Provavelmente a conjetura do cantoneiro também se aplica aos fabricantes dos automóveis.
Depois da triste figura da Toyota, que começou por negar a responsabilidade do software nos acidentes e acabou com o presidente a pedir desculpa em nome dos antepassados e a recolher vários modelos, vários fabricantes nos USA, como a Ford e a GM, seguiram o exemplo e recolheram carros sempre que detetaram deficiências.
Chegou agora a vez de, nada mais nada menos, da Rolls-Royce, através da BMW. Foi detetada a possibilidade de uma fuga no sistema de travagem assistida.
Deve ter sido isso; com as tecnologias informáticas, os robots e os novos métodos de manutenção e de controle de produção com programas de software muito afamados, os cantoneiros que nas fábricas faziam controle de qualidade terão sido passados à reforma.
Na defunta ROVER, lembro-me eu há 17 anos de terem eliminado o controle de qualidade, baixando assim os custos de produção; manda a verdade dizer que o controle de qualidade passou a ser feito pelos clientes; a mim partiu-se-me o veio primário de transmissão da caixa de velocidades já depois de terminada a garantia, e a ROVER substitui-o sem demora. Também tinham na fábrica um senhor cuja função era apenas abrir e fechar portas. Os ROVER de há 20 anos não tinham um só problema de portas. Depois reformaram o cantoneiro, perdão, o especialista de portas, e lá tinham os clientes de aturar o barulho do vento no vidro, as infiltrações pela borracha, etc.
Não vou muito fora de que se poupe nos postos de trabalho para reduzir custos de produção.
Mas há limites.
Se é assim, não deveria haver tantos modelos diferentes, porque não é possível testar a sua segurança em tempo útil entre o inicio do projeto e o inicio da venda. Com tantos modelos a serem lançados para a selva da concorrencia entre fabricantes, é impossivel evitar o aparecimento de falhas contra a segurança durante a vida util do modelo.
Realmente, assim se vê como o marketing pode dar cabo de uma marca.
Com boas intenções, claro.
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