Imaginem, já se está a preparar Abril.
As comemorações dos 39 anos do 25 de abril de 1974.
De uma coletânea a ser publicada perto de si, excertos de um poema de Ari dos Santos, a Fábrica:
Da alavanca ao tear da roda ao torno
da linha de montagem ao cadinho
do aço incandescente a entrar no forno
à agulha a trabalhar devagarinho.
Da prensa que se faz para esmagar
à tupia no corno da madeira
do formão que nasceu a golpear
à força bruta de uma britadeira.
Do ferro e do cimento até ao molde
que é quase um esgar de plástico sereno
do maçarico humano que nos solde
à luz da luta e não do acetileno
nasce este canto imenso e universal
sincopado enérgico fabril
sereia que soou em Portugal
à hora de pegarmos por Abril.
Escrito numa altura em que os computadores ainda não eram utilizados nos escritórios, nas fábricas, nas oficinas, nas lojas, mas como é bonito.
E como até podia ser utilizado pela propaganda do atual governo, que já reconheceu (ou pelo menos, parte dele) que é preciso "reindustrializar" o país (conviria que se visse entretanto como é com a apropriação e o destino das mais valias).
Sem comentários:
Enviar um comentário