Neste clima de desalento recebo um email com o endereço dum blogue de economistas aterrorizados com tudo isto:
http://arrastao.org/sem-categoria/manifesto-dos-economistas-aterrorizados/#more-21362
Não estão tão horrorizados como isso, uma vez que propõem 22 medidas contra a crise.
Parecem-me, algumas delas, expressas de modo vago.
Talvez seja por serem economistas, mas vou ter de as estudar melhor para poder comentá-las...
Isso leva-me a voltar ao livro de um engenheiro horrorizado com a crise, Luis Monteiro, de que vos tinha prometido transcrever as 25 medidas propostas, o que vou fazer, para mais tarde também as comentar. Por me parecerem concretas, considerei o livro excecional. Ver em :
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/08/blog-post_31.html
Existindo já alguma informação sobre medidas contra a crise, muitas delas ignoradas pelo poder político ou económico político que nos condiciona a todos, ocorre-me o poema Cantata da Paz de Sofia de Melo Breyner, escrito a propósito das guerras e das opressões, mas que julgo aplicável por andarmos a sacrificar os jovens abandonando-os ao insucesso escolar e à insuficiência cultural:
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror
A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças
D’África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados
Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.
Vamos então às 25 medidas do livro “Os últimos 200 anos da nossa economia e os próximos 30”.
Não fiquem chocados por algumas delas parecerem subordinadas à cartilha neo-liberal; primeiro, porque devemos ter as mentes abertas e depois, porque as medidas só darão resultado se os cidadãos e as cidadãs participarem ativamente , ou os deixarem participar, no esforço coletivo, se tiverem uma cultura de intervenção cívica de colaboração alargada, sem salvadores da pátria ou professores cheios de si próprios, com humildade; e essa participação nem é liberal nem o contrário, é humanismo, independente das convicções ideológicas de cada um:
1. Mudança de modelo económico (substituir o modelo baseado no consumo e em salários baixos por um modelo baseado na exportação de bens transacionáveis de maior valor acrescentado do que as importações, e em serviços como turismo e saúde)
2. Planos estratégicos a longo prazo
3. Sensibilização da população para o mundo exterior, incluindo as comunidades de emigrantes, os PALOP e os países BRIC
4. Marketing cultural e histórico
5. Civismo e comportamento ético dos cidadãos e das empresas
6. Combate ao envelhecimento da população
7. Melhoria da Educação e da Inovação
8. Melhor gestão das leis laborais sob inspiração da experiência escandinava de modo a limitar o desemprego e as suas consequências
9. Melhoria dos serviços públicos
10. Melhoria da justiça
11. Racionalização dos investimentos públicos
12. Incentivos às empresas
13. Desenvolvimento sustentável no interior do país
14. Atracão de investimento estrangeiro
15. Diversificação do investimento no estrangeiro
16. Deslocalização de empresas para os PALOP
17. Desenvolvimento do setor marítimo
18. Aumento das exportações
19. Cooperação com os PALOP
20. Expansão do turismo
21. Recuperação da estrutura urbana
22. Desenvolvimento de interfaces logísticos
23. Melhorias ambientais
24. Racionalização do setor energético
25. Preparação contra a ocorrência de sismos
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