Com a devida vénia ao Oje de 14 de Setembro de 2010, transcrevo a declaração do senhor diretor do FMI: “o mercado laboral está numa situação catastrófica”.
Há anos que o paradigma da economia, política como se dizia quando eu era novo, é a definição do lucro como objetivo supremo das empresas através do exercício musculado da competitividade das organizações (diretiva da selva transposta para o ordenamento jurídico: empresa que não tem lucros não merece viver e deve fechar).
Os decisores economistas que há anos se submetem a estas leis cometeram um pequeno erro. É que tinham obrigação de saber que essas linhas de orientação conduziriam à tal situação catastrófica do mercado laboral. A lei de Philips já é antiga e eles sabiam que a única maneira de conter os preços seria aumentar o desemprego para diminuir a pressão da procura.
Mas não querem reconhecer que o tipo de organização económica e o tipo de leis que enquadram a atividade económica têm de mudar. O lucro e o crescimento não podem ser deixados à rédea solta. Se não há mercados ideais, como já se viu, os mercados reais não podem ser deixados a funcionar segundo leis ideais.
Porquê?
Porque segundo a OIT há 210 milhões de desempregados registados no planeta.
E segundo o senhor diretor isso aconteceu em muitos países porque “as exportações caíram ou foram arrastadas pelo colapso do setor da construção”.
E mais acrescenta, a propósito de uma taxa de desemprego juvenil em Espanha de 40% : “se não se adotarem as medidas adequadas para fazer frente a esta tragédia, o custo social e económico será tremendo, porque será uma geração perdida” .
E finalmente: “quando alguém perde o seu trabalho, o mais provável é que tenha problemas de saúde ou morra jovem”.
Mas então, não quiseram que acreditássemos que o crescimento da longevidade fundamentava o aumento da idade da reforma? E afinal as pessoas conhecidas do senhor diretor do FMI andam a morrer mais cedo?
E não diz quais são as medidas adequadas – no caso português serão as 25 medidas que eu me comprometi a divulgar mas que ainda não tive oportunidade de inserir no blogue?
Tudo isto é profundamente deprimente.
Todos erram nas suas funções, mas saber que o que os decisores dizem agora, já eles sabiam há muitos anos e não alteraram os comportamentos nem a estrutura da propriedade dos meios de produção, só pode contribuir para a descredibilização desses decisores. Faz lembrar a frase de Sarkozy: "Não era este o capitalismo que queriamos"
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