As senhoras idosas entretinham-se com a televisão. Dita analógica. Compraram descodificadores para a televisão de agora, dita digital (codificada em bits conforme o teorema de Shannon e a respetiva largura de banda de frequencias).
Mas a cobertura é insuficiente, não há emissores que cheguem, apesar do rendimento de transmissão ser superior, ou melhor, da capacidade dos canais de transmissão e da sensibilidade na receção serem melhores do que na transmissão analógica. Isto é, havia emissores analógicos para cobrir o território, agora não há emissores digitais que cheguem.
Há mais canais, mas para quem tem televisão por cabo ou por satélite, isto é, televisão paga.
As senhoras idosas, oiço eu de quem chegou de Nisa, já não vêem televisão.
São poucas porque o interior desertificou, e andam, ou estão, tristes.
Pode ser que alguem lhes pague a televisão, agora que já vem nos jornais a força do amor na economia.
É uma vergonha do ponto de vista técnico.
Uma tecnologia só é nova se fizer o que a tecnologia antiga fazia. E se não faz, é uma fraude.
Descendo na latitude, oiço num café na freguesia de Vila Nova de Cacela (manter-se-á como freguesia, ou será fundida para aumentar a distancia entre os fregueses e uma estrutura autárquica?): "Então já funciona a televisão, com o decodificador?" Resposta: "Não, com o descodificador não funciona".
Mas pode ser que o senhor faça um contrato com um dos "operadores" de TV cabo.
Este blogue deixa assim aqui o registo da sua indignação por falta de resposta técnica para a cobertura.
E por favor, não venham com o argumento da falta de dinheiro, não vá a taxa aumentar para comprar mais emissores; no fundo, se queriam poupar dinheiro, deixassem a televisão digital para melhores dias; a radio continua a ser difundida em analógico, não em digital; e se a digital permite potenciar as receitas pelo aumento do numero de canais, então o aumento da receita devia permitir a compra de emissores para quem tem limitações económicas e não quer ou não pode pagar a televisão).
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