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Hesito um pouco antes de abrir a porta do meu gabinete, detendo a mão no manípulo.
Será que, ao entrar, vou ver-me a mim próprio, sentado à minha secretária?
Estarei a despachar assuntos, teclando no programa de gestão de documentos, ou trocando impressões com algum dos meus colaboradores, ou , o que seria muito melhor, com uma das jovens colegas dos recursos humanos?
Vem-me ao pensamento a frase de Pirandello: “algures, pode ser que alguém viva o que julga viver, mas aqui por onde andamos, ninguém habita realmente o corpo que os outros vêem.”
Abro a porta, o gabinete está vazio.
Não estava sentado à minha secretária.
Pirandello também não.
Não se concretizou a visita.
Pelo menos assim parece.
Sento-me e escrevo isto.
Mas terá ficado escrito?
Terá sido lido?
Não estou seguro.
Tudo isto a propósito de uma peça de Pirandello:
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=369678&visual=26&rss=0
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