sexta-feira, 15 de junho de 2012

Da Bica a S.Paulo


A cultura antiga grega e romana e os arquitetos do Renascimento e do classicismo privilegiavam o equilibrio das proporções.

A harmonia das proporções gera no observador uma sensação de bem-estar.

Vou da Bica até S.Paulo.

Quero dizer que percorro a rua de S.Paulo até à praça do mesmo nome.

É esta praça que motiva o meu comentário sobre o classicismo das proporções.

A praça de S.Paulo, não sendo grande, é equilibrada nas suas dimensões e proporções.


Mas mantem-se o desespero da ruína que já tinha visto na Bica.

Grandes edifícios que perderam as suas empresas de importação e exportação, as suas lojas e os seus habitantes estão em ruínas.


Os gestores da cidade ao longo dos anos deixaram que a atividade económica se deslocasse para outras zonas.

As portas das lojas abandonadas recordam-me a visita que fiz a Bucareste em 2003.


A maioria das lojas ao longo da principal avenida de Bucareste estavam fechadas, com o correio apodrecendo por trás das grades enferrujadas e empenadas.

Florescerá a economia noutras zonas que não a rua de S.Paulo ou a avenida principal, e isso tranquilizará os economistas, mas choca que a rua de S.Paulo e a avenida principal da Bucareste de 2003 possam desaparecer completamente sem que ninguém se incomode.

É verdade que existe um plano diretor organizado pela câmara municipal de Lisboa para enquadrar a recuperação da zona, o qual inclui aliás a construção da grande sede da EDP.

Mas a verdade é que a comunidade de cidadãs e cidadãos não está organizada para, ao longo dos dias, preparar a solução, quebrar as burocracias bloqueantes da estrutura de propriedade e indivisibilidade dos prédios, debater hipóteses de projetos (para o QREN ou sucedâneo, claro) , definir planeamentos e avançar no caminho para uma reurbanização efetiva com o repovoamento da zona.

Seria uma intervenção de emergência, salvo melhor opinião.

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