É muito perigoso o tempo vir dar razão aos simples, aos ignorantes e insignificantes que durante anos não quiseram acreditar no que diziam e faziam os senhores economistas-políticos e empresários de muito sucesso.
Perigoso porque ficam tentados a acharem que têm razão.
Quando ninguém tem de ter razão, o que é preciso é que cada problema seja abordado com a metodologia que o permita resolver e que essa metodologia seja participada.
Coisa com que os senhores economistas-políticos e empresários de sucesso não concordam.
Ou pelo menos não concordavam até aqui.
Até parece que os gestores estratégicos da Wal-Mart leram este humilde blogue sobre o teorema de Fermat-Weber e sobre a otimização energética da localização dos supermercados, ou andaram a ler os tratados matemáticos sobre facilities location.
Ver em:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/08/o-problema-de-fermat-weber-da.html
e em:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/01/economicomio-xxxvi-economia-dos.html
O facto é, independentemente da minha imodéstia incontida ou talvez não, que a Wal-Mart, o gigante do concentracionismo dos pontos de venda, a grande Sonae dos USA, está a estudar uma estratégia inovadora (inovadora só para eles, claro), projetando “deslocar-se para pequenas lojas de conveniência perto de si”.
Sinceramente espero que esta estratégia, decorrente da insustentabilidade de concentrar as vendas ao publico em grandes superfícies e obrigando as pessoas a fazerem múltiplos percursos de automóvel, em lugar de disseminar pelas povoações pequenas lojas abastecidas por meios de transporte mais eficientes (ai, esta dos meios de transporte está-me a fazer lembrar o fecho das escolas e dos centros de saúde...), venha a ser entendida pela SONAE e pela Jerónimo Martins. Espero que a experiencia do fecho do centro comercial da SONAE em Madrid seja proveitosa e que não invistam com este modelo de grandes concentrações no Brasil e em Angola.
Pode ser que o processo histórico (utilizo o termo, não no sentido marxista, para não chocar ouvidos mais sensíveis, mas apenas no sentido das relações económicas, da dimensão de mercado e da sustentabilidade energética) , nestes países, ou nas pensadas regiões destes países, esteja mais atrás, no tempo, dando ainda oportunidade para que floresça antes de deverem infletir para pequenas lojas, como a Wal-Mart.
Pode ser, embora a nova estratégia não tenha como motivação a melhoria do bem-estar e da realização profissional participativa do seu pessoal, nem a vontade de resolver problemas sociais (aqui em Portugal dizia-se que por cada novo posto de trabalho numa grande superfície comercial se perdiam 2,5 postos no comércio tradicional, gritando logo de seguida os economistas fazedores de opinião que isso era porque as pequenas lojas não eram competitivas; parece agora que não , que não era por isso) nem o desejo de poupar combustível aos seus clientes, mas apenas o de contrariar a tendência negativa das suas vendas (se não chocássemos os tais ouvidos sensíveis poderíamos dizer que a exploração dos clientes tem limite , que será o ponto em que a redução do seu poder de compra implica a diminuição do consumo e logo, do lucro da empresa; um pouco como a lógica das cochonilas e dos limoeiros parasitados: a taxa de consumo parasitário não pode ultrapassar a capacidade de regeneração do limoeiro).
Mais informação em :
http://articles.moneycentral.msn.com/Investing/top-stocks/default.aspx?feat=1806160>1=33002
e em:
http://www.fastcompany.com/magazine/77/walmart.html
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