sábado, 3 de setembro de 2011

Semiótica V - os três símbolos japoneses

As objeções dos deputados explicadas pela semiótica, interpretando a reação do senhor ministro das finanças às perguntas que lhe foram dirigidas



a esta não vou dizer nada        esta não estou a ver       esta fingi que não ouvi 



O senhor ministro das finanças tem uma grande vantagem relativamente ao senhor primeiro ministro, que como se sabe tem a responsabilidade da antiga pasta da cultura. Lê, pelo menos leu, Candide. E é também uma pessoa que se presta a aguentar sozinho uma série de perguntas, por exemplo:
1 - o memorando dizia que dois terços (66,7%) do equilibrio orçamental deveria provir de cortes nas despesas publica e o terço restante  (33,3%)de receitas - resposta: os cortes anunciados são 44% e as receitas de aumento de impostos são de 56%, desmentindo o candidato a primeiro ministro na ultima campanha eleitoral; mais respondeu o senhor ministro que cortes há, mas estão ocultos, e que afinal algumas medidas previstas e já executadas não tinham o impacto esperado, além de que afinal não foi possível cortar tanto nos quadros de pessoal como se pensava
2 - passado o prazo para a publicação de um estudo sobre as parcerias publico-privadas, qual é a situação? - não houve resposta;
3 - os cortes nos ministérios sociais vão comprometer as funções que o Estado deve garantir? - não houve resposta, mas no dia 1 setembro, em entrevista numa televisão, o senhor ministro da saúde informou que, se não houver financiamento, o número de transplantes, que colocou Portugal numa boa posição neste domínio, não será garantido  
4 - para quando o corte das gorduras do Estado? (falou-se o anuncio para 31 de agosto) - resposta: cortar nas gorduras é uma questão de terminologia e em Outubro se começará a racionalizar as estruturas (pode depreender-se que quem trabalhou nas estruturas até agora não o fez racionalmente?); entretanto, sim, será nos ministérios sociais que mais se vi cortar porque são os de maior despesa, o que será anunciado até ao fim do ano.

A propósito do  nº1 vem o senhor ex-ministro Miguel Beleza dizer que daria uma má avaliação ao senhor ministro das finanças; eu confesso que também o faria a um jovem colaborador meu que apresentasse estes resultados em termos de falha de previsão e que insistiria com ele que desse prioridade ao essencial e aos objetivos (estou a falar apenas em termos de analogia, porque neste momento existe o risco, depois de tanto barulho com as gorduras do Estado, se ter chegado à conclusão de que afinal não havia tantas gorduras como isso e que afinal os funcionários públicos não eram assim tão inúteis como isso; não esquecer que o Instituto Camões chegou a ser apontado como um alvo a abater); entretanto destaque para a posição desassombrada de Vasco Graça Moura, manifestando a preocupação (dado ser seu correlegionário) para que o senhor primeiro ministro mude de politica de castigar a classe média, para que que não seja assimilado ao anterior primeiro ministro.
Não se pense que este blogue defende as PPP pelo que se vê no nº2; nem de perto nem de longe; mas é preciso estar dentro dos assuntos para se falar deles e já se poderia ir sabendo mais qualquer coisa
O nº3 faz o paralelo com as poupanças com os professores (35.000 não colocados), possivelmente por não haver financiamento e por se "otimizarem" o numero de escolas e o numero de alunos por turma. Salvo melhor opinião, uma necessidade de transplante e uma necessidade de aprendizagem não podem depender de critérios exclusivamente de financiamento; no primeiro caso porque se trata de uma vida humana (o custo desta é superior à poupança -  declaração de demissão da coordenadora das unidades de colheita e transplante de orgãos: "não poso aceitar que haja doentes que se podem salvar mas que vão morrer por o país estar em dificuldades económicas"), no segundo porque existem correlações fortes entre aquelas medidas e o insucesso escolar e entre este e o desemprego e a criminalidade juvenis (os custos destes são superiores à poupança).
O nº4, porque tive alguma experiencia num problema com algumas analogias (poupança de energia, contribuição de cada tipo de consumidor para o consumo total, em que tipo de consumidor intervir), leva-me a fazer uma pequena sugestão ao senhor ministro. Efetivamente devemos olhar para o tipo de consumidor que mais contribui (neste caso os ministérios sociais), mas esse não pode ser o unico critério; vamos que nos anos anteriores o consumidor que mais contribui para o consumo pôs em vigor com sucesso uma série de medidas economizadoras que melhorou em muito a eficiencia (alguns administradores de hospitais sabem explicar isto muito bem), enquanto os consumidores menores contribuintes para o consumo total se descuidavam, exatamente porque pouco contribuiam;  o que acontece agora é que vamos cortar naqueles que já cortaram ou que melhoraram a sua eficiencia, e vamos deixar os que não o fizeram à boa vida? Francamente, senhor ministro... o assunto é por demais complexo e exigente de estudo caso a caso para ser arrumado assim (claro que o prazo até ao fim do ano se justifica, mas quando numa campanha eleitoral se diz que se tem soluções, o que deveria ter sido dito é que não sabemos se há soluções).

Finalmente, seria bom que o senhor ministro não pedisse à oposição a apresentação de alternativas. Já foram apresentadas, só que o senhor ministro não concorda, com receio de que as poupanças se vão para o exterior, apesar delas se irem à mesma, com ou sem taxação extraordinária; não diga que não foram apresentadas (taxação de dividendos, de lucros, de depósitos off-shore, imposto sucessório, transferencias bancárias, monitorização do defice da balança de pagamentos importações/exportações)




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