terça-feira, 26 de junho de 2012

El bucle de deuda continua

A televisão espanhola entrevistou cidadãs e cidadãos comuns sobre o plano de auxilio à banca espanhola.
A moça poderia ser uma estudante de comunicação nas empresas ou uma vendedora numa loja de um centro cmercial, mas respondeu com mais sabedoria do que os sábios financeiros que nos oprimem: "eso es el bucle de deuda continua" (o ciclo vicioso da dívida).
Talvez tenha lido a opinião de um financeiro do governo chinês, já há vários meses, que nao era saudável a Europa emprestar dinheiro a bancos que depois o emprestavam aos governos.
Na verdade, o governo espanhol pede à União Europeia para o BCE emprestar aos bancos espanhois a juro baixo para depois o governo espanhol poder pedir-lhes empréstimos a juros mais altos?! Ou não entendi bem?
Do ponto de vista psiquiátrico, não parece ser saudável. Parece configurar um comportamento alheado da realidade, mas de quem tem força para nos impor tal tipo de comportamento. Do ponto de vista do processo histórico, parece estarmos no tempo dos Sforza, quando os banqueiros tomaram o poder. Ou no tempo de Carlos V, D.João III e Filipe I, os grandes contraentes de empréstimos que serviam para tudo menos para a produção: para fazer exércitos, comprar sedas ou armar armadas invencíveis.
Isto do ciclo vicioso da dívida faz-me lembrar os entusiastas do "moto continuo", que acham que um sistema isolado pode permanecer eternamente a girar sem ser alimentado por uma energia exterior.
Falta o respeito da Física pelos senhores economistas e financeiros.

PS - No dia seguinte ao da escrita deste post, Viriato Soromenho Marques, a propósito da politica financeira da UE (de afastamento da união orçamental e financeira) , citou no DN Nietzsche e a sua hipótese de que a loucura individual é rara, mas que em instituições são relativamente frequentes comportamentos aparentemente demenciais. Achei aplicável ao que deixei escrito. Trata-se do perigo da diminuição da idade mental dos individuos quando em coletivo. Na base deste fenómeno está a polarização em torno do indivíduo mais forte do grupo. Assunto já estudado na Sabedoria das Multidões, de James Surowiecki, e que não deve desmerecer das decisões coletivas, desde que respeitadas as regras da sabedoria das multidões".

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