sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Arquitectorium 7 - Praça de Londres a arder


O poeta surrealista José Afonso...
Praça de Londres a arder...
Poderia começar assim, porque Zeca Afonso foi um dos principais poetas surrealistas portugueses.



"Rio largo de profundis
Uma neta pra nascer
Amor avenidas novas
Praça de Londres a arder.
....................................."
Ocorre-me este poema quando passo na Praça de Londres.
Já foram retirados os tapumes e agora estão as vedações de rede.
Praça de Londres a arder.
Vejo uma modulação, como dizem os senhores arquitetos, de terra amontoada em plano inclinado da Avenida de Roma para a Avenida Guerra Junqueiro.

As obras ainda não estão concluidas, mas será que ainda vai ser instalada uma proteção contra o deslizamento da terra para a via de rodagem em dias de chuva?
E porque me incomoda a altura de terra que sufoca a base dos troncos das árvores?



Entre aquelas duas casuarinas sentei eu numa manhã de verão, há 46 anos, quem me deslumbrava no enamoramento pré-nupcial.
Retiraram o banco de jardim que lá estava, ainda há 6 meses.

O assunto não tem importancia, quando comparado com o que aflige os cidadãos e as cidadãs.
Mas é um sintoma.
De inconformidade, como dizem os técnicos de transportes.

PS - Passei novamente pela Praça de Londres ao fim do dia 29 de Outubro de 2010.  Choveu muito de manhã, a ponto de inundar o Rossio e obrigar a interromper a circulação do metropolitano. Ainda bem que a maré cheia tinha sido mais cedo e que estamos em quarto minguante (na lua nova ou na lua cheia as marés são mais altas).
O terreno postiço da Praça de Londres deslizou para os passeios mas não atingiu a via de rodagem. A chuva apenas deixou à vista pedras e sulcos de escoamento desenhados no terreno enquanto a relva cresce incipiente. Não está bonito.


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