A ilha das Flores, 08º 37' S e 121º 08' W, assim chamada pelos navegadores portugueses do princípio do século XVI.
Cerca de 15.000 km2 , juntamente com as pequenas ilhas do arquipélago de Sonda, como a de Soror, a noroeste de Timor.
Desde o século XVII que portugueses e holandeses disputavam territórios em toda a região da Indonésia.
Por volta de 1850 os governos resolveram entender-se e enviaram os seus comissários ao local para definirem as fronteiras.
Em Portugal vivia-se o inicio da regeneração e conseguiram-se empréstimos junto do banco Barings (que veio a falir com a fraude de Singapura, em 1995), após um período de inacessibilidade, para a construção de estradas e caminhos de ferro (inauguração da linha Lisboa-Porto em 1867).
O salário de um trabalhador na construção do caminho de ferro era de 100 reis por dia (100 reis=0,05 centimos de euro), o salário de um professor era de 7.500 reis por mês e um litro de azeite custava 150 reis .
No meio da desindustrialização consequencia das invasões napoleónicas, das guerras liberais e das perdas no comércio com o Brasil, o PIB diminuia cerca de 2,2% por ano, a divida pública era próxima de 40% do PIB, a despesa pública era 5,5% e o defice orçamental 0,8% .
Em 1851 foram pagos os salários dos funcionários públicos em atraso havia 3 anos.
O comissário português nas negociações na região da Indonésia, Lopes de Lima, deve ter sofrido com a falta de comunicação com a capital, com a falta de dinheiro em Timor e com o risco dos holandeses usarem a força que era incontestavelmente superior (havia um navio português por ano entre Lisboa e Timor, enquanto os holandeses tinham dez navios).
E assim aceitou os termos de um tratado em que a ilha das Flores e a de Soror foram vendidas por 200.000 rupias ou 80 milhões de reis (80 contos=400 euros). Ao território de Timor Leste ocupado pelos portugueses foi acrescentado o reino Maubere, até então sob controle holandês.
Apesar das acusações de falta de patriotismo a Lopes de Lima, esquecendo-se o facto elementar daqueles territórios serem de direito dos seus habitantes originais, a venda de territórios coloniais era prática corrente, como o atestam a venda da Luisiana e do Alasca aos USA, e em 1778, a troca entre Portugal e Espanha da ilha de Fernando Pó e da costa da Guiné Equatorial por territórios ao sul do Brasil.
Na altura da bancarrota de 1892, em que os funcionários públicos viram os seus vencimentos reduzidos 20%, chegou a pensar-se em vender territórios em África, mas a ideia não vingou.
É esta a história da ilha das Flores, 08º 37' S e 121º 08' W, onde muitos habitantes se chamam Fernandes, Cunha ou Pereira.
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