Exmo Senhor Ministro
Gostaria muito que a presente carta chegasse ao seu conhecimento.
Por formação profissional, interessam-me as causas físicas das coisas e a correspondência com a realidade da matemática das estatísticas.
Escrevo pela mesma razão que levou um especialista de psicologia de apoio a vítimas do terrorismo, radicado em Londres, a propor o estudo aprofundado da tragédia que é a sinistralidade nas estradas de Portugal, ela própria correlacionada, entre tantas causas, com o contexto psicológico dos portugueses.
Dois acidentes recentes impressionaram-me particularmente:
- a morte de 5 pescadores na estrada de Valença
- a morte de 4 pessoas na estrada de Vila Real, entre as quais 3 jovens estudantes polacos
Seria de grande utilidade o esclarecimento das circunstancias em que eles ocorreram e a divulgação das causas, acompanhada de recomendações que pudessem ter evitado os acidentes. Essa divulgação teria assim efeitos didáticos.
Por outro lado, no momento em que escrevo, fim de Outubro de 2010, apenas estão disponíveis no sítio da ANSR os dados de Julho de 2010 com mortos no local ou a caminho do hospital, e os dados de Março de 2010 com mortos a 30 dias.
Os dados de mortos a 30 dias de Janeiro a Março de 2010 mostraram um acréscimo, relativamente aos mortos no local, de cerca de 30% (de 168 para 219).
Dentre os mortos de Janeiro a Março, os mortos por atropelamento a 30 dias tiveram um acréscimo de cerca de 80% (de 27 para 50) , talvez porque a segurança passiva a bordo aumenta, mas para os peões não.
Independentemente de haver ou não uma tendência (que matematicamente não é significativa) para redução do numero total de acidentes ou mesmo de mortos, estamos perante uma tragédia nacional que legitima os cidadãos pedirem medidas urgentes e eficazes.
Eu gostaria de não ser mal interpretado. Estou convencido de que os órgãos institucionalmente encarregados de analisar os acidentes e os órgãos que elaboram as estatísticas e as campanhas são tecnicamente competentes.
O que eu desejaria era que não se centrasse a intervenção oficial em anunciar sucessos como “estamos a travar esta tragédia” ou em fundar esperanças de melhoria na interpretaçção otimista de estatísticas.
Se queremos reduzir os números, teremos de nos envolver numa campanha eficaz de redução dos limites de velocidade em condições normais e de uma redução ainda mais severa em circunstancias adversas de visibilidade ou aderência.
Podem alguns especialistas tentar demonstrar o contrário, mas a verdade é que há uma correlação fortemente positiva entre a velocidade e a taxa de acidentes. A pressão dos automobilistas apressados também não ajuda e é-lhes muitas vezes dificil compreender a necessidade, como diz o código, de adaptar a velocidade às condições de circulação. Daí a urgencia de uma campanha virada à psicologia.
Podem alguns especialistas tentar demonstrar o contrário, mas a verdade é que há uma correlação fortemente positiva entre a velocidade e a taxa de acidentes. A pressão dos automobilistas apressados também não ajuda e é-lhes muitas vezes dificil compreender a necessidade, como diz o código, de adaptar a velocidade às condições de circulação. Daí a urgencia de uma campanha virada à psicologia.
Nestas circunstancias, sugiro aos serviços competentes, com caracter prioritário:
- a dinamização de uma campanha publicitária pela positiva mostrando os comportamentos corretos nas passadeiras de peões, e no controle da velocidade pelos automobilistas, em condições normais e em condições adversas
- o aperfeiçoamento da adaptação do código da estrada aos objetivos de redução da sinistralidade, nomeadamente revendo o texto relativo às passadeiras de peões e aos limites de velocidade em condições adversas de visibilidade e aderência
- a intensificação da fiscalização da velocidade excessiva, especialmente à aproximação das passadeiras
- a divulgação das condições, das causas, e de recomendações que pudessem ter evitado os acidentes noticiados pela comunicação social
Apresento os meus melhores cumprimentos
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