O senhor professor Daniel Bessa deu uma conferencia na Guarda, especialmente dedicada a industriais texteis.
O senhor professor, ex-ministro, merece consideração por ter sido, juntamente com o senhor professor Medina Carreira, dos poucos economistas que explicaram, publicamente, que a estabilidade de preços implica o aumento do desemprego (diminuindo o poder de compra diminui a procura e os preços baixam).
Nesta conferencia apresentou uma ideia válida, qual seja a de isentar de IRC os lucros que forem reinvestidos em atividades produtivas (curioso, a atividade económica paralela também está isenta de IRC).
Porém, quando confrontado com a informação de um dos industriais texteis de que o aumento das exportações de texteis não iria equilibrar a balança de pagamentos, porque temde importar matérias primas , nomeadamente fibras texteis, respondeu que era melhor que nada porque sempre se exportava valor acrescentado.
Este caso é dramático, conforme já referido neste blogue, porque as principais exportadoras portuguesas têm de importar mais em matérias primas (em valor) do que o que ganham em valor acrescentado exportado. Caso exemplar é a Auto Europa, cuja balança de pagamentos é negativa. Isto é, as nossas exportações deveriam incorporar mais matérias primas internas ou aumentar o valor acrescentado incorporado.
Pessoalmente eu esperaria que o senhor economista tivesse recomendado: então vamos instalar fábricas de fibras texteis em Portugal ou negociar preços especias com os produtores das matérias primas.
Mas não foi isso que o senhor economista disse aos seus ouvintes.
Continuo a acreditar mais no guru dos anos 80, Drucker, que recomendou uma valente especialização nos grupos de produtos tradicionais, de grande incorporação nacional.
Mas será nostalgia da minha parte.
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