Ao ver uma entrevista de Medina Carreira na TVI, em 2011-09-19, lembrei-me do texto neste blogue em julho passado:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/nao-em-meu-nome-iv-privatizacoes_01.html
Medina Carreira diz, a propósito das privatizações, que alguem se passou, ainda antes da vinda da troica, quando se fez o programa de privatização de empresas quase monopolistas como a GALP, a EDP ou os CTT.
Que ao fim de 7 meses ter-se-ão dissipado em empréstimos os proveitos da venda.
E que os estrangeiros que vierem cá pôr o dinheiro quererão recuperá-lo com dividendos.
Estamos então de acordo.
As privatizações não serão feitas em meu nome, nem no de Medina Carreira.
Que também soube dizer que os cortes na saúde e na educação são a eito, porque cortes racionais exigem muito tempo.
Mas não gostei quando diz que ninguém quis saber quando ele lançou os alertas sobre a aproximação do desastre.
Está a chamar desatentos e negligentes a todos e isso não é bonito.
Os meus colegas tiveram oportunidade em Novembro de 2009 de assistir a uma breve apresentação minha sobre o problema da energia e as suas relações com os transportes públicos em que mostrei os numeros da insustentabilidade de um país que importava mais alimentos e mais energia do que o que produzia.
De facto não me pareceu que a direção da minha empresa tivesse prestado a mínima atenção ao que eu expus, embora o metropolitano consuma 1/500 da energia elétrica consumida em Portugal.
E assim como a direção da minha empresa, as entidades encarregadas da tutela da minha empresa acharam que não precisavam da minha opinião.
É natural que as coisas se tenham encaminhado da forma como se encaminharam.
A sociedade portuguesa não consegue capitalizar o esforço dos cidadãos e cidadãs.
E o grave é que, apesar das tronitroantes opiniões de Medina Carreira sobre a desindustrialização e a decadencia através do endividamento dos USA e de Portugal, continuamos a importar mais alimentos, mais produtos e mais energia do que aquilo que produzimos.
Isto é, continuamos insustentáveis (hoje só vi laranjas da África do Sul na loja do senhor Soares dos Santos quando estamos em época de laranjas algarvias; pagaram com euros ou em espécie com bens ou serviços transacionáveis?).
Diz o atual governo que resolve as coisas com cortes? (anunciar cortes serve apenas para entreter o pessoal, disse Medina Carreira).
Peço desculpa, mas não se consegue.
É preciso aumentar a produção industrial e agrícola e cobrir as importações ou substitui-las com os tais bens transacionáveis (interessante ouvir Medina Carreira falar em protecionismo, à Colbert, para desenvolver a industria, e não me puxem pela língua porque nos mercados abertos da globalização ainda há leis contra o dumping, quer os preços baixos venham de não se pagar taxas sociais, quer venham de custos marginais baixos por excesso de produção).
Salvo melhor opinião.
Pouco depois, vejo no noticiário a declaração de Obama garantindo que cortes na educação não estão no seu programa, porque é essencial para os USA. Será que o senhor ministro da educação viu?
Ao menos, se não acreditam neste humilde escriba, podiam dar atenção a Obama.
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