Tal como anunciado, começou a temporada de ópera no S.Carlos com Dona Branca, baseada em poema de Almeida Garret.
Trata-se de um bom espetáculo, próximo do modelo da grande ópera francesa, incluindo personagens históricas numa trama romântica e irrealista.
Não pôde ser apresentado na temporada anterior porque, dizem as más línguas e não vale a pena querer provar que foi assim, o então diretor (posteriormente demitido pela senhora ministra da cultura) considerou não ter sido atingida a qualidade mínima, nomeadamente no que dizia respeito ao tenor.
Vicissitudes agora ultrapassadas, embora eu aplauda a atitude do ex-diretor. Avaliou a produção da ópera e verificou que não ia ficar concluida com a qualidade minima no calendário anunciado. Cancelou e reprogramou-a para a temporada seguinte.
Foi o que eu sempre defendi.
Quando não era possível ter os fornecimentos de todas as especialidades necessárias para o funcionamento de uma linha de metropolitano minimamente concluidos e ensaiados, a minha proposta era adiar até que o estivessem.
Raramente aconteceu como eu propunha. Resultado: o prolongamento das intervenções já depois dos comboios a circular.
Já repararam há quanto tempo os comboios circulam da estação do Oriente até S.Sebastião e ainda faltam 6 meses para se acabarem as obras à superfície? Já imaginaram o que pensarão os moradores? (é verdade que numa cidade em desertificação acelerada há poucos moradores na Avenida Duque de Ávila, mas ainda há alguns).
Mas não recaem as culpas exclusivamente no Metropolitano de Lisboa.
Neste caso revelou-se publicamente a grande dificuldade que existe em coordenar os trabalhos com a Camara Municipal de Lisboa.
Tal como a Dona Branca, uma ópera portuguesa em que o autor recordou o Algarve do século XIII, ameaçado pelo avanço militar da ordem de Santiago, pondo na boca de uma das personagens árabes: "Loucura! O Algarve está reduzido à desgraça extrema" .
Talvez quisesse fazer o paralelismo com a situação de Portugal no fim do século XIX...ele, o autor da ópera.
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