Não sou fã de Manuel Maria Carrilho, mas parece-me de grande valor o diagnóstico que faz da realidade portuguesa (não quer dizer que seja exaustivo) no seu recente livro, identificando, segundo a reportagem do DN sobre o lançamento do livro, 3 falhas principais :
- a política do betão (as empresas portuguesas revelam boa capacidade construtiva, mas o planeamento das infraestruturas sociais é deficiente e não é integrado em termos de organização do território)
- o deslumbramento tecnológico e novo-rico (governos e cidadãos são demasiado sensíveis à imagem, aos bens de consumo e às modas gestionárias)
- falta de debate (aqui devo recordar que Manuel Maria Carrilho foi o autor da unica referencia que vi, nos meios de comunicação social, ao livro "A sabedoria das multidões"; este facto é sintomático, num país com dificuldades de organização, da dependencia em que nos encontramos de grupos que se consideram detentores da sabedoria, vedando aos cidadãos o acesso ao debate e à resolução coletiva dos problemas).
E mais afirmou o autor:
- que a introdução do Magalhães nas escolas não parece ter melhorado a capacidade de raciocínio matemático das crianças
- que, a nível dos decisores, existe grande dificuldade em ligar os atos às consequências, donde advem autoritarismo e tentativas de ocultação
Como ele costuma dizer, "vivemos assim, mas não devíamos".
Pena faltar, quanto a mim, a Manuel Maria Carrilho, alguma formação no campo da cultura científica, para que, como diz o professor Carvalho Rodrigues, a ciência pudesse entrar na equação.
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