto tudo, e talvez o senhor ministro Vitor Gaspar não tivesse de ficar tão calado, com as mãos em losango, quando pensa no programa das privatizações do que dá dinheiro ao Estado ao fim do ano e que vai deixar de dar.
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