quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Taxas de juro


O senhor Trichet voltou a ser noticia.
Com o ar sábio que sempre o caraterizou, avisou que a manutenção das taxas de hro em níveis baixos pode ter consequências negativas a médio prazo.

Deve ser mais um exemplo de que vivemos em pleno surrealismo.
Durante anos o senhor Trichet, como presidente do BCE, manteve as taxas de juro baixas.

Taxas de juro são a medida do preço de aquisição do dinheiro e são consequentemente baixas quando o bem a que correspondem, o dinheiro,  existe em grande oferta. Isto é, a união europeia emitiu moeda em boa quantidade mas não está interessada em emitir mais moeda, porque isso traria pressões inflacionistas (quando a inflação aumenta aumenta-se a taxa de juro).
Dizem os senhores economistas que o objetivo de taxas de juro baixas é o de estimular o crescimento oferecendo aos empresários investimento a preços baixos.
É a obsessão dos burocratas da UE em quererem ser bonzinhos para os “empreendedores”, custe o que custar.
Porém, tal como na anedota dos salões de beleza (marido para a mulher: Se vais tantas vezes ao salão de beleza, porque não ficas bonita?), o crescimento tem-se feito rogado.
Seria bom que o senhor Trichet e os senhores economistas que andam a condicionar  a vida dos cidadãos e cidadãs da EU reparassem que não é o facto das taxas serem baixas ou altas que estimula o crescimento ou não. O que permite o crescimento é o diferencial positivo entre a taxa de rendimento dos dividendos de uma empresa e a taxa de juro do investimento que  a financiou.
Qualquer período de crescimento económico é acompanhado de uma subida de preços. Há meios de controlar a inflação, há vantagem em emitir mais moeda na Europa para suprir a falta de liquidez. E, evidentemente para quem não é fanático das teorias académicas em oga, desvalorizar um bocadinho o euro, para reduzir um bocadinho tambem a vantagem comparativa dos paises asiáticos nas exportações.
Apesar das taxas de juro baixas, a subida dos preços não tem sido grave.
Como se consegue isso?
Desvalorizando o preço do fator trabalho e promovendo religiosamente, com o apoio de tecnologias de automação e informáticas e da globalização,  o desemprego.
Como consequência, o consumo particular e a procura baixam, e os preços também.
Contava a minha professora de instrução primária que foi assim que se  matou a galinha dos ovos de ouro.

Mas isso foi antes de Hayeck e Friedman, Reagan e Tatcher, Trichet e Barnanke, Hank Paulsen e Larry Summers, e, naturalmente, Passos Coelho e Vítor Gaspar.

Como se diz em Lisboa, é preciso ter lata, vir neste Novembro do nosso descontentamento o senhor Trichet dizer que as taxas de juro baixas podem ter sérias consequências.


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