sexta-feira, 28 de maio de 2010

Make love, not war – Reflexão na leitura de uma bula

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Leio pacientemente a bula do Benestan (Alfuzosina) que o afável clínico me receitou para combater a HPB (hipertrofia prostática benigna).

Aprendo o que é um bloqueante alfa 1 dos recetores da adrenalina nos músculos.

A adrenalina força a contração dos músculos garantindo a energia para responder às necessidades de esforços físicos ou mentais (mesmo que o organismo não tenha capacidade para suportar o dispêndio dessa energia).

Músculos contraídos também contraem as artérias e surge a hipertensão.

Despejando a alfuzosina na circulação sanguínea, os seus componentes comportam-se como inibidores da adrenalina à chegada aos músculos e as artérias relaxam, evitando a hipertensão; e também relaxam as tubagens que asseguram a circulação dos outros líquidos e fluidos vitais.

Ah! Agora compreendo a relação entre a investigação dos novos medicamentos anti-hipertensores e o florescimento do mercado do sildenafil, tadalafil e vardenafil inibidores da fosfodiesterase PDE5.

E tento estabelecer correlações.

Se a adrenalina é necessária aos grandes generais, aos grandes políticos, aos grandes chefes religiosos, aos grandes empresários, para que tenham energia para impor o modelo a seguir pelos mortais comuns, isso quer dizer que todas as artérias e veias, as principais e as de distribuição epidérmica, e as vias de fluidos dos senhores em causa estão contraídas, sob pressão muscular.

Não poderão portanto tais líderes carismáticos mostrar indicadores normais das funções dos respetivos aparelhos afetados por essa compressão, pelo menos enquanto estiverem profundamente envolvidos nas suas guerras.

E precisarão de um período refratário, longe da guerra, para retomarem os valores normais desses indicadores.

Talvez que nestes tormentosos tempos de economia controversa as linhas de orientação devessem passar menos pelo conflito do que pela paz, pela compreensão e pela capacidade de concessão.

Talvez não seja o melhor caminho impor modelos, porque a imposição gera o espírito da guerra.

Nem parecerá grande coisa ser-se apresentado por qualquer meio de comunicação social como um grande triunfador ou um caso de sucesso conseguido após grandes lutas.

E ganha assim um novo valor, agora fundamentado na investigação químico-farmacèutica, a velhinha expressão “Make love, not war”, afinal porque, parece, quem faz a guerra não pode fazer o amor.



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